SóProvas


ID
2582398
Banca
PR-4 UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Pedagogia
Assuntos

O debate sobre a formação ética de crianças e jovens no campo da Educação, mais particularmente no que se refere à formação dada no espaço escolar, é imprescindível no grave momento de crise de valores que vive a sociedade contemporânea. Muito se fala na necessária afirmação da escola como responsável pela formação do caráter de sujeitos críticos, reflexivos, solidários e transformadores da realidade social por meio de uma educação para a cidadania. Nesse sentido, as perspectivas e ações de uma escola pensada para a formação ética e cidadã deve ser fundamentada:

Alternativas
Comentários
  • No respeito à diversidade cultural e na tolerância em relação ao outro, como já prescreveram os Parâmetros Curriculares Nacionais, em cujo discurso defende-se a aceitação individual das diferenças culturais, sem deixar de situá-las em seus devidos contextos histórico-sociais e enfatizando-se a dimensão das desigualdades sociais.

  • Gabarito: E

    Partidário das teorias do conhecimento de base empirista, Comênio vislumbrava a possibilidade de moldar desde cedo a tábua rasa que para ele era a mente humana, defendendo, por conseguinte, o início da educação escolar nos primeiros anos da infância. Trabalhando sobre uma "cera" ainda não enrijecida pelos vícios e pelos anos e, além disso, tendo ao seu dispor os métodos de ensino adequados, o professor poderia imprimir nos intelectos os conhecimentos desejáveis, tal como o tipógrafo imprime letras no papel.

    A metáfora comeniana, insustentável perante os saberes que mais tarde foram construídos acerca da psique humana, sofre, entretanto, apenas uma readequação em tempos posteriores: de folha de papel em branco, a mente do aluno passa a ser vista como "folha de papel suja", na qual se acham impressos conhecimentos errôneos. Ao professor cabe, então, apagar ou limpar as concepções prévias (misconceptions) e inserir o que é "correto", os conteúdos das disciplinas escolares (Mazzotti & Oliveira, 2000, p.13).

    A crítica às concepções pedagógicas que vêem o professor como modelador do intelecto e do caráter do aluno é feita pelo pensamento escolanovista, o qual tem por perspectiva promover uma verdadeira revolução copernicana na escola. Situado como centro, como Sol do processo educativo, o professor é investido de poder e de saber quase absolutos, enquanto para os alunos são reservadas posições periféricas, de astros sem luz que gravitam em torno do mestre, recebendo ensinamentos de forma passiva. Mas a quem efetivamente serve a escola?

    Dewey e seus seguidores respondem que os papéis estão invertidos, ou seja, a centralidade deve caber ao aluno, o que significa dizer: os interesses e inclinações discentes constituem o foco principal do trabalho pedagógico. Mas de nada adianta propor uma nova "astronomia" escolar se os métodos tradicionais de ensino - centrados na exposição verbal e na cópia - não forem substituídos por métodos novos, ativos, que permitam aprender com as coisas, manipulando-as, e não por meio de suas representações congeladas nos livros didáticos ou no quadro-negro. Por outro lado, a disciplina não pode existir como algo imposto; precisa ser conquistada no ambiente escolar por meio de relações transparentes em que as responsabilidades de todos sejam discutidas e aceitas de boa vontade.

    A proposta apresentada nos PCNs busca ser uma saída baseada no respeito à diversidade cultural e na tolerância em relação ao outro. [...] Canen (op. cit., p. 489) salienta que o tom predominante no discurso dos PCNs é o da aceitação individual das diferenças culturais, não sendo enfatizada a dimensão das desigualdades sociais.

    Fonte: OLIVEIRA, Renato José de. Ética na escola: (re)acendendo uma polêmica. (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302001000300012&lng=en&nrm=iso)