Leia o texto abaixo e responda à questão proposta.
A liberdade chega aos morros
Ao fincar a bandeira do Brasil e a do Batalhão
de Operações Especiais (Bope) numa laje que servia
como QG de traficantes, um grupo de policiais da
tropa de elite do Rio de Janeiro marcava, na semana
passada, a retomada do poder em um conjunto de
sete violentas favelas da Zona Norte - a maior
operação dessa natureza já feita em morros cariocas.
Ela é parte de um programa para estabelecer bases
permanentes da polícia em áreas sob o jugo do
tráfico, as chamadas Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs), que já devolveram ao estado o
controle de territórios em catorze favelas. Nas mãos
de criminosos por três décadas e palco de sangrentos
confrontos entre policiais e traficantes, o Borel, o
maior entre os morros ocupados na última
quarta-feira, chamou atenção: enquanto os 280 PMs
tomavam as vielas, não se ouviu ali um único tiro.
Cena rara, ela é o retrato de uma ação planejada nos
últimos seis meses, que envolveu o setor de
inteligência da polícia e foi precedida de quatro
operações menores, nas quais já haviam sido
capturados traficantes como Bill do Borel, o chefão
local. Além disso, o Secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, decidiu tornar pública a operação,
com o propósito declarado de provocar a debandada
dos bandidos - o que de fato ocorreu. Dai só ter
havido uma prisão. Justifica Beltrame: “Se
estivessem lá, jamais conseguiríamos retomar o
poder sobre territórios sem um banho de sangue”.
Isso faz refletir sobre a real capacidade de o
estado reaver o comando nos morros mais lucrativos
para o tráfico que o Borel, de onde os bandidos
evidentemente não querem sair. Diz Pedro
Strozenberg, especialista em segurança pública: “A
ocupação dessas favelas pelo poder público vai
requerer muito mais homens e uma verdadeira
estratégia de guerra, algo que não se viu até aqui".
É o caso do Complexo do Alemão, também na
Zona Norte, o maior conjunto de favelas do
Rio, com 130 000 habitantes (justamente onde estão
refugiados agora os traficantes do Borel, segundo a
polícia). Estima-se que circulem por ali 300 bandidos
armados com mais de uma centena de fuzis de
guerra. Outra dificuldade em tomar o complexo das
mãos dos traficantes diz respeito à sua intrincada
geografia: entrecortado de morros acidentados que
atingem quase 200 metros de altura e pontuado por
centenas de vielas labirínticas, o Alemão impõe um
grau de dificuldade à polícia que não se compara ao
do Borel - mas é preciso que ela o ocupe.
A decisão do estado de retomar o controle das
favelas cariocas rompe com a lógica da
complacência e da frouxidão com a bandidagem, que contaminou as políticas de segurança pública do Rio
nas últimas décadas. A atual experiência das UPPs
reforça a ideia de que com planejamento e uma
gestão a salvo de ingerências políticas, é possível,
sim, combater a criminalidade. A ocupação das
favelas pela polícia também ajuda a desconstruir o
mito de que os bandidos ali encastelados compõem
um grupo de criminosos tão organizados quanto
invencíveis. Eles não o são. Quando o estado se
impõe, os resultados se fazem notar - e a cidade
como um todo se beneficia disso. Para se ter uma
ideia, no entorno das áreas em que as UPPs foram
implantadas, os imóveis se valorizaram até 300% em
um ano e a frequência escolar subiu 30%. Avanços
como esses em lugares tão pobres e violentos não
deixam dúvida quanto à necessidade de que essa
política seja permanente - e irreversível.
(FRANÇA, Ronaldo. Revista Veja, 05/05/2010.)
Se passarmos a forma verbal destacada em: “...e FOI
PRECEDIDA de quatro operações menores...” para a
voz ativa, encontraremos: