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ID
2661883
Banca
FUMARC
Órgão
CEMIG - MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Do moderno ao pós-moderno

                                                               Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00


      A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.

      Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores.

      Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação.

      O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causanos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.

      Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.

      A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.

      Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.

      Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.

      A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.

(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/do-moderno-ao-p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018)

Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.


I. Os termos destacados – “um rapaz de São Paulo”, “Bilhões de dólares” e “o padrão do mais forte” – desempenham mesma função sintática nas orações em que se encontram.

II. O sujeito da 1ª oração do excerto, cujo elemento predicador é o verbo “ingressar”, é indeterminado.

III. O termo “às redes de computadores”, preposicionado, completa verbo, portanto é objeto indireto deste.

IV. “As políticas e morais são afrouxadas” seria a voz ativa correspondente à oração sublinhada.


Estão CORRETAS as afirmações contidas apenas em:

Alternativas
Comentários
  • CORRETO! I. Os termos destacados – “um rapaz de São Paulo”, “Bilhões de dólares” e “o padrão do mais forte” – desempenham mesma função sintática nas orações em que se encontram.

    COMENTÁRIO:  

    1ª) SÃO SUJEITOS SIMPLES (SINTAGMA NOMINAL).
     

    ERRADO! II. O sujeito da 1ª oração do excerto, cujo elemento predicador é o verbo “ingressar”, é indeterminado.

    COMENTÁRIO:  

    1ª) PRESTE ATENÇÃO! AQUI O EXAMINADOR FEZ UMA PEGADINHA BEM MASSA. ELE DISTANCIO O COMPLEMENTO PARA DIFICULTAR A RESPOSTA. BLZ, TUDO BEM ATE AQUI.
    2ª) LOGO, O ERRO SERIA DIZER QUE O SUJEITO É INDETERMINADO, MAS NA VERDADE ELE É SUJEITO OCULTO

    [...] (Nós) Ingressamos na era da globalização. [...]

     

    ERRADO! III. O termo “às redes de computadores”, preposicionado, completa verbo, portanto é objeto indireto deste.
    COMENTÁRIO:  
    1ª) VTDI

     

    CORRETO! IV. “As políticas e morais são afrouxadas” seria a voz ativa correspondente à oração sublinhada.
    COMENTÁRIO:  
    1ª) BONITO!

  • Não consigo entender como a IV está correta...
  • Espero novo comentário esclarecendo o Item IV.

     

    Parece-me, à primeira vista, que o examinador simplesmente transformou uma oração voz passiva sintética em uma oração voz passiva analítica.

  • Eu achei que fosse “As políticas e morais foram afrouxadas”   :/

  • A alternativa IV é uma voz passiva. Podemos observar a presença do verbo Ser + particípio.

  • Para quem não entendeu o porquê da alternativa IV estar errada e a questão ter sido anulada pela banca:

    Em primeiro lugar, para poder ser passado da voz passiva para a voz ativa, o verbo precisa ser transitivo e o verbo da frase é de ligação: As políticas e morais são afrouxadas;

    Em segundo lugar, para ser possível transformarmos uma frase da voz passiva analítica para a voz ativa é preciso que o verbo tenha objeto direto (VTD ou VTDI), pois o sujeito da voz passiva é o objeto direto da voz ativa e o agente da passiva é o sujeito na voz ativa.

    As políticas e morais são afrouxadas.

    (sujeito) (VL) (predicativo do sujeito)

    Assim, a alternativa IV está errada porque a frase não possui voz ativa.

    Mais exemplos em https://www.migalhas.com.br/coluna/gramatigalhas/80436/voz-passiva-quando-e-possivel

  • Pessoal, a IV está errada, pois se trata de uma VOZ PASSIVA ANALÍTICA! e não voz ativa

    Sujeito paciente + va + vp + agente da passiva (omitido)

    As políticas e morais são afrouxadas por alguém (agente da passiva omitido)