SóProvas


ID
2653510
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A imagem é chocante. Ao ver um corpo estendido na linha férrea, o maquinista pisa no freio. Do lado de fora, o controlador de tráfego determina que ele siga viagem. O trem volta a se mover e passa lentamente sobre o cadáver. O caso aconteceu na última terça em Madureira, no subúrbio do Rio. Seria mais uma morte invisível se a cena não tivesse sido filmada por um passageiro com o celular. O homem atropelado era Adílio Cabral dos Santos, de 33 anos de idade. Batizado com nome de jogador, e negro como ele, driblava o desemprego como vendedor de doces. Os ambulantes atravessam a linha várias vezes ao dia para evitar a apreensão de balas, biscoitos e garrafas d’água. Em nota sobre o acidente, a concessionária Supervia condenou a vítima, ao lamentar “a perda de mais uma vida por invasão dos trilhos”. A empresa, que pertence ao grupo Odebrecht, citou o “horário de pico” para justificar o segundo atropelamento. “A paralisação da linha”, alegou, “criaria transtornos para toda a movimentação do horário”. “Diante do risco de se criar um problema maior e mais grave, com a retenção de diversos trens, o centro de controle operacional tomou a decisão, em caráter absolutamente excepcional, de autorizar a passagem do trem”, afirmou a Supervia. O secretário de transportes se disse indignado e prometeu punir a concessionária. Já tinha acontecido em 2010, quando fiscais foram filmados chicoteando passageiros. O teólogo Marco Bonelli disse ao jornal O Globo que o caso retrata uma “sociedade violenta, na qual o ser humano morre, mas o sistema de transporte não pode parar”. Ao mesmo tempo, achamos normal que o tráfego seja interrompido para a passagem de autoridades. Na música Construção, Chico Buarque conta a história de um operário que “morreu na contramão atrapalhando o tráfego”. Adílio teve azar duas vezes. Foi atingido pelo trem e morreu no horário de pico.

(Adaptado de: FRANCO, B. M. Morreu no horário de pico. Folha de S. Paulo. 2 ago. 2015. Opinião. A4.)

Acerca do trecho final “Na música Construção, Chico Buarque conta a história de um operário que ‘morreu na contramão atrapalhando o tráfego’. Adílio teve azar duas vezes. Foi atingido pelo trem e morreu no horário de pico.”, considere as afirmativas a seguir.


I. O trecho apresenta uma citação, marcada pelo uso de aspas.

II. O trecho é marcado por traços de ironia.

III. Adílio é comparado ao operário que morreu “atrapalhando o tráfego”.

IV. Adílio é apresentado, no texto, como um herói.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • não consegui encontrar a tal "ironia" na morte de um trabalhador

  • GABARITO D.

     

    MSC concursando,

    Ironia consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em  ressaltar algum aspecto passível de crítica.   

     

    "morreu na contramão atrapalhando o trafego"   (irônia e critica)

     

     

    https://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil6.php

  • Ironia não quer dizer necessariamente engraçado ...

  • Não achei a comparação!

  • Na minha opinião a III ficou incompleta, Adílio é o próprio operário que morreu, se pelo menos trouxesse: foi comparado a Adílio jogador ... entraria com recurso.

  • I - O trecho sim é marcado por aspas;

    II - Há ironia principalmente no trecho "...Adílio teve azar duas vezes. Foi atingido pelo trem e morreu no horário de pico...";

    III - A comparação esta na introdução da música de Chico Buarque ao comentar a morte de Adílio;

    IV - Em nenhum momento o texto menciona Adílio como herói, sendo visto apenas como vítima.

  • IV é extrapolação, típicos de questões de interpetração.

  • Nao achei nenhuma comparação ai, o autor apenas cita um trecho da música, não tem nenhuma conjunção comparativa !  

  • O item III ficou muito confuso. O texto não compara Adilio (jogador) ao homem em nenhum momento. Apenas cita que o homem morto tinha o nome de um jogador de futebol Adilio.

  • Não consegui entender a III, mas acho que vou seguir o conselho do sábio colega Diego Marcondes, que sugere que é preciso estudar interpretação, mas em momento algum explanou o porquê das assertivas estarem corretas ou não. 

  • II. O trecho é marcado por traços de ironia.

    Humor negro talvez.....

     

  • A III realmente está incompleta, pois o que é comparado é o FATO de morrerem no horário do tráfego. Em momento nenhum o texto compara uma PESSOA COM A OUTRA.

    Acredito que houve uma extrapolação nessa questão.


    Às vezes, acredito que focar em apenas uma banca, principalmente na CESPE, nos faz errar questões assim, pois a cespe adora essas pegadinhas.



  • Pois é Wagner, concordo plenamente, pohaa essa banca é muito subjetiva nas suas interpretações de texto, sinceramente estou preocupado com a prova da PC/PR.