SóProvas


ID
2564545
Banca
IESES
Órgão
IGP-SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

Leia o texto a seguir para responder a questão sobre seu conteúdo.


                                             DIÁLOGO DE SURDOS


                                                                   Por: Sírio Possenti. Publicado em 09 mai 2016. Adaptado de:

                                                    http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/4821/n/dialogo_de_surdos

                                                                                                                              Acesso em 30 out 2017. 


      A expressão corrente trata de situações em que dois lados (ou mais) falam e ninguém se entende. Na verdade, esta é uma visão um pouco simplificada das coisas. De fato, quando dois lados polemizam, dificilmente olham para as mesmas coisas (ou para as mesmas palavras). Cada lado interpreta o outro de uma forma que este acha estranha e vice-versa.

      Dominique Maingueneau (em Gênese dos discursos, São Paulo, Parábola) deu tratamento teórico à questão (um tratamento empírico pode ser encontrado em muitos espaços, quase diariamente). [...]

      Suponhamos dois discursos, A e B. Se polemizam, B nunca diz que A diz A, mas que diz “nãoB”. E vice-versa. O interessante é que nunca se encontra “nãoB” no discurso de A, sempre se encontra A; mas B não “pode” ver isso, porque trairia sua identidade doutrinária, ideológica.

      Um bom exemplo é o que acontece frequentemente no debate sobre variedades do português. Se um linguista diz que não há “erro” em uma fala popular, como em “as elite” (que a elite escreve burramente “a zelite”, quando deveria escrever “as elite”), seus opositores não dirão que os linguistas descrevem o fato como uma variante, mostrando que segue uma regra, mas que “aceitam tudo”, que “aceitam o erro”. O simulacro consiste no fato de que as palavras dos oponentes não são as dos linguistas (não cabe discutir quem tem razão, mas verificar que os dois não se entendem). 

      Uma variante da incompreensão é que cada lado fala de coisas diferentes.

      Atualmente, há uma polêmica sobre se há golpe ou não há golpe. Simplificando um pouco, os que dizem que há golpe se apegam ao fato de que os dois crimes atribuídos à presidenta não seriam crimes. Os que acham que não há golpe dizem que o processo está seguindo as regras definidas pelo Supremo.

      Um bom sintoma é a pergunta recorrente feita aos ministros do Supremo pelos repórteres: a pergunta não é “a pedalada é um crime?” (uma questão mérito), mas “impeachment é golpe?”. Esta pergunta permite que o ministro responda que não, pois o impedimento está previsto na Constituição.

      Juca Kfouri fez uma boa comparação com futebol: a expulsão de um jogador, ou o pênalti, está prevista(o), o que não significa que qualquer expulsão é justa ou que toda falta é pênalti...

      A teoria de Maingueneau joga água na fervura dos que acreditam que a humanidade pode se entender (o que faltaria é adotar uma língua comum, quem sabe o esperanto). Ledo engano: as pessoas não se entendem é falando a mesma língua.

      Até hoje, ninguém venceu uma disputa intelectual (ideológica) no debate. Quando venceu, foi com o exército, com a maioria dos eleitores ou dos... deputados.

                                                                                                                                            Sírio Possenti

                                                           Departamento de Linguística Universidade Estadual de Campinas 

Leia as proposições a seguir com atenção ao emprego dos pronomes, de acordo com a norma padrão:


I. Informou-me que daria-me explicações mais tarde.

II. Não nos informou sobre o que nos faria perder a vaga.

III. Refeririam-se aos problemas já analisados?

IV. Dessa forma, far-se-ão novas consultas.


Estão corretas quantas das proposições? Assinale a alternativa que contenha essa resposta:

Alternativas
Comentários
  • I. Informou-me que daria-me explicações mais tarde (incorreta. Me daria. Prócilse)

    II. Não nos informou sobre o que nos faria perder a vaga. (correta)

    III. Refeririam-se aos problemas já analisados? (incorreta.Referir-se-iam. Verbo no futuro do pretérito pede Mesóclise)

    IV. Dessa forma, far-se-ão novas consultas. (correta. Verbo no futuro do presente farão pede Mesóclise)

     

     

  • Mantras da colocação pronominal*:

     

    Proibido

    1 - Iniciar orações;

    2 - Após futuro;

    3 - Após particípio;

     

    Regra

    1 - Palavras invariáveis atraem o pronome (não, que, já...)

     

    Caso Especial

    1 - Verbo no infinitivo ou gerúndio é a casa da mãe joana, pode tudoooo

     

    Quanto a questão:

     

    I - Informou-me que daria-me explicações mais tarde (Incorreta, vez que não observou a regra do mantra, o "que" atrai o "me")

     

    II. Não nos informou sobre o que nos faria perder a vaga. (Correta, observou a regra, vez que o "não" atrai o primeiro "nos", e o "que" atrai o segundo "nos")

     

    III. Refeririam-se aos problemas já analisados? (Incorreta, vez que fere a proibição nº2 e coloca após o verbo no futuro. Como também não é possível iniciar a oração com pronome, utiliza-se mesóclise. A correta seria "Referir-se-iam", como falou nossa amiga fernanda!)

     

    IV. Dessa forma, far-se-ão novas consultas. (Correta, seguindo exatamente a mesma lógica da III)

     

    *Ensinamentos da Profª Adriana Figueiredo!

    Bons Estudos!

    Nunca desanimem!

  • Letra C,   apenas duas estão corretas !

  • O verbo "Referir" deveria ir à mesóclise porque está no futuro do pretérito. Seguindo tal princípio o verbo "Fazer" na segunda oração também está no futuro do pretérito, por que está correto que ocorra próclise com o verbo fazer? Alguém pode explicar?

    Dessa forma eu vejo que o único item correto é o IV.

  • I. Informou-me que daria-me explicações mais tarde.

    Incorreto. A primeira colocação está de acordo com a norma culta, haja vista que não se iniciam frases com pronomes oblíquos átonos. Contudo, a segunda ocorrência incorre em erro. A partícula ''que'' atrai a próclise (pronome antes do verbo). Corrigindo: ''que ME daria explicações mais tarde."

     

    II. Não nos informou sobre o que nos faria perder a vaga.

    Correto. Palavras com valor negativo (não, jamais, nunca) requerem a próclise, assim como a partícula ''que'', conforme supracitado.

     

    III. Refeririam-se aos problemas já analisados?

    Incorreto. É necessária a aplicação de uma mesóclise (pronome entre o radical e a desinência). Corrigindo: ''Referir-SE-iam aos problemas..."

     

    IV. Dessa forma, far-se-ão novas consultas.

    Correto. O verbo está no futuro do presente (farão), o que justifica a mesóclise.

     

    Há duas frases cuja colocação pronominal está inteiramente correta.

     

    Letra C

  • A mesóclise só é obrigatória quando a próclise for proibida (No início da frase e também posterior à virgula) ou a ênclise (proibida em verbos no Futuro do Presente e Futuro do Pretérito). 

    IV. Dessa forma, far-se-ão novas consultas. Só poderá assumir a mesóclise para que esteja correta.

    II. Não nos informou sobre o que nos faria perder a vaga​. Nada impede o uso da próclise em relação ao verbo.

     

  • Mesmo não sabendo a regra o hábito de leitura ajudar bastante em meio a tantas regras gramáticais que temos que aprender pra concurso.

    Letra C

  • o que me pegou foi o "refeririam", na alternativa II, passando o olho rápido, lí referiram, o que tornaría o ítem correto.

  • Galera tire minha dúvida por favor, a questão três é uma pergunta logo não pra usa a próclise ? já que na regra diz que em interrogação e exclamação se usa próclise, quem poder me ajudar eu agradeço.

  • Carlos Silva, o não uso da próclise (pronome antes do verbo) justifica-se porque o verbo está no futuro do pretérito, o que demanda o uso da mesóclise (pronome entre o radical e a desinência). Veja uns exemplos iguais ao da alternativa III para que você compreenda:

     

    Ex.: Faria-me um favor? (Errado). 

    Ex.: Diria-lhe muitas ofensas, se eu o encontrasse (Errado).

    Ex.: Far-me-ia um favor? (Correto).

    Ex.: Dir-lhe-ia muitas ofensas, se eu o encontrasse (Correto).

     

    Nos dois primeiros exemplos, há incorreção devido à equívoca posição do pronome. A ênclise (pronome após o verbo) não é aceitável, tampouco justificável. Como o verbo se encontra no futuro do pretérito, para que não se transgrida à gramática normativa usa-se a mesóclise.

     

    Espero ter jogado luz sobre a sua dúvida. Bons estudos.

     

  • Leonardo, a Duda Concurseira respondeu à sua pergunta abaixo

  • pela 4916656526 vez!

  • Na Oração I a conjunção subordinativa é o atrativo de próclise. Se correta, ficaria: Informou-me que me daria... Oração II temos uma palavra negativa que atrai o pronome, em caso de próclise, também a conjunção subordinativa que; portanto, correta. Oração III é um claro caso de mesóclise, pois o verbo está no futuro do pretérito. Se correta, seria: Referir-se-iam aos problemas... Oração IV está correta, pois o verbo no futuro do presente usa mesóclise.