SóProvas


ID
2580337
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Câmara de Maringá- PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                             Oh! Minas Gerais

                        O irresistível sotaque dos mineiros me encanta.


      Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano. Pra rever meus parentes, meus amigos, pra não perder o sotaque.

      Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, quando abandonei Belo Horizonte pra ir morar a mais de dez mil quilômetros de lá.

      Senti isso quando, outro dia, pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo que, fora de brincadeira, é mesmo o mais gostoso do mundo.

      - Cê qué qui eu isquento um tiquinho procê?

      Foi assim que a mocinha me recebeu, quase de braços abertos, como se fosse uma amiga íntima de longo tempo.

      Sei não, mas eu acho que o sotaque mineiro aumentou – e muito – desde que parti. Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade. O trólebus subia a Rua da Bahia, as pessoas tomavam Guarapan, andavam de Opala, ouviam Fagner cantando Manera Fru Fru, Manera, chamavam acidente de trombada e a polícia de Radio Patrulha.

      Como pode, meu filho mais velho, que nasceu tão longe de Beagá, e, que hoje mora lá, me ligar e perguntar:

      - E ai pai, tudo jóia, tudo massa?

      A repórter Helena de Grammont, quando ainda trabalhava no Show da Vida, voltou encantada de lá e veio logo me perguntar se o sotaque mineiro era mesmo assim ou se estavam brincando com ela. Helena estava no carro da Globo, procurando um endereço perto de Belo Horizonte, quando perguntou para um guarda de trânsito se ele poderia ajudá-la. A resposta veio de imediato.

      - Cê ségui essa istrada toda vida e quando acabá o piche, cê quebra pra lá e continua siguino toda vida!

      Já virou folclore esse negócio de mineiro engolir parte das palavras. Debaixo da cama é badacama, conforme for é confórfô, quilo de carne é kidicarne, muito magro é magrilin, atrás da porta é trádaporta, ponto de ônibus é pôndions, litro de leite é lidileiti, massa de tomate é mastumati e tira isso daí é tirisdaí.

      Isso é verdade. Um garoto que mora em São Paulo foi a Minas Gerais e voltou com essa: Lá deve ser muito mais fácil aprender o português porque as palavras são muito mais curtas.

      Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra. Se pisca o amarelo: Prestenção. Quando vem o verde: Podií.

      Mas não é só esse sotaque delicioso que o mineiro carrega dentro dele. Carrega também um jeitinho de ser.

      A Gabi, amiga nossa mineira, que mora em São Paulo há anos, toda vez que vem, aqui em casa, chega com um balaio de casos de Minas Gerais.

      Da última vez que foi a Minas, ela viu na mesa de café da tia Teresa uma capinha de crochê, cobrindo a embalagem do adoçante. Achou aquilo uma graça e comentou com a tia prendada. Pra quê? Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto. Chega a ligar interurbano pra São Paulo:

      - Num isquéci de mi falá a marca do seu adoçante não, preu fazê a capinha de crocrê procê...

      Coisa de mineiro.

      Bastou ela contar essa história que a Catia, outra amiga mineira – e praticante – que estava aqui em casa também, contar a história de um doce de banana divino que comeu na casa da mãe, dona Ita, a última vez que foi lá. Depois de todos elogiarem aquele doce que merecia ser comido de joelhos, ela revelou o segredo:

      - Cês criditam que eu vi um cacho de banana madurin, bonzin ainda, no lixo do vizinho, e pensei: Genti, num podêmo dispidiçá não!

      Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, o jeito mineiro de ser me encanta e cada vez mais.

      Quer saber o que é ser mineiro? No final dos anos 80, quando o meu primeiro casamento se acabou, minha mãe, que era uma mineira cem por cento, queria saber se eu já “tinha outra”, como se diz lá em Minas Gerais. Um dia, cedo ainda, ela me telefonou e, ao invés de perguntar assim, na lata, se eu já tinha um novo amor, usou seu modo bem mineiro de ser:

      - Eu tava pensâno em comprá um jogo de cama procê, mas tô aqui sem sabê. Sua cama nova é di casal ou di soltero?


ADAPTADO. VILLAS, Alberto. Oh! Minas Gerais. In: Carta Capital. Publicado em 10 fev. 2017. Disponível em https://www.cartacapital.com. br/cultura/oh-minas-gerais.  

Em “Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra.”, o termo destacado desempenha a função de

Alternativas
Comentários
  • Lembrando que jamais o pronome oblíquo   não deve vir após a vírgula. O SE destacado está com valor de condição , logo é um conectivo subordinativo adverbial condicional.

  • É a oração subordinada que impõe um fato (real ou hipotético) para que o fato da oração principal se realize. Ex.:
    Se eu tivesse vinte anos, casar-me-ia contigo.
    Salvo se houver proibição, tudo é permitido.
    Desaparecendo a causa, cessa o efeito.
    Perdido o emprego, pedirás esmola.

  • Condicional não é ADADALEXCONCLU (ADversativa ADitivas ALternativas EXplicativas CONCLUsivas) que são Corrdenadas

    Pertencem a C6FTP, logo é Subordinada

    Fonte: Professor Felipe Oberg 

  • É uma oração subordinada adverbial condicional. Basta olhar para a conjunção que inicia a oração... SE (=caso) é uma conjunção condicional. 

  • Oraçoes subordinadas adverbiais sao introduzidas por conjunçoes subordinativas. 

     

    A particula "se" na frase, é uma conjunçao subordinativa condicional. Para visualizar a funçao condicional da particula "se", basta troca-la por "caso" sem que haja alteraçao de sentido na frase. 

     

    Trata-se portanto, de oraçao subordinada adverbial condicional. 

  • SE = CASO = CONDICIONAL 

  • Para mim, o que está destacado é o "péra"....

     

  • Eu não consigo ver o que está destacado na oração quando estou acessando através do celular.
  • As principais conjunções são: se, caso, desde que (com verbo no subjuntivo), contanto que, sem que, a menos que.

    [Se ele demorar], [ela ficará aborrecida]. Or. Sub. Adv. Condicional / OP

  • Gabarito Letra E

     

    Bom antes quando eu usava outra plataforma de acesso para responder questões de português exemplo baidu, eu não conseguia ver os termos destacados irei transcrevê-lo para alguns saber qual é o termo que a assertiva está dizendo que está destacado colocarei em cor vermelha e sublinhado.

     

    “Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra.”

     

    Observem que a assertiva quer saber apenas que classificação essa oração está inserida, sabendo isso fica fácil responder a questão.  Sabendo que para ser uma oração subordinada precisa ter verbo  ambas as orações e uma está subordinada a outra achamos os verbos, logo em seguida as conjunções, embora a assertiva ter duas conjunções. Eles destacam apena a que é "Se". No entanto, mesmo eles não destacando quem domina de fato o assunto saberia responder, pois as duas orações com suas duas conjunções "Quando" e "Se" são duas conjunções adverbiais assim fica fácil responder sabendo isso.

     

    É uma oração subodinada adverbial causal. OSAC

     

  • Isaac,

    é uma oração subordinada adverbial CONDICIONAL 

  • Estou acessando pelo site e não consigo visualizar nunca o destacado. Fico tentando advinhar. Já questionei o QC, mas até agora não obtive resposta.

  • Quem não consegue ver o destacado, acesse por outro navegador que resolve!

  • GABA E, TROQUE O SE POR CASO, CASO FOR SUBSTITUÍVEL SERÁ UMA CONJUNÇÃO SUB ADV CONDICIONAL

  • trocar SE por CASO.....................SÃO CONDICIONAIS

  • GABARITO: E

  • Condicional – introduzem uma oração que indica hipótese ou a condição para a ocorrência da principal

    São elas : Se , Contanto que , salvo se , desde que , a menos que , a não ser que , caso etc ....

    Ex : Se precisar de minha ajuda , telefone –me  ( só me liga se precisar de ajuda )

    EX : Não irei ao escritório hoje , a não ser que haja algum negocio urgente ( Qual a condição de ir no escritório hoje , só tiver algo urgente )

    Observação : Atenção a conjunção condicional , vem ligando verbo com ideia de hipótese , ideia do verbo está no subjuntivo

    Condicionais= indicam hipótese.

  • A dúvida foi D e E , mas quando marco só a CONJUNÇÃO ADVERBIAL CONDICIONAL "SE" . MATAMOS A QUESTÃO .

  • Gabarito:E

    Rumo a #PMTO

  • Condicional – Introduzem uma oração que indica Hipótese ou a condição para ocorrência da principal.

     

    São elas : SE , CONTANTO QUE , SALVO SE , DESDE QUE , A MENOS QUE , A NÃO SER QUE , CASO , ETC ...

     

    Ex1 : Se precisar de minha ajuda /, telefone –me ( Só vai ligar se precisar )

     

    Ex2 : Não irei ao escritório hoje ,/ a não ser que haja algum negocio urgente . ( A condição de ir ao escritório hoje , só se tiver algo urgente )

     

    Atenção : A condicional vem ligada a verbo com ideia de hipótese , ideia do verbo está no subjuntivo 

  • Falta de atenção. Entendi que o termo destacado era "Pera".

  • Oraçoes subordinadas adverbiais sao introduzidas por conjunçoes subordinativas. 

     

    A particula "se" na frase, é uma conjunçao subordinativa condicional. Para visualizar a funçao condicional da particula "se", basta troca-la por "caso" sem que haja alteraçao de sentido na frase. 

     

    Trata-se portanto, de oraçao subordinada adverbial condicional. 

  • Bem pra quem teve a mesma dúvida que eu...

    Eu marquei a alternativa D, porém consultando meu caderno recordei que as orações subordinadas adjetivas são apenas:

    EXPLICATIVAS (Aqui usa-se a vírgula)

    RESTRITIVAS (Aqui não usa a vírgula)

    Já as orações subordinadas adverbias são representadas pela fórmula C6FTP

    1. CONDICIONAIS
    2. CONCESSIVAS
    3. CONFORMATIVAS
    4. CONSECUTIVAS
    5. CAUSAIS
    6. COMPARATIVAS

    • FINALIDADE
    • TEMPORAL
    • PROPORCIONAL
  • Olha o período que fica mais fácil:

    Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra. Se pisca o amarelo: Prestenção. Quando vem o verde: Podií.

    Se acontece x, ele faz x; se está y, y; caso aconteça z, z.

    Fica fácil perceber o teor condicional olhando o contexto no qual se insere a conjunção. Percebe-se que o período é construído com o uso de zeugma, pois a oração "ele pensa" e o sintagma "sinal de trânsito" estão implícitos nos períodos seguintes.. Então, todo o trecho com orações subordinadas adverbiais condicionais pode ser reescrito assim:

    "Mineiro quando para num sinal de trânsito. se o sinal de trânsito está vermelho, ele pensa: Pera. Se o sinal de trânsito está amarelo, ele pensa: Prestenção...