SóProvas


ID
2605690
Banca
FCC
Órgão
DPE-AM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      As crianças gostam de brincadeiras que sejam imitativas e repetitivas, mas, ao mesmo tempo, inovadoras. Firmam-se no que lhes é conhecido e seguro, e exploram o que é novo e nunca foi experimentado.

      O termo “arremedo” pode implicar algum grau de intenção, mas imitar, ecoar ou reproduzir são propensões psicológicas (e até fisiológicas) universais que vemos em todo ser humano e em muitos animais.

      Merlin Donald, em Origens do pensamento moderno, faz uma distinção entre arremedo, imitação e mimese: o arremedo é literal, uma tentativa de produzir uma duplicata o mais exata possível. A imitação não é tão literal quanto o arremedo. A mimese adiciona uma dimensão representativa à imitação. Em geral, incorpora o arremedo e a imitação a um fim superior, o de reencenar e representar um evento ou relação. O arremedo, segundo Donald, é visto em muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas no ser humano.

      A imitação, que tem um papel fundamental nas artes cênicas, onde a prática, a repetição e o ensaio incessantes são imprescindíveis, também é importante na pintura e na composição musical e escrita. Todos os artistas jovens buscam modelos durante os anos de aprendizado. Nesse sentido, toda arte começa como “derivada”: é fortemente influenciada pelos modelos admirados e emulados, ou até diretamente imitados ou parafraseados.

      Mas por que, de cada cem jovens músicos talentosos ou de cada cem jovens cientistas brilhantes, apenas um punhado irá produzir composições musicais memoráveis ou fazer descobertas científicas fundamentais? Será que a maioria desses jovens, apesar de seus dons, carece de alguma centelha criativa adicional? Será que lhes faltam características que talvez sejam essenciais para a realização criativa, por exemplo, audácia, confiança, pensamento independente?

      A criatividade envolve não só anos de preparação e treinamento conscientes, mas também de preparação inconsciente. Esse período de incubação é essencial para permitir que o subconsciente assimile e incorpore influências, que as reorganize em algo pessoal. Na abertura de Rienzi, de Wagner, quase podemos identificar todo esse processo. Há ecos, imitações, paráfrases de Rossini, Schumann e outros − as influências musicais de seu aprendizado. E então, de súbito, ouvimos a voz de Wagner: potente, extraordinária (ainda que horrível, na minha opinião), uma voz genial, sem precedentes.

      Todos nós, em algum grau, fazemos empréstimos de terceiros, da cultura à nossa volta. As ideias estão no ar, e nos apropriamos, muitas vezes sem perceber, de frases e da linguagem da época. A própria língua é emprestada: não a inventamos. Nós a descobrimos, ainda que possamos usá-la e interpretá-la de modos muito individuais. O que está em questão não é “emprestar” ou “imitar”, ser “derivado”, ser “influenciado”, e sim o que se faz com aquilo que é tomado de empréstimo.

(Adaptado de: SACKS, Oliver. O rio da consciência. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Cia. das Letras, 2017, ed. digital) 

As vírgulas indicam a elipse de um verbo em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C 

     

    elipse é caracterizada pela omissão de termos da oração sem que se prejudique o entendimento da mesma;

    Há 4 tipos de elipses: 

     

    1°Elipse do sujeito- Neste Carnaval, vou sambar até amanhecer! (elipse do pronome pessoal eu)

     

    2°Elipse de verbos- O arremedo [...] é visto em muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas no ser humano.  

     

    3°Elipse de preposições: A modelo saiu do camarim, cara lavada, pronta para a sessão de maquiagem. (elipse da preposição de)

     

    4°Elipse de conjunções: Gostasse você de mim, eu seria a pessoa mais feliz do mundo! (elipse da conjunção se)

    _____________________________________________________________________________________

    Copyright: https://www.normaculta.com.br/elipse/

  • A bem da verdade, deveria ter sido posto no enunciado ''zeugma'' em vez de ''elipse''. Há diferença. O primeiro caracteriza a omissão de um termo já mencionado, ao passo que o segundo significa a de um termo de fácil reconhecimento, não mencionado. De qualquer forma, a questão que apresenta a figura de linguagem é a letra C. Nesta, pode-se ver que uma locução verbal está omissa.  Veja:

     

    "O arremedo [...] é visto em muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas no ser humano."

     

    Imediatamente antes da contração "em" pode-se inserir a locução "é vista", porém optou-se por retirá-la, assim como se deu logo adiante, antes do advérbio "apenas". Essa ocultação, cujo nome é "zeugma", deve ser marcada com vírgula, tal como corretamente traz a alternativa.

     

    Letra C

  • Gabarito Letra C

    Note que a vírgula foi utilizada para substituir a locução verbal "é visto", caracterizando a elipse do verbo.

     

    "O arremedo [...] é visto em muitos animais; a imitação,(é vista) em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese,(é vista) apenas no ser humano."

     

  • GABARITO: C

     

    Acertei por ter essa explicação/exemplo em minhas anotações:

     

    → A zeugma é caracterizado pela omissão de termos da oração já anteriormente mencionado, não prejudicando assim o entendimento da mensagem.

    Exemplo de zeugma: Minha filha cursou letras; meu filho, economia.

     

     

    Bons estudos.

  • A letra  D também. Palavra Abertura .

     

  • Essa vírgula que substitui um termo é também chamada de Vírgula Vicária.

  • Resposta letra C.

    Sr. Shelking, o zeugma é um tipo de Elipse.

    Digamos que Elipse é o gênero e o Zeugma é uma espécie de Elipse. Por essa razão o enunciado não está errado.

  • WanderSilva eu tbm pensei nisso, mas a C esta muito mais evidente. Como na questão só é uma certa, fui pela mais coerente. Alternativa C!

  • Basta lembrar que elipse é um termo subentendido, oculto.

    O arremedo [SEGUNDO MERLIN] é visto em muitos animais; a imitação, em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese, apenas no ser humano.  A alternativa D poderia confudir o candidato devido a uso do [ ], porém se for analisar o texto verá que [ ] não há como identificá-lo.

    GABARITO: C

  • Para os colegas que consideraram a "D"  (palavra Abertura) como certa, observem que na questão ele pede a elipse de um verbo, portanto, não pode ser esta alternativa.

     

  • C)---->>>>>>ZEUGMA

  • Elipse = OMISSÃO

  • Não pode ser a letra D porque "a abertura" é substantivo, e ele pede a elipse de um verbo :D

  • A elipse é uma figura de construção que se constitui como a omissão de um termo em um segmento textual quando ele é perfeitamente identificável pelo contexto ou pela sua repetição, que foi evitada. Isso posto, analisemos as opções:

    ALTERNATIVA A: As vírgulas que separam “muitas vezes sem perceber” são colocadas pela intercalação deste termo adverbial no meio da oração principal. Alternativa incorreta.

    ALTERNATIVA B: Mais uma alternativa em que a vírgula se justifica pela intercalação de uma expressão. Alternativa incorreta.

    ALTERNATIVA C: Alternativa correta. A primeira expressão cria uma lógica de leitura. Teremos uma característica (“arremedo”, “imitação” e “mimese”) como sujeito e seres vivos como objeto. Sendo assim, podemos inferir que o segmento verbal “é visto” se repetirá em todas essas organizações, vindo depois dos sujeitos. Como a repetição desse verbo traria uma leitura repetitiva, trazendo incômodo textual e falta de conhecimento vocabular, usou-se a vírgula para indicar a elipse, como a regra gramatical reza. O período, então, seria assim entendido: “O arremedo [...] é visto em muitos animais; a imitação é vista em macacos e grandes primatas não humanos; a mimese é vista apenas no ser humano”.

    ALTERNATIVA D: Alternativa incorreta, pois as vírgulas indicam a separação do aposto explicativo.

    ALTERNATIVA E: A vírgula antes de “mas” indica a separação de uma oração coordenada adversativa, ao passo que a vírgula depois de “imitar” separa os elementos de uma enumeração, que exercem mesma função sintática. Alternativa incorreta.