SóProvas


ID
2559871
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRE-RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Uma hora de relógio

                                                                                                                            (Gregório Duvivier.)


      O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão “hora no relógio” – na Bahia, diz-se “hora de relógio”. Nesse momento um suíço ou um inglês tem uma síncope. “Existe alguma hora que não seja de relógio?”

      Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas. Na expressão “espera só meia horinha”, “meia horinha” costuma demorar duas horas de relógio, enquanto na frase “tô te esperando há horas”, “horas” pode significar só “meia horinha” de relógio. Por isso a importância da expressão “de relógio”: na hora do relógio, cada um dos minutos dura estranhos 60 segundos de relógio – não confundir, claro, com os segundinhos e os minutinhos, que podem durar horas de relógio. “O senhor tem cinco minutinhos?” “Tenho – mas no relógio só tenho uns dois”.

      Sim, o diminutivo muda tudo. Quando se marca “de manhãzinha”, é no início da manhã, de oito às dez, mas se por acaso marcarem “de tardinha”, estarão se referindo ao fim da tarde, de cinco às sete. Nada é tão simples: de noitinha volta a ser no início da noite, tornando tardinha e noitinha conceitos intercambiáveis. Que cara é essa, amigo saxão? Você mede comprimento com pés e polegadas.

Não pense que para por aí: tem surgido, cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio. Ouvi de uma amiga: “outro dia te vi todo correndinho na Lagoa”. Nada mais ridículo do que achar que se estava correndo e descobrir que só se estava correndinho. Esse é o meu problema com esportes: só chego nos diminutivos. Não chego a me exercitar, só fico me exercitandinho. Antes disso, fico alongandinho. E depois reclamandinho. Diz-se de um casal que começa a namorar que ambos estão namorandinho – no entanto, não se diz que um homem que começa a morrer já está morrendinho.

      O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho. Por isso pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais “adolescentezinho”. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais “atendentinho de telemarketing”. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de “queridinho”, querem é que você exploda.

      Foi o Ricardo Araújo Pereira quem atentou para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios. “É devagar, é devagar, devagarinho”, diz o poeta Martinho – que carrega o diminutivo no nome. Deve ser coisa nossa, pensei, orgulhoso, até ouvir “despacito”, o “devagarinho” deles. Estranhamente, o vocalista fala mil palavras por minuto – de relógio. Prefiro o Martinho.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2017/07/1899750-na-hora-do-relogio-cada-minuto-dura-estranhos- 60-segundos-de-relogio.shtml.)

Considerando as informações e o modo como tais informações são levadas ao texto, pode-se afirmar que o tema central do texto é

Alternativas
Comentários
  • Letra A

    ... tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão ...

    ... cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio.

    ...para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios.

  • a) a imprecisão linguística do brasileiro. ACERTO! AE MIZERAVI E VC MSM QUE QUERIA

     

     b)a dicotomia tempo cronológico/tempo psicológico. ATE FALA SOBRE ESSAS COISAS DE TEMPO NE, MAS NAO SERA A IDEIA CENTRAL 

     

     c) o contraste entre certas culturas europeias e a brasileira. OI? AM? QUE? ONDE? FOI? SERIO? MENTIRA! E AINDA VI GENTE MARCA ISSO, COMO ASSIM CARA. E GRAVE VIO?

     

     d)o inadequado uso de um recurso morfológico do português pelos brasileiros. ATE FALA DO uso de um recurso morfológico, MAS NAO DE FORMA ERRADA

  • Po. Marquei letra D na prova e agora marquei a letra A. Tenho que aprender a lidar com a pressão.
  •  a) a imprecisão linguística do brasileiro.- CERTO. 

     

     b)a dicotomia tempo cronológico/tempo psicológico. - ERRADO. O autor faz uma breve relação sobre esse tema, mas a ideia central não está relacionada a essa relação de tempo. A prova disso se confirma quando ele fala sobre outro aspecto da língua, o uso de diminutivo em palavras no gerúndio. "amandinho, queridinha, etc".

     

     c) o contraste entre certas culturas europeias e a brasileira. - ERRADO. O texto nem fala sobre isso. 

     

     d)o inadequado uso de um recurso morfológico do português pelos brasileiros. - ERRADO. O autor até relata o uso inadequado de um determinado recurso morfológico, mas a ideia central é expor a imprecisão da nossa língua. Exemplo disso se demonstra,quando o autor fala sobre o termo "meia horinha", que pode corresponder a 1 hora ou 5 minutos. 

  •     O tema central do texto é a diferença da percepção psicológica do tempo e da duração real do tempo no relógio. Daí o tempo “hora de relógio”, como expressão de “hora real, hora objetiva”, não psicológica. Entendo que o gabarito deveria ser a letra B, mas a banca entende que o tema central é “imprecisão linguística”. Pelo contrário, cada uso do diminutivo é muito bem compreendido no seu sentido exato, há variação de usos, não imprecisão.

    GABARITO LETRA A

     

    FONTE : PROFESSOR FELIPE LUCCAS .

  • O texto começa falando sobre a diferença entre hora do relógio e hora psicológica e termina falando sobre a mania de colocar certas palavras no diminutivo. Tudo isso para demonstrar como é  a imprecisão linguística do brasileiro. 

    É a mesma coisa que começar um texto falando sobre jacaré e terminar falando sobre alface, o tema central não é jacaré nem alface, mas sim  seres vivos ...

  • A banca usa o termo "imprecisão linguística" para dar um tom de "erros gramaticais" o que não é verdade, não é o que o texto fala nem de longe.

     

    Gabarito Letra A)

  • Essa prova pra mim foi estilo Harvard!!! "nossinhora"

    Estava entre a alternativa A e D, mas fui na A 

  • Discordo do gabarito. Não há imprecisão linguística, pois os diminutivos, seja para indicar afeto ou no sentido pejorativo, atingem perfeitamente seus propósitos. Concordo completamente com a explicação do professor Felipe Luccas, dada por meio do comentário do colega César Concurseiro.

  • Considerando as informações e o modo como tais informações são levadas ao texto, pode-se afirmar que o tema central do texto é 

     a) a imprecisão linguística do brasileiro. (É MENCIONADO EM TODOS OS PARÁGRAFOS)

     b)a dicotomia tempo cronológico/tempo psicológico. (2º PARÁGRAFO)

     c)o contraste entre certas culturas europeias e a brasileira.(1º e 3º PARÁGRAFOS)

     d)o inadequado uso de um recurso morfológico do português pelos brasileiros. (ÚLTIMO PARÁGRAFO)

     

    FONTE: PROF. TEREZA CAVALCANTI

  • E não anularam.... questão bosta

  • Justificativa da Consulplan para o gabarito: A resposta correta é a letra A, porque banana não tem caroço e bicicleta azul voando sempre tem uma figura oculta atrás, que é um cachorro.

  • provas de concursos nao testam o conhecimento.

  • Questões de interpretações  de textos só deveriam existir com o aval do autor.

    Não acredito que fazendo uma porrada de questões vc vai melhorar.

    Cada examinador (pf)  tem sua impressão particular e cabe a nós adivinharmos qual é.

    Ou seja, temos que fazer a interpretação da interpretação do examina DOR.

    Que o diga Nando Reis!

  • Tomei uma Surra dessa Prova que dói até hoje.

  • Em nenhum momento, o autor faz menção à dicotomia tempo cronológico (ou tempo real) e tempo psicológico (a percepção que se tem do tempo) (alternativa C). Quando diz, por exemplo, que “‘meia horinha’ costuma demorar duas horas de relógio”, o autor não remete à forma com que alguém pode vir a perceber a passagem de determinado período, mas à imprecisão linguística da expressão, que, embora remeta à metade de uma hora, pode dizer respeito a um tempo muito superior a isso. As colocações que faz nesse bloco informativo do texto pode até levar o leitor a imaginar a diferença entre tempo cronológico e tempo psicológico, no entanto o autor não entra nesse mérito; nada em suas palavras conduz a uma discussão de tal natureza.

     

    Da mesma forma, o autor não entra no mérito do julgamento se o uso do diminutivo, recurso morfológico do português brasileiro (alternativa D), seria correto ou não, adequado ou não (alternativa D), ele apenas explica o que ele pode significar. Não se pode perceber julgamento acerca disso em seu discurso, o que existe é uma explicação pura e simples do que tal recurso pode vir a significar. Além disso, embora as suas explicações não sejam imprecisas (se fossem, se trataria de um mal texto e não circularia em um jornal/portal de grande prestígio e abrangência no Brasil), o uso pelos brasileiros das expressões discutidas são imprecisas, afinal “segundos”, por exemplo, podem, de acordo com o texto, significar “minutos” e, até mesmo “horas”. Isso é um caso de imprecisão, já que “segundos” não se referiria precisamente a “segundos”, mas a outras unidades de medida de tempo.

     

    No que diz respeito aos termos que compõem a alternativa correta (A), a sua composição está adequada. O termo imprecisão não possui, a priori, nenhuma carga negativa. O próprio Houaiss o define como o “caráter daquilo que é impreciso”, e ser impreciso não é, a princípio algo negativo, mas sem exatidão, vago, que é exatamente como se apresentam as expressões temporais do português discutidas pelo autor (haja vista que, de acordo com o mesmo, segundos podem durar horas). No que concerne à pertinência do uso do adjetivo “linguística”, observa-se que as observações do autor dizem respeito, principalmente, aos aspectos semântico e pragmático (relativo ao uso) das expressões discutidas. Como se sabe, esses âmbitos são aspectos linguísticos, pois, juntamente com outros, compõem a linguagem verbal humana (objeto de estudo de uma ciência cujo nome deriva disso, a Linguística). Assim, a expressão “imprecisão linguística” atende perfeitamente à indicação do tema solicitada pela questão. Por essas razões, os recursos se mostram IMPROCEDENTES e o gabarito deve ser mantido como A.

  • Recurso Improcedente. Ratifica-se a opção divulgada no gabarito preliminar

    A questão é clara em recortar como seu foco o tema central do texto, e não todas as subtemáticas, ou figuras (cf. SAVIOLI E FIORIN, 2007, p. 72), que nele convergem (em torno de seu tema central). Tais autores (op. cit.) diferenciam aquele (o tema) destes (as figuras), afirmando que os elementos concretos levados ao texto dizem respeito às suas figuras e os elementos abstratos (ou seja, as informações mais genéricas, mais gerais) se relacionam ao(s) seu(s) tema(s). Isso quer dizer que o tema de um texto é o que há em comum (pois, geral) a todas as informações que nele convergem. É aquilo que lhe confere unidade.

     

    Considerando tais aspectos, o tema central do texto de Gregório Duvivier, isto é, aquilo que relaciona todas as informações a ele levadas é exatamente o conteúdo da alternativa A, “a imprecisão linguística do brasileiro”, uma vez que todos os demais eixos informativos servem justamente para explicar tal imprecisão. Por exemplo, em vários momentos do texto, o autor chega a citar, de maneira jocosa inclusive, a diferença entre culturas europeias e a brasileira (alternativa B) para ilustrar e caracterizar aquilo que é tema do texto – a imprecisão linguística do brasileiro (que diverge, por exemplo, do inglês em tal aspecto). Isso, entretanto, é apenas figura, e não tema do texto (cf. SAVIOLI E FIORIN, 2007, p. 71-73).

  • Texto do Gregório Duvivier, negócio é tão sem sentido que nem ele deve saber qual é o tema central. E a banca ainda cobra coesão e coerência nas redações

  • Me dá agonia ler texto deste Duvivier..até errei essa porra na prova! kk =/

  • Ah... consulSPAM 

  • NOTA-SE O DESCASO COM O CONCURSO PUBLICO EM ANULAR 2 QUESTÕES EM 10?!! ISSO QUE É COMPETENCIA!!!

  • Pessoal, 

    Essa questão de tema central é realmente difícil. Segue abaixo o meu entendimento acerca do assunto (alguns trechos foram retirados do livro: Interpretação de Textos e Semântica para concursos - Editora Elsevier)

     

    "Quando lemos um texto, podemos identificar que cada um dos parágrafos do desenvolvimento apresenta uma ideia principal, também chamada de pequena tese, articulada diretamente com o assunto central do texto (tese geral ou grande tese)."

     

    O tema central do texto, geralmente, é apresentado na primeira frase do primeiro parágrafo, mas tome cuidado, pois o tópico pode ser um período no meio do parágrafo, ou mesmo no final. E ainda, apesar de ser mais raro, é bom lembrar que também não é obrigatório o tópico frasal que contém a ideia central ocorrer no primeiro parágrafo."

     

    Partindo deste entendimento, creio que o gabarito está de acordo com a ideia apresentada no 1° parágrafo: 

     

    "O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão “hora no relógio” – na Bahia, diz-se “hora de relógio”. Nesse momento um suíço ou um inglês tem uma síncope. “Existe alguma hora que não seja de relógio?”

     

    Ou seja, para o brasileiro o termo "hora" é realmente impresciso, haja vista que pode se referir a hora do relógio ou a previsão de tempo que "nós" estabelecemos como "meia horinha" ou "cinco minutinhos".

     

    Obs.: nas questões de tema central sempre faço um correlação das alternativas com o 1° parágrafo, mas cuidado, pois o tema central poderá estar definido no meio do texto e não no 1° parágrafo.

  • achei engraçado, pois na letra A há uma generalização, e uma banca não pode colocar isso na alternativa correta... consulplan, pra mim, é uma banca sem banca!

  • O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho.

    Recursozinho.. Anulaçãozinha...  

  • A resposta começa no segundo parágrafo e se confirma no terceiro parágrafo onde diz que "Nada é tão simples: ..." referindo a imprecisão linguística.