SóProvas


ID
2668639
Banca
FCC
Órgão
TRT - 6ª Região (PE)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.


    Vou falar da palavra pessoa, que persona lembra. Acho que aprendi o que vou contar com meu pai. Quando elogiavam demais alguém, ele resumia sóbrio e calmo: é, ele é uma pessoa. Até hoje digo, como se fosse o máximo que se pode dizer de alguém que venceu numa luta, e digo com o coração orgulhoso de pertencer à humanidade: ele, ele é um homem.

    Persona. Tenho pouca memória, por isso já não sei se era no antigo teatro grego que os atores, antes de entrar em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um deles iria exprimir.

    Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde. Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.

    Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível. É, pois, menos perigoso escolher sozinho ser uma pessoa. Escolher a própria máscara é o primeiro gesto involuntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é.

    Se bem que pode acontecer uma coisa que me humilha contar.

    É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara de guerra de vida cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem com um ruído oco no chão. Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.


(Adaptado de: LISPECTOR, Clarice. “Persona”, em Clarice na cabeceira: crônicas. Rio de Janeiro, Rocco Digital, 2015)

Conforme o texto,

Alternativas
Comentários
  • GABARITO LETRA D

     

    "Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde. (...) Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.'' 

  • Professora Adriana Figueiredo comentou estas questões. Link abaixo.

    https://www.youtube.com/watch?v=HU-E4TUsvEw

  • Essa é um tipo de questão que as bancas elaboram para que o candidato perca tempo e ainda erre.

    Alguem se habilita a explicar por que as outras estão erradas? Principamente a "B".

  • Alguém mais bem preparado para explicar as outras questões? também marquei a letra B

  • Paulo Sousa, tu tens razão. eu estou optando por, na hora da prova, deixar esse tipo de questão pro "unidunitê", assim não se perde tempo, já que o ponto é algo perdido. kkkkk

    Obs: Clarice é muito bom de ler, mas na rede e não na pressão. 

  • Vale a pena indicar pra comentário ou o jeito é aceitar que a B tá errada mesmo?

  • Letra B creio que esteja errada na parte que diz vestimos mascara por toda a vida. No entanto o texto fala apenas que escolhemos ela na adolecência. No ultimo paragrafo ele fala como se fosse bom a velhice contadizendo o que o texto fala.

    Gabarito D
    Também errei...

    Ou o prego entra ou a tábua racha.

  • Na *B* o Pai tem um papel na vida dele então quando mais velho terás também e fiquei com dúvida na E

  • Olá pessoal, não sou nenhum especialista....mas, acho que para responder essa questão é necessário saber a diferença entre: Compreensão (análise do que realmente está esccrito) e Interpretação (o que se pode concluir sobre o que está escrito) de texto. 

    Que é o caso da alternativa D é uma compreensão, e a B uma interpretação.

    Antes que perguntem, como posso saber a diferença? É só se ligar, nas expressões chaves, que no caso da questão é " Conforme o texto"

    Se for isso mesmo, o que estou dizendo confiram esta explicação deste link: https://www.diferenca.com/compreensao-e-interpretacao-de-texto/

     

  • Essa Lispector é a dos textos famosinhos do Facebook, aquela que deixa as adolescentes desatinadas com suas palavras encorajadas de amor? Elaborador escolheu esse texto de sacanagem, pois ele é horrível! 

  • Tentando insanamente interpretar a FCC. Dica: Usem drogas.

     

     

     

    a) a humilhação em ser reconhecido sem máscaras, como um ator que desempenha mal seu papel, expõe, em contrapartida, uma verdadeira sensibilidade, visível apenas naqueles que abdicam das falsas aparências.

     

     

    →  A alternativa é MUITO plausível com o final do texto, porém acredito que o erro está nessa tal "humilhação em ser reconhecido sem máscaras", a humilhação a que o texto se refere vem da própria autora (Clárice Lispector), e não de outrem.

     

     

    "Se bem que pode acontecer uma coisa que ME humilha contar."

     

     

     

    b) a máscara que vestimos por toda a vida só dá lugar às verdadeiras expressões quando, já na velhice, conseguimos atingir plena consciência de nós mesmos e já não temos de desempenhar nenhum papel.

     

     

    →  A alternativa remete-se ao último parágrafo, em que se pode realmente deduzir essa "plena consciência", porém o motivo para que esta aconteça é a quebra dessa máscara por um "olhar passageiro OU uma palavra ouvida", nada se fala sobre a velhice. 

     

     

    "É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara de guerra de vida cresta-se [...]"

     

     

    c) a negação de sua própria natureza, fato que ocorre desde a adolescência, é fator decisivo na solidão que caracteriza aqueles que não conseguem, por isso mesmo, vencer os obstáculos da vida.

     

     

    →  Extrapolação do texto, nada se fala sobre "negar a própria natureza", mas sim sobre uma fase na adolescência, em que são criadas máscaras a fim de representar um papel no mundo.

     

     

    "Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha."

     

     

    e) o termo persona ilustra com propriedade a transformação que se opera nos adolescentes, que, como atores, deixam-se seduzir por todo um universo fictício, e terminam por dispender suas vidas em experiências dolorosas.

     


    →  O texto apresenta uma "redenção" para essa máscara (falso eu), pois, quando ela é quebrada, a pessoa consegue demonstrar o seu 'ser' maduro.

     

     

    "Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser."

     

     

    Persona - personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da verdadeira.

     

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    Confira o meu material gratuito > https://drive.google.com/drive/folders/1sSk7DGBaen4Bgo-p8cwh_hhINxeKL_UV?usp=sharing

     

  • É entender que existem questões para fazer o candidato perder tempo. Um candidato mediano levaria no mínimo uns 10 minutos pra responder com qualidade essa questão. Me diga se vale a pena perder esse tempo numa prova com 70 questões + redação com 4h30 de duração. Pula e vai responder as outras.  

  • Quanta gente reclamando do texto, da banca, do mundo... Deve ser falta de preparação.

     

    O texto fala basicamente de máscaras que temos que usar durante a vida para não expormos nosso interior frágil, sobre maturidade e a queda dessa máscara.

     

    -"Por que então me agrada tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, eu acho que a máscara é um dar-se tão importane quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha. "

     

    -"Eis o rosto agora nu, maduro (velhice), sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.

     

    Tinha que ser Clarice...

    sucedâneo:  Algo que substitui outro da mesma qualidade ou espécie por apresentar características semelhantes

    Gab: letra D

  • Acho que foi a primeira vez que li um texto e desisti logo de cara de responder, principalmente depois de ver as alternativas e perceber que não tinha entendido nada. Fui na B e ainda errei. hauhauhauha

     

    texto escroto é pouco

  • Sucedâneo é substituto. 

    Existe uma súmula do STF com essa palavra..

  • Gabarito: D

     

    Clarice é de uma estranheza fascinante. Os trechos que se aproximam da resposta são esses:

     

    Aquela mesma que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade. Mas é que esse rosto que estava nu poderia, ao ferir-se, fechar-se sozinho em súbita máscara involuntária e terrível. (...)

    Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não morrer. Pois nessa certeza sou implacável: este ser morrerá. A menos que renasça até que dele se possa dizer “esta é uma pessoa”.

     

     

     

     

  • para você conseguir acertar esse tipo de questão, responda umas 100 da FGV ANTES , DÁ SUPER CERTO KKKK

  • PAIXÃO, normalmente as provas de nível superior são menos concorridas, logo, na maioria das vezes, mais fáceis!

     

  • Gabarito: D) embora as expressões do rosto também componham uma das virtudes de um ator, a máscara que veste como personagem é vista como um sucedâneo da personalidade que se vai cultivar desde a adolescência.

     

    Acredito que a parte do texto que melhor sustenta o gabaito é essa do parágrafo 4º: "Mesmo sem ser atriz nem ter pertencido ao teatro grego – uso uma máscara. Aquela mesma que nos partos de adolescência se escolhe para não se ficar desnudo para o resto da luta. Não, não é que se faça mal em deixar o próprio rosto exposto à sensibilidade."

     

    Percebam que aqui a autora fala dela mesma. Ela, apesar de não ser atriz (no parágrafo anterior é exposto que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde), faz uso de uma máscara escolhida lá na adolescência. Essa máscara vai perdurando por toda a vida, torna-se personalidade (pessoa) até que, em certo momento, pode ser que ela caia.

     

    Texto muito bom!!

  • a) a humilhação em ser reconhecido sem máscaras, como um ator que desempenha mal seu papel, expõe, em contrapartida, uma verdadeira sensibilidade, visível apenas naqueles que abdicam das falsas aparências.

    O erro da alternativa não está em falar sobre humilhação, pois a autora fala mesmo da humilhação de se ver com o "rosto nu", ou seja, de se mostrar, na maturidade sem máscaras. O erro está em falar de "falsas aparências" (e em abdicar delas), pois uma interpretação mais rasa a respeito do que significam essas máscaras pode levar o leitor a interpretá-las como "falsas" - e não são. O texto também não fala em abdicar delas, e sim que às vezes elas se quebram por um instante, por conta de algum acontecimento (um olhar, uma palavra).

    b) a máscara que vestimos por toda a vida só dá lugar às verdadeiras expressões quando, já na velhice, conseguimos atingir plena consciência de nós mesmos e já não temos de desempenhar nenhum papel.

    Essa alternativa também aproveita o trecho que mencionei anteriormente para confundir o leitor. Primeiro, o texto não fala necessariamente me velhice. Segundo, falar em "atingir plena consciência de nós mesmos" e em não precisar "desempenhar nenhum papel" não condiz com o texto, pois a "quebra" da máscara de que a autora fala se refere a pequenos instantes, quando nos deixamos desnudar sem perceber. 

    c) a negação de sua própria natureza, fato que ocorre desde a adolescência, é fator decisivo na solidão que caracteriza aqueles que não conseguem, por isso mesmo, vencer os obstáculos da vida.

     A solidão de que o texto fala é compartilhada pelas pessoas em geral, pois todos precisam, passada a infância, escolher uma máscara com a qual devam viver e esse processo é em si muito solitário. Ademais, isso não tem nada a ver com conseguir vencer os obstáculos da vida, e sim que quando enfim o então adulto "afivela" a máscara a si próprio, é como se tivesse vencido um obstáculo, e pode se sentir mais "forte".

    d) embora as expressões do rosto também componham uma das virtudes de um ator, a máscara que veste como personagem é vista como um sucedâneo da personalidade que se vai cultivar desde a adolescência.

    ​A alternativa está correta, embora mal redigida, como é de praxe nessa banca. A máscara que o ator veste como personagem pode ser comparada à personalidade - ou máscara, ou persona - que as pessoas vão cultivar desde a adolescência.

     e) o termo persona ilustra com propriedade a transformação que se opera nos adolescentes, que, como atores, deixam-se seduzir por todo um universo fictício, e terminam por dispender suas vidas em experiências dolorosas.

    Não: a dor de que o texto fala é a dor mesma de ter que escolher uma máscara com a qual passar o resto da vida, que é parte do deixar de ser criança. Nada a ver com viver um universo fictício ou em dispender a vida em experiências dolorosas.

    Bons estudos a todos

  • Cara, amei esse texto. Consegui responder apenas pelo calor da emoção. 

  • Letra D) a máscara QUE VESTE COMO PERSONAGEM é um sucedâneo da PERSONALIDADE. Ou seja: a máscara de atuação¹ (objeto real) produz os mesmos efeitos da máscara fabricada pelas pessoas² (objeto simbólico) - personalidade.

    O que temos de acordo com o texto?
    "a máscara¹ é um dar-se tão importante quanto o dar-se pela dor do rosto. Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara²"

    Letra A) o texto não menciona explicitamente humilhação, nem falsas aparências, há uma sugestão de se viver "mascarado" desde a adolescência para enfrentar a realidade e representar os papéis aos quais estamos sujeitos para sobreviver. Claro que o examinador vai sugerir humilhação e falsas aparências, combina bastante com máscara;

    Letra B) não há nada de velhice no texto. "Anos de de verdadeiro sucesso com a máscara" não é necessariamente velhice;

    Letra C) "negação da própria natureza?" (...) "fator decisivo de solidão"...o texto não menciona isso;

    Letra E) "terminam por dispender suas vidas em experiências dolorosas": exagerado, equivocado e não há no texto.

    Sou apaixonada pela Clarice, mas cobrar a subjetividade da narrativa dela em assertivas "objetivas" numa prova de concurso é de fu#%#%! 
    FCC insana!

  • Pessoal, a professora Adriana Figueiredo comentou essa prova

    a resolução da questão começa aqui https://youtu.be/HU-E4TUsvEw?t=31m30s

     

    se você voltar até o início do vídeo ela explica todo o texto :)

  • Eu não achei o texto difícil, achei muito bonito e compreendi muito bem, mas as alternativas não possibilitam marcar nada que esteja escrito no texto. Todas estão erraadas... paciência.

  • esse texto é lindo e sua ideia central é a mais crua realidade (para nossa infelicidade). O gabarito se justifica pelo exposto no comentário do Roberto P.:

     

    GABARITO LETRA D

     "Bem sei que uma das qualidades de um ator está nas mutações sensíveis de seu rosto, e que a máscara as esconde. (...) Inclusive os adolescentes, estes que são puro rosto, à medida que vão vivendo fabricam a própria máscara. E com muita dor. Porque saber que de então em diante se vai passar a representar um papel é uma surpresa amedrontadora. É a liberdade horrível de não ser. E a hora da escolha.'' 

  • Atenção cambada: PAREM DE PUXAR O SACO DESSES TEXTOS uahahahahahah.

     

    Aliás, Nelson Rodrigues >>>>>>>>>> Clarice Lispector.

     

     

    Agora, podem chorar, espernear e elaborar textões com cunho SJW/inteligentinho para atacar minha persona uahahahahaha.

  • Questão chata da porra.

  • Odeio Clarice Lispector