SóProvas


ID
2559874
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRE-RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                           Uma hora de relógio

                                                                                                                            (Gregório Duvivier.)


      O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão “hora no relógio” – na Bahia, diz-se “hora de relógio”. Nesse momento um suíço ou um inglês tem uma síncope. “Existe alguma hora que não seja de relógio?”

      Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas. Na expressão “espera só meia horinha”, “meia horinha” costuma demorar duas horas de relógio, enquanto na frase “tô te esperando há horas”, “horas” pode significar só “meia horinha” de relógio. Por isso a importância da expressão “de relógio”: na hora do relógio, cada um dos minutos dura estranhos 60 segundos de relógio – não confundir, claro, com os segundinhos e os minutinhos, que podem durar horas de relógio. “O senhor tem cinco minutinhos?” “Tenho – mas no relógio só tenho uns dois”.

      Sim, o diminutivo muda tudo. Quando se marca “de manhãzinha”, é no início da manhã, de oito às dez, mas se por acaso marcarem “de tardinha”, estarão se referindo ao fim da tarde, de cinco às sete. Nada é tão simples: de noitinha volta a ser no início da noite, tornando tardinha e noitinha conceitos intercambiáveis. Que cara é essa, amigo saxão? Você mede comprimento com pés e polegadas.

Não pense que para por aí: tem surgido, cada vez mais frequente, o diminutivo do gerúndio. Ouvi de uma amiga: “outro dia te vi todo correndinho na Lagoa”. Nada mais ridículo do que achar que se estava correndo e descobrir que só se estava correndinho. Esse é o meu problema com esportes: só chego nos diminutivos. Não chego a me exercitar, só fico me exercitandinho. Antes disso, fico alongandinho. E depois reclamandinho. Diz-se de um casal que começa a namorar que ambos estão namorandinho – no entanto, não se diz que um homem que começa a morrer já está morrendinho.

      O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho. Por isso pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais “adolescentezinho”. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais “atendentinho de telemarketing”. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de “queridinho”, querem é que você exploda.

      Foi o Ricardo Araújo Pereira quem atentou para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios. “É devagar, é devagar, devagarinho”, diz o poeta Martinho – que carrega o diminutivo no nome. Deve ser coisa nossa, pensei, orgulhoso, até ouvir “despacito”, o “devagarinho” deles. Estranhamente, o vocalista fala mil palavras por minuto – de relógio. Prefiro o Martinho.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2017/07/1899750-na-hora-do-relogio-cada-minuto-dura-estranhos- 60-segundos-de-relogio.shtml.)

Tendo em vista as suas características semânticas e formais, o texto de Gregório Duvivier visa, principalmente,

Alternativas
Comentários
  • Letra B

     

     Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas. 2§

  • Explicar um conheciento?

    Vejo o autor do primeiro ao último parágrafo narrando fatos do cotidiano.

    É muito fácil achar um argumento pra comentar e justificar o gabarito quando ja se sabe qual é a alternativa considerada pela banca.

  • Esquisita essa questão, fui de C, pelo texto achei que ele estivesse argumentando sobre como o brasileiro é um povo tão fluido, que coloca diminutivo até em advérbios e em gerúndios.

  • Eu tava com toda certeza que era letra A, esse texto não tá explicando conhecimento nenhum.

  • O texto é uma crônica, narra fatos cotidianos observados pelo autor. No caso, ele narra aspectos linguísticos do diminutivo para mostrar que o diminutivo pode assumir vários sentidos, então a banca entende que ele “explica um conhecimento”. Entendo que o texto está mais para narrativo com opinião embutida, ou predominantemente argumentativo. O texto ser só “expositivo” não parece um gabarito realista diante do que foi exibido.

    Gabarito letra B.

     

    FONTE : PROFESSOR FELIPE LUCCAS  

  • Até o próprio autor, Gregório Duvivier, diria que o texto é uma crônica. E a proposta de toda e qualquer crônica é "narrar fatos do cotidiano" (gabarito A). Só a Consulplan é que não sabe disso. Banca ridícula! Recurso neles!

  • Sou obrigado a discordar dos colegas que comentam a letra B como resposta...

  • Para mim a resposta deveria ser letra "A", afinal de contas ele passou o texto inteiro narrando fatos cotidianos. Posso até aceitar que ele explique algum conhecimento ao longo do texto, mas a questão pede que marquemos o que ele visa principalmente. E, diferentemente da banca, ele visa principalmente narrar fatos do cotidiano de todo brasileiro.

  • Sacanagem isso aí, acho que ando lendo textos sem saber o que são. Como se diz que um texto desses, tirando de uma coluna, não é uma crônica?

    Ou será que o vocativo: "Caro amigo, existe uma imensa variedade de horas." foi suficiente para demonstrar claro e precisamente que ele queria "explicar um conhecimento". Alguém me ajuda, não consigo concordar com esta interpretação.

  • Mas gente! Ainda bem que errei como a maioria, porque maluco é esse gabarito e não eu! rsrs

  • Mais alguém fica o tempo todo para trocarem logo os caras que elaboram as provas de português da Consulplan?

  • Explicar um conhecimento? Essa Consulplan está de brincadeira...

  • Tomei um esporro uma vez por fica questionando banca, então aceita e tenta entender como a banca pensa... dentre as alternativas a letra B é a mais coerente, por quê? O autor EXPLICA como o diminutivo é usado populamente.

  • E não anularam....

  • CONSULPLAN é uma banca de merda!!! desculpa a palavra galera, mas já fiz concurso dela e fiz tb aqui no qc vários exercícios todo mundo reclama nessas interpretações bizarradas deles. E o pior mesmo comprovadamente errado eles não anulam. Prova dessa banca é só JESUS NA CAUSA!

  • Lucas, Eu também detesto essa banca,horrivel já fiz concurso dela também e foi uma experiência pra nunca mais, se anunciarem ela como a banca do concurso tô fora.

  • Na minha opinião este texto é uma crônica, que a descrição da letra A. Entretanto, a banca manteve o gabarito como letra B, mesmo após recursos. Consulplan é complicada!

  • Concordo com todos que afirmam que o texto é uma crônica devido ao conto dos fatos cotidianos.

    Entretanto, o comando da questão diz:  "Tendo em vista as suas características semânticas (o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto) e formais..."

    Sendo assim, o objetivo principal do texto é sim explicar um conhecimento, que, alías, pode ser ratificado pelas seguinstes expressões:

    "O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho."

    "Foi o Ricardo Araújo Pereira quem atentou para o fato de que pomos o diminutivo em advérbios."

  • No plano micro textual, percebe-se a predominância de sequências expositivas, haja vista que o texto se sustenta a partir de exposições sintéticas (tal como em “O tempo pro brasileiro é tão fluido que a gente inventou a expressão ‘hora no relógio’”, “existe uma imensa variedade de horas”) e analíticas (“existe uma imensa variedade de horas”, “O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho”) (cf. MARCUSCHI, 2001, p. 28), comuns a textos predominantemente expositivos, ou explicativos. O que aparece entre tais exposições são as suas próprias definições. O quinto parágrafo é um claro exemplo disso: há, na sua introdução, a postulação “O diminutivo costuma recair sobre coisas pelas quais a gente tem ao menos um pouco de carinho” e os períodos que lhe seguem explicam a posição apresentada, exemplificando-a, restringindo-a, elucidando-a – “Por isso pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais ‘adolescentezinho’. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais ‘atendentinho de telemarketing’. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de ‘queridinho’, querem é que você exploda.”.

     

    Em um nível macro, a forma como o texto está organizado – a partir do esquema tópico-comentário –, a predominância de análises e/ou sínteses de “representações conceituais numa ordenação lógica” e de tempos verbais do mundo comentado (presente, o futuro do presente, o pretérito perfeito composto e todas as locuções verbais formadas por esses tempos) (cf. KOCH E ELIAS, 2012, p. 67) reforçam e sustentam isso.

     

    Em relação ao uso da palavra “conhecimento” no conteúdo da alternativa correta, ele se mostra adequado, uma vez a linguagem é um conhecimento, e mesmo fatos cotidianos o são. O Houaiss valida isso ao indicar como as três acepções mais centrais do termo “conhecimento” as seguintes: “1) ato ou efeito de conhecer; 2) ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência; e 3) faculdade de conhecer. Assim, pode ter, em 1), conhecer um fato linguístico, cotidiano, etc.; em 2) perceber ou compreender um fato linguístico, cotidiano, etc.; por fim, em 3), faculdade de conhecer um fato linguístico, cotidiano, etc. Em vista disso, os recursos mostram-se IMPROCEDENTES e gabarito deve ser mantido como B

  • Recurso Improcedente. Ratifica-se a opção divulgada no gabarito preliminar.

     

    A crônica narrativa é a mais consagrada no jornalismo e na literatura brasileira. No entanto, ela não é o único tipo de crônica a circular no jornalismo e no mercado editorial deste país. O texto de Gregório Duvivier é uma prova disso, uma vez que se apresenta como uma crônica descritiva, em que descreve e explica e um conhecimento acerca de nossa língua e, consequentemente, de nossa cultura.

     

    Uma narrativa, longa ou curta, é constituída, necessariamente, por alguns elementos, a saber: narrador, personagens, ação (em que, por sua vez, pode-se observar conflito, introdução, complicação clímax e desfecho, cf. CEREJA E MAGALHÃES, 2009, p. 295), espaço e tempo. Como pode ser bem observado no texto, tais elementos não estão disponíveis, não podendo o texto como um todo constituir-se como uma narrativa (alternativa A).

     

    O texto também não pode se enquadrar como argumentativo (alternativa C), já que não apresenta tese e, consequentemente, sustentação à tal tese, esquema (macro)textual que garante a configuração de um texto de natureza argumentativa. Podemos, sim, perceber a opinião do autor, principalmente quando ele expressa alguns valores pessoais, tal como em “Nada mais ridículo do que achar que se estava correndo e descobrir que só se estava correndinho” e “Esse é o meu problema com esportes: só chego nos diminutivos.”. No entanto, isso são apenas comentários acerca do que ele estar explicando.

     

    Da mesma forma, podem ser percebidas instruções (alternativa D), tais como em: “pode-se dizer criancinha, velhinho, mas jamais “adolescentezinho”. Pode-se dizer gatinho, cachorrinho, mas jamais ‘atendentinho de telemarketing’. A não ser, claro, no seu uso irônico: se te chamarem de ‘queridinho’, querem é que você exploda.”. Porém, assim como no caso das sequências argumentativas, tratam-se apenas de adendos às explicações.

     

    De acordo com MARCUSCHI (2008, 154-158), todo texto apresenta uma grande variedade de sequências tipológicas, assim é natural que, no texto de Duvivier, existam trechos argumentativos, narrativos, injuntivos e mesmo relatos. A presença de tais sequências, porém, não marca a sua principal função, a de explicar um conhecimento

  • To lascada

  • Típica questão ambígua das provas de português! Até o Gregório Duvivier correria o risco de errar essa! um verdadeiro absurdo!!!!!!!!!!!!

  • É, na minha visão não explica conhecimento algum! A maior parte do texto descreve fatos cotidianos! Basta ler... Essa história aí que vi de "que temos que estudar como a banca pensa..." Eu acho que ela pensa que temos que ser reprovados e se fuder, já que o dinheiro da inscrição jamais é devolvido em caso de reprovação, ou seja, "FODA-SE OS CANDIDATOS!"

  • Nunca errei tanto interpretação quanto erro na banca Consulplan.

     

  • Pessoal,

     

    Segue o meu entendimento:

     

    Comando da questão: "Tendo em vista as suas características semânticas e formais" = o examinador está cobrando tipologia textual.

     

    Um texto pode ser classificado em relação a sua tipologia como: texto narrativo; texto injuntivo; texto descritivo; texto dissertativo (argumentativo ou informativo); texto dialogal (para alguns gramáticos).

     

    Para aqueles que estão defendendo que se trata de uma crônica, tudo bem! Mas crônica não é tipo textual, é gênero textual (crônica, fábula, romance, receita, bula, propaganda, anúncio de jornal, entre outros). Portanto analisar se é crônica ou não, é fugir do comando da questão.

    Entendo que devemos nos ater aos 5 tipos textuais citados acima. Na minha análise classifico o texto como dissertativo informativo, cuja intenção do autor não é convencer o leitor, mas apenas explicar um conhecimento acerca das "particularidades da língua falada do brasileiro".

  • faltou a letra ( E ) : Não estuda para concurso logo possui tempo para ficar reparando nas manias liguísticas das pessoas.' 

  • Não vejo stress. Apesar de narrar fatos cotidianos ele usa isso como pano de fundo para explicar o uso de dimininutivo no dia a dia.

     

    Obs: repare que a pergunta é : o que o texto VISA?

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