SóProvas


ID
2605714
Banca
FCC
Órgão
DPE-AM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Uma amiga me disse que em alguns cursos da Universidade de Princeton o celular e o tablet foram proibidos porque os estudantes filmavam e fotografavam as aulas, ou simplesmente brincavam com joguinhos eletrônicos. A proibição do uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula numa das maiores universidades dos Estados Unidos não é desprezível. O celular na palma da mão desconcentra o estudante e abole uma prática antiga: a caligrafia.

      Dos milenares hieróglifos egípcios gravados em pedra e palavras escritas em pergaminho à mais recente prescrição médica, a caligrafia tem uma longa história. Mas essa história − que marca uma forte relação da palavra com o gesto da mão − parece fenecer com o advento do minúsculo teclado e sua tela.

      Lembro uma entrevista com Roland Barthes, em que o crítico francês dizia que as correções das provas tipográficas dos romances de Balzac pareciam fogos de artifícios. É uma bela imagem do efeito estético da caligrafia no papel impresso. Quando pude ver essas páginas numa exposição de manuscritos, fiquei impressionado com a metáfora precisa de Barthes, e admirado com a obsessão de Balzac em acrescentar, cortar e substituir palavras e frases, e alterar a pontuação. O autor de Ilusões Perdidas não poupava esforço para alcançar o que desejava expressar, e esse empenho tão grande acabou por exauri-lo quando escrevia seu último romance.

      Mas há beleza também na caligrafia torta e hesitante de uma criança, numa carta de amor escrita a lápis, na mensagem pintada à mão no para-choque de um caminhão, no muro grafitado da cidade poluída.

      Num de seus poemas memoráveis, “O Sobrevivente”, Carlos Drummond de Andrade escreveu à mão e depois datilografou: “Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples. / Se você quer fumar um charuto aperte um botão”.

      Na mão que move a escrita há um gesto corporal atávico, um desejo da nossa ancestralidade, que a maquininha subtrai, ou até mesmo anula. Ainda escrevo alguns textos à mão, antes de digitá-los no computador. No trabalho diário de um jornalista, isso é quase impossível, mas na escrita de uma crônica, pego a caneta e o papel e exercito minha pobre caligrafia.

      Talvez eu seja o antepenúltimo dinossauro. Mal escrevo essa palavra, vejo um dos minúsculos seres que se originaram de um dinossauro emplumado. É um pássaro que desconheço; pousou num galho do manacá florido, e seu canto misterioso me remete ao livro A Linguagem dos Pássaros, escrito no século 12 pelo poeta persa Farid Ud-din Attar. Nele, a caligrafia é sinônimo de “beleza da escrita, linguagem da mão e nobreza do sentimento”.

  (Adaptado de: Milton Hatoum. Disponível em: cultura.estadao.com.br)

O segmento em que se exprime noção de finalidade está em:

Alternativas
Comentários
  • Letra D

     

    O autor de Ilusões Perdidas não poupava esforço para (a fim de) alcançar o que desejava expressar. 

  • Letra (d)

     

    Finais: indicam finalidade, objetivo, com as locuções conjuntivas: para que, a fim de que, que (= para que), porque (= para que):

     

    Afastou-se depressa, para que não o víssemos.
    Viemos aqui a fim de que realizássemos um acordo.

     

    Décio Terror

  • GABARITO: D

     

     

    São conectivos finais:

    Para, para que, a fim de que,
    de modo que, de forma que,
    de sorte que, porque.

     

     

    Bons estudos.

     

  • GABARITO D)

     

    Dica, a FCC ainda continua entregando de bandeja questões pedindo NOÇÃO DE FINALIDADE e lá nas alternativas você vai encontrar uma com a conjunção PARA.

  • O autor de Ilusões Perdidas não poupava esforço para (com a finalidade de) alcançar o que desejava expressar. 

  •  

     d) O autor de Ilusões Perdidas não poupava esforço para  ou (afim de) alcançar o que desejava expressar. / finalidade

     

     

  • 2017

    A escolha profissional tem muito a ver com o campo de ideais que a pessoa valoriza. Dificilmente alguém consegue se entregar profissionalmente a uma prática que não represente os valores em que ela acredita. (3° parágrafo)

    Consideradas as relações de sentido, as duas frases acima podem ser articuladas em um único período, fazendo-se as devidas alterações na pontuação e entre minúscula e maiúscula, com o uso, no início, de:

     a) Apesar de

     b) Na medida em que

     c) Em contrapartida

     d) Conquanto

     e) Em detrimento de


     

    2016

    A substituição da expressão “na medida em que" (l.2) por uma vez que manteria o sentido e a correção gramatical do texto.

    Certa

  • Alguém poderia explicar o erro da B?

  • Analisando as alternativas:

    a) as correções das provas tipográficas dos romances de Balzac pareciam fogos de artifícios.

    Errada. Ideia de comparação.

     

    b) Se você quer fumar um charuto aperte um botão.

    Errada.  Porque há uma ideia de condição.

     

    Há N formas de transpormos algumas delas são:

    Se você quer fumar um charuto, aperte um botão.

    Se você quer fumar um charuto ENTÃO aperte um botão.

     

     

    c) esse empenho tão grande acabou por exauri-lo.

    Errada. Ideia de causa e consequência.

     

     e) O celular na palma da mão desconcentra o estudante.

    Errada. Ideia de causa e consequência.

  • tiago, o erro da letra B é a particula SE que traz consigo ideia de condicional, ou seja, exprime condição, hipotise...  

  • Gabarito letra D.

    A única oração que indica finalidade é aquela introduzida pela preposição “para”: O autor de Ilusões Perdidas não poupava esforço para alcançar o que desejava expressar

    O objetivo do esforço é era alcançar o que deseja expressar. 

  • A única oração que indica finalidade é aquela introduzida pela preposição “para”: O autor de Ilusões Perdidas não poupava esforço para alcançar o que desejava expressar

    O objetivo do esforço é era alcançar o que deseja expressar.

    Gabarito letra D.

    O outro conectivo que apareceu no texto foi o SE condicional, (Se você quer fumar).

    Fonte: Prof. Felipe Luccas

  • PARA + INFINITIVO!

    Quem conhece a banca, não erra! Aí a importância de entender os ''pegas'' de cada uma!

    Abraços e até a posse!