SóProvas


ID
2580349
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Câmara de Maringá- PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                             Oh! Minas Gerais

                        O irresistível sotaque dos mineiros me encanta.


      Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano. Pra rever meus parentes, meus amigos, pra não perder o sotaque.

      Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, quando abandonei Belo Horizonte pra ir morar a mais de dez mil quilômetros de lá.

      Senti isso quando, outro dia, pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo que, fora de brincadeira, é mesmo o mais gostoso do mundo.

      - Cê qué qui eu isquento um tiquinho procê?

      Foi assim que a mocinha me recebeu, quase de braços abertos, como se fosse uma amiga íntima de longo tempo.

      Sei não, mas eu acho que o sotaque mineiro aumentou – e muito – desde que parti. Quando peguei o primeiro avião com destino à felicidade, todos chamavam o centro de Belo Horizonte de cidade. O trólebus subia a Rua da Bahia, as pessoas tomavam Guarapan, andavam de Opala, ouviam Fagner cantando Manera Fru Fru, Manera, chamavam acidente de trombada e a polícia de Radio Patrulha.

      Como pode, meu filho mais velho, que nasceu tão longe de Beagá, e, que hoje mora lá, me ligar e perguntar:

      - E ai pai, tudo jóia, tudo massa?

      A repórter Helena de Grammont, quando ainda trabalhava no Show da Vida, voltou encantada de lá e veio logo me perguntar se o sotaque mineiro era mesmo assim ou se estavam brincando com ela. Helena estava no carro da Globo, procurando um endereço perto de Belo Horizonte, quando perguntou para um guarda de trânsito se ele poderia ajudá-la. A resposta veio de imediato.

      - Cê ségui essa istrada toda vida e quando acabá o piche, cê quebra pra lá e continua siguino toda vida!

      Já virou folclore esse negócio de mineiro engolir parte das palavras. Debaixo da cama é badacama, conforme for é confórfô, quilo de carne é kidicarne, muito magro é magrilin, atrás da porta é trádaporta, ponto de ônibus é pôndions, litro de leite é lidileiti, massa de tomate é mastumati e tira isso daí é tirisdaí.

      Isso é verdade. Um garoto que mora em São Paulo foi a Minas Gerais e voltou com essa: Lá deve ser muito mais fácil aprender o português porque as palavras são muito mais curtas.

      Mineiro quando para num sinal de trânsito, se está vermelho, ele pensa: Péra. Se pisca o amarelo: Prestenção. Quando vem o verde: Podií.

      Mas não é só esse sotaque delicioso que o mineiro carrega dentro dele. Carrega também um jeitinho de ser.

      A Gabi, amiga nossa mineira, que mora em São Paulo há anos, toda vez que vem, aqui em casa, chega com um balaio de casos de Minas Gerais.

      Da última vez que foi a Minas, ela viu na mesa de café da tia Teresa uma capinha de crochê, cobrindo a embalagem do adoçante. Achou aquilo uma graça e comentou com a tia prendada. Pra quê? Tem dias que Teresa não dorme, preocupada querendo saber qual é a marca do adoçante que a Gabi usa, pra ela fazer uma capinha igual, já que ela gostou tanto. Chega a ligar interurbano pra São Paulo:

      - Num isquéci de mi falá a marca do seu adoçante não, preu fazê a capinha de crocrê procê...

      Coisa de mineiro.

      Bastou ela contar essa história que a Catia, outra amiga mineira – e praticante – que estava aqui em casa também, contar a história de um doce de banana divino que comeu na casa da mãe, dona Ita, a última vez que foi lá. Depois de todos elogiarem aquele doce que merecia ser comido de joelhos, ela revelou o segredo:

      - Cês criditam que eu vi um cacho de banana madurin, bonzin ainda, no lixo do vizinho, e pensei: Genti, num podêmo dispidiçá não!

      Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, o jeito mineiro de ser me encanta e cada vez mais.

      Quer saber o que é ser mineiro? No final dos anos 80, quando o meu primeiro casamento se acabou, minha mãe, que era uma mineira cem por cento, queria saber se eu já “tinha outra”, como se diz lá em Minas Gerais. Um dia, cedo ainda, ela me telefonou e, ao invés de perguntar assim, na lata, se eu já tinha um novo amor, usou seu modo bem mineiro de ser:

      - Eu tava pensâno em comprá um jogo de cama procê, mas tô aqui sem sabê. Sua cama nova é di casal ou di soltero?


ADAPTADO. VILLAS, Alberto. Oh! Minas Gerais. In: Carta Capital. Publicado em 10 fev. 2017. Disponível em https://www.cartacapital.com. br/cultura/oh-minas-gerais.  

Assinale a alternativa na qual o verbo dentro dos parênteses substitui a locução verbal destacada, preservando-se o sentido e a norma gramatical.

Alternativas
Comentários
  • Referente à locução verbal , o verbo que irá substituí-lo deverá está no mesmo tempo e modo que ele.

     

     

    c) “Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, [...]” (deixar).

    ter - verbo principal está no INFINITIVO assim como DEIXAR(INFINITIVO)

    deixado - verbo auxiliar

     

    Correta.

  • Rodrigo,

    "Referente à locução verbal , o verbo que irá substituí-lo deverá está (estar) no mesmo tempo e modo que ele."

  • CALMA AI...

     

    TER DEIXADO - LOCUÇÃO VERBAL

     

    1º VERBO AUXILIAR

    2º VERBO PRINCIPAL NA FORMA NOMINAL "GERÚNDIO, PARTICÍPIO OU INFINITIVO" 

     

    TER - AUXILIAR

    DEIXADO - PRINCIPAL

  • Gabarito Letra C

     

    Cuidado com as curtidas, Pois o comentário que está em Primeiro a justificativa dele está totalmente incorreta dizendo que o verbo principal é o ter, na verdade ele é um verbo auxilia o principal e deixado.

     

    Conceito:  O verbo principal estará sempre em alguma forma nominal ou estará no infinitivo, gerúndio ou particípio“IR”, “NDO”, ”IDO”.

        

    verbos auxiliares:  I) poderá, estão, terá, ser, ter e haver..

     

    Quando a assertiva pede para fazer à troca a primeira coisa é analisar a tempo verbal, pois a troca tem que está de acordo com o que está sendo pedido.

  • O verbo principal no não se flexiona

     

  • Alguém para responder a questão alternativa por alternativa? Mostrando o motivo de cada uma estar errada. Alguém?

  • Vamos indicar para comentários do professor!!!

  • LETRA C - Os verbos devem ficar no mesmo tempo e modo dos auxiliares:

    a - “Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos [...]” (perderia). PERDIA  (PRET. PERF. IND)

    b- ‘[...] ele poderia ajudá-la.” (ajudasse). AJUDARIA  (FUT. DO PRET. IND)

    c- “Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, [...]” (deixar). CORRETO: AMBOS ESTÃO NO INFINITIVO

    d- “[...] o sotaque mineiro era mesmo assim ou se estavam brincando com ela [...]” (brincaram). BRINCAVAM (PRET. IMPERFEITO IND.)

    e- “Lá deve ser muito mais fácil aprender o português [...]” (seria).ERA ( PRET. IMPERFEITO IND.)

  • Essa e um tipo de questão que a banca ajuda o aluno para não zerar . hahaha

    Pará estou chegando.

  • Placar:

    Portguês 1000 X Concursando 0

     

    "Sáporra" não entra na cabeça de forma alguma

  • O pior é quando você fica com dúvida, entre a certa e a errada, ai você marca a errada. :/

  • GABA C, FUI PELO SENTIDO.

  • finalmente vou entendendo esse troço chamado verbo, pensa em uma coisa que foi o calo durante muito tempo na minha vida´o segredo é jamais desistir, pq verbo sempre foi o mesmo ontem, é o mesmo hoje e será o mesmo amanhã o segredo é perseverar, pq uma hora entra na cabeça nem que seja por teimosia

  • Fórmula do sucesso:

    Tinha/Havia + particípio = RA

    Tinha estudado = estudara

    Tinha feito = fizera

  • Acredito que deveria ser a alternativa D, isso porque o verbo auxiliar está no pret imperfeito e nesse caso o tempo do verbo deve ficar no mais que perfeito que no caso é (Brincaram). O que pode causar confusão é que também pode ser 3 pessoa do plural do pret perfeito. Questionável

  • Letra A – ERRADA – A locução “fui perdendo” equivale a uma ação do passado que teve uma continuidade, o que a aproxima do pretérito imperfeito do indicativo “perdia”.

    Letra B – ERRADA – Poderíamos substituir essa locução pela forma “ele a ajudaria”, mantendo a correção e o sentido originais.

    Letra C – CERTA

    Letra D – ERRADA - A forma “estavam brincando” diz respeito a uma ação do passado que teve uma continuidade, o que a aproxima do pretérito imperfeito do indicativo “brincavam”.

    Letra E – ERRADA – A expressão “deve ser” transmite uma probabilidade de concretização maior do que “seria”.

    Resposta: C

  • a)  “Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos [...]” (perderia).

    Incorreta. A locução traz verbo "ir" no pretérito perfeito do indicativo (fui) + verbo "perder" no gerúndio. Essa locução traz uma ideia de processo gradual: o sujeito perdeu aos poucos.

    A forma verbal "perderia" está no futuro do pretérito do modo indicativo, que expressa ideia de hipótese. A substituição modificaria o sentido original da frase.

    b)  ‘[...] ele poderia ajudá-la.” (ajudasse).

    Incorreta. A forma verbal "poderia" está no futuro do pretérito do indicativo. Nesse caso, esse tempo verbal foi empregado para expressar um fato futuro em relação a outro fato passado. A pergunta da moça foi feita no passado. A ajuda também ocorreria no passado, mas depois da pergunta da moça.

    A forma verbal "ajudasse" está no pretérito imperfeito do subjuntivo, expressando possibilidade, hipótese. A substituição não preservaria o sentido original. 

    c)  “Mais de quarenta anos depois de ter deixado minha terra querida, [...]” (deixar).

    Correta. A locução "ter deixado" está no infinitivo passado, sendo uma forma composta do verbo "deixar". A substituição pelo infinitivo puro "deixar" não prejudicaria a correção gramatical nem o sentido original. 

    d)  “[...] o sotaque mineiro era mesmo assim ou se estavam brincando com ela [...]” (brincaram).

    Incorreta. A locução verbal em negrito traz uma ideia de ação contínua, formada por verbo "estar" no pretérito imperfeito do indicativo (estavam) + verbo "brincar" no gerúndio.

    A forma verbal "brincaram" está no pretérito perfeito do indicativo, expressando uma ação pontual no passado. Não há ideia de continuidade

    e)  “Lá deve ser muito mais fácil aprender o português [...]” (seria).

    Incorreta. A locução "deve ser" expressa ideia de possibilidade, probabilidade, mas no tempo presente. A forma verbal "seria" está no futuro do pretérito, que pode ser empregado para indicar hipótese, mas o uso dessa forma verbal não preservaria a ideia de presente, de momento atual.