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ID
2539024
Banca
FEPESE
Órgão
SES-SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Fundamental é chegar ao essencial


“Por que eu preciso morar em grandes cidades, viver desesperado dentro de um carro para lá e para cá, restringir imensamente meu tempo de convivência com as pessoas de que eu gosto, reduzir o meu ócio criativo para ficar num lugar onde vão me oferecer apenas e tão somente dinheiro?”Essa é uma dúvida que provavelmente atravessou muitas pessoas no trajeto de ida ou de volta do trabalho.

Para alguns, a resposta a esse questionamento poderia vir de pronto: “Porque sem dinheiro não se vive”. Sim, sem dinheiro não se vive, mas só com dinheiro não se vive. Há uma mudança em curso no mundo do trabalho. As pessoas estão começando a fazer uma distinção necessária entre o que é essencial e o que é fundamental.

Essencial é tudo aquilo que você não pode deixar de ter: felicidade, amorosidade, lealdade, amizade, sexualidade, religiosidade. Fundamental é tudo aquilo que o ajuda a chegar ao essencial. Fundamental é o que lhe permite conquistar algo. Por exemplo, trabalho não é essencial, é fundamental. Você não trabalha para trabalhar, você trabalha porque o trabalho lhe permite atingir a amizade, a felicidade, a solidariedade. Dinheiro não é essencial, é fundamental. Sem ele, você passa dificuldade, mas ele, em si, não é essencial. O que eu quero no meu trabalho é ter a minha obra reconhecida, me sentir importante no conjunto daquela obra. Essa visão do conjunto da obra vem levando muitas pessoas a questionar o que, de fato, estão fazendo ali.

Isso não é exclusivo do mundo do trabalho, mas vale para a vida em geral. Nós estamos substituindo paulatinamente a preocupação com os “comos” por uma grande demanda em relação aos “porquês”. O nosso modo de vida no Ocidente está em crise e algumas questões relevantes vêm à tona: a compreensão sobre a nossa importância, o nosso lugar na vida, o que vale e o que não vale, qual é o próprio sentido da existência. Afinal de contas, a ciência nos prometera há cem anos que, quanto mais tecnologia, mais tempo livre haveria para a família, para o lazer, para a amorosidade.

Ora, durante os últimos cinquenta anos se trabalhou em busca de um lugar no mundo do fundamental: a propriedade, o consumo. Isso não satisfaz a nossa necessidade de reconhecimento, de valorização. Hoje temos um fosso entre o essencial e o fundamental, que leva as pessoas a ficarem absolutamente incomodadas: “Por que eu estou fazendo isso?” E a nossa lista dos “porquês” foi sendo substituída pela lista dos “apesar de”: “Apesar do salário...”, “Apesar das pessoas...”, “Apesar desse ambiente, eu faço”. É muito diferente de se ter razões para fazer. Quando há a razão de um lado, o senão de outro, e a balança começa a pesar para a senão, indagamos: “Qual a qualidade da minha vida?”

CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. 11 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 63-65. [Adaptado]

Leia as afirmativas abaixo, considerando-as em relação ao texto.


1. A palavra sublinhada em “Essa é uma dúvida que provavelmente atravessou...” (primeiro parágrafo) e “Hoje temos um fosso entre o essencial e o fundamental, que leva as pessoas... (5°parágrafo) está funcionando como pronome relativo nos dois casos.

2. Em “Sem ele, você passa dificuldade, mas ele, em si, não é essencial.” (3° parágrafo) e “Isso não é exclusivo do mundo do trabalho, mas vale para a vida em geral.” (4° parágrafo), a conjunção “mas” é usada, em ambos os casos, para invalidar o conteúdo exposto na oração que precede o referido conector e introduzir um argumento contrário.

3. A locução verbal sublinhada em “Essa visão do conjunto da obra vem levando muitas pessoas...” (terceiro parágrafo) poderia ser substituída por tem levado, sem prejuízo no significado e sem ferir a norma culta da língua escrita.

4. Em “a ciência nos prometera” (4° parágrafo), a forma verbal sublinhada poderia ser substituída por “tinha prometido” sem prejuízo no significado temporal e sem ferir a norma culta da língua escrita.

5. Em “ uma mudança em curso” (2° parágrafo) e “ cem anos” (4° parágrafo), o verbo haver é impessoal e tem significado existencial.


Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

Alternativas
Comentários
  • 2. Em “Sem ele, você passa dificuldade, mas ele, em si, não é essencial.” (3° parágrafo) e “Isso não é exclusivo do mundo do trabalho, mas vale para a vida em geral.” (4° parágrafo), a conjunção “mas” é usada, em ambos os casos, para invalidar o conteúdo exposto na oração que precede o referido conector e introduzir um argumento contrário. (Errado) As conjunções adversativas, como o mas, porém, contudo, todavia, entretanto, introduzem uma oposição, no entando está errado  afirmar que invalidam o conteúdo exposto nas orações que as precedem!

     

    5. Em “Há uma mudança em curso” (2° parágrafo) e “há cem anos” (4° parágrafo), o verbo haver é impessoal e tem significado existencial.(Errado) No 2º parágrafo o verbo haver realmente tem sentido existencial e é impessoal, já no 4º parágrafo não tem sentido existencial e sim de tempo decorrido: "Faz cem anos" .

     

  • Vem levando por tem levado? 

  • Complementando:

    O segundo "Mas" tem sentido aditivo e não adversativo.

  • estranho esse gabarito

  • ????????????????????????

     

    ele tinha prometido > Pretérito mais-que-perfeito composto

    prometera >>> retérito mais-que-perfeito simples

     

    (que) Vem levando por tem levado (Pretérito perfeito composto)? Muda o sentido, muda o tempo.... 

     

  • o segundo mas é adversativo sim, ele vai de frente com o verbo "exclusivo". é questão de interpretação, pois adcionando algo também esta indo contra.... mas acredito ser errada devido ao fato do "invalidar".

     

  • Notifiquem o erro ao QC referente a falta do termo SUBLINHADO nas questões 

  • Com o verbo "EXCLUSIVO"??

  • “Sem ele, você passa dificuldade, mas ele, em si, não é essencial.” (3° parágrafo) e “Isso não é exclusivo do mundo do trabalho, mas vale para a vida em geral.” (4° parágrafo), a conjunção “mas” é usada, em ambos os casos, para invalidar o conteúdo exposto na oração que precede o referido conector e introduzir um argumento contrário.

    Na verdade, a expressão MAS, só invalida o conteúdo precedente na primeira oração.

  • esse "Tinha Prometido" ae me pegou bonito, excluí de cara.. e me lasquei :/

  • Resposta: Letra D. 

  • Alguém pode explicar porque a 3 e a 4 estão corretas. 

  • A 5 dá de matar logo de cara, o que torna mais facil a resolução da questão . Tem que buscar os atalhos

  • Questão muito confusa. Indiquei para comentário.

  • cem anos, -> tem sentido de  tempo decorrido.

     

  • 1. A palavra sublinhada em �Essa é uma dúvida que provavelmente atravessou...� (primeiro parágrafo) e �Hoje temos um fosso entre o essencial e o fundamental, que leva as pessoas... (5°parágrafo) está funcionando como pronome relativo nos dois casos.

    CERTO: O PRIMEIRO QUE É RELATIVO LIGANDO DUAS IDEIAS E O SEGUNDO REMETENDO A ALGO PRECEDITO

    2. Em �Sem ele, você passa dificuldade, mas ele, em si, não é essencial.� (3° parágrafo) e �Isso não é exclusivo do mundo do trabalho, mas vale para a vida em geral.� (4° parágrafo), a conjunção �mas� é usada, em ambos os casos, para invalidar o conteúdo exposto na oração que precede o referido conector e introduzir um argumento contrário.

    ERRADO: O MAS E ADVERSATIVO E NAO "INVALIDADOR"

    3. A locução verbal sublinhada em �Essa visão do conjunto da obra vem levando muitas pessoas...� (terceiro parágrafo) poderia ser substituída por tem levado, sem prejuízo no significado e sem ferir a norma culta da língua escrita.

    CERTO: ESSA SUBSTITUIÇÃO PODE SER FEITA D� A MESMA IDEIA TEMPORAL 

    4. Em �a ciência nos prometera� (4° parágrafo), a forma verbal sublinhada poderia ser substituída por �tinha prometido� sem prejuízo no significado temporal e sem ferir a norma culta da língua escrita.

    CERTO: ESSA SUBSTITUIÇÃO PODE SER FEITA D� A MESMA IDEIA TEMPORAL 

    5. Em �Há uma mudança em curso� (2° parágrafo) e �há cem anos� (4° parágrafo), o verbo haver é impessoal e tem significado existencial.

    ERRADO:O PRIMEIRO H� TEM SENTIDO DE EXISTIR O OUTRO É DE TEMPO DECORRIDO

  • Pra quem assim como eu se confundiu se o que da afirmativa 1 era conjunção integrante ou pronome relativo, seguem alguns exemplos

     

    É necessário que você venha ao meu encontro. ->
    que não funciona substituindo um substantivo (não é pronome relativo) e liga duas orações, sendo conjunção integrante

    é necessário -> oração principal
    você venha ao meu encontro -> oração subordinada

    As palavras que foram rispidamente proferidas causaram aborrecimentos. (que = as quais -> pronome relativo)

  • Boa noite!

     

    1) CERTO - "a qual" retomando dúvida, e "o qual" retomando fosso.

    2) ERRADO - (...) mas vale para vida em geral. Ideia de adição = e também.

    3) CERTO - Vem levando (locução verbal) sentido de continuidade próprio do gerúndio. Tem levado (pretérito perfeito composto - TER + PARTICÍPIO), denota ação iniciada no passado com continuidade no presente.

    4) CERTO - prometera (pret. mais-que-perfeito), tinha prometido ( pret. mais-que-perfeito composto -TER + PARTICÍPIO).

    5) ERRADO - há sentido de existir, e há sentido de fazer.

    Gabarito - D

  • essa questão do tem levado por vem levando já foi apresentada em outra questão dessa banca e ela mesma considerou errada. pqp msm