SóProvas


ID
2668657
Banca
FCC
Órgão
TRT - 6ª Região (PE)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder a questão abaixo, considere o texto abaixo.


    Em um trabalho de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, defende-se a ideia de que em nossos dias há o enaltecimento de uma cultura global, a cultura-mundo, que, apoiando-se no apagamento das fronteiras, cria denominadores culturais dos quais participam sociedades e indivíduos, apesar das diferentes tradições, crenças e línguas que lhes são próprias.

    Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. Uma que se diria pouco procedente consiste em supor-se que, em vista de milhões de turistas visitarem locais como a Acrópole e os anfiteatros gregos da Sicília, a cultura não perdeu valor em nosso tempo. Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não representam um interesse genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo passado e pela arte, exonera-o de conhecê-los a fundo. Essas visitas dos turistas “em busca de distrações” desnaturam o significado real desses museus e monumentos.

    Um estudo recente do sociólogo Frédéric Martel mostra que tal “cultura-mundo” de que falavam Lipovetsky e Serroy já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo.

    As reportagens e os testemunhos coligidos por Martel são representativos de uma realidade que a sociologia e a filosofia ainda não tinham se atrevido a reconhecer. A maioria das pessoas não consome hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada passatempo, sem parentesco com as atividades intelectuais e artísticas que constituíam a cultura. O autor vê com simpatia essa transformação, porque, graças a ela, a cultura do grande público arrebatou a vida cultural à pequena minoria, que antes a monopolizava.

    A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer.

    Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial. A distinção entre preço e valor se apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.


(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Edição digital)

Considerando que certas afirmações de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy suscitam dúvida, Vargas Llosa

Alternativas
Comentários
  • GABARITO LETRA D

     

    "Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. (...) Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não representam um interesse genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo passado e pela arte, exonera-o de conhecê-los a fundo."

  • Já deu Camilla!! além do mais, dá pra saber a classificação.

  • a) estabelece uma distinção entre produtos culturais bem e malsucedidos, sendo que estes são provenientes da produção industrial em massa. Errada:

    Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial. A distinção entre preço e valor se apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.”

     

    b) critica o apagamento das fronteiras culturais, uma vez que não leva em conta as diferenças simbólicas entre as culturas de sociedades diversas. Errada:

    Em um trabalho de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, defende-se a ideia de que em nossos dias há o enaltecimento de uma cultura global, a cultura-mundo, que, apoiando-se no apagamento das fronteiras, cria denominadores culturais dos quais participam sociedades e indivíduos, apesar das diferentes tradições, crenças e línguas que lhes são próprias.”

     

    c) atualiza o conceito de “cultura-mundo”, argumentando que a cultura do passado perdurou, chegando até o presente por meio de museus que a consagram. Errada:

    “Um estudo recente do sociólogo Frédéric Martel mostra que tal “cultura-mundo” de que falavam Lipovetsky e Serroy já ficou para trás, defasada pela voragem de nosso tempo.”

     

    d) questiona a ideia de que as visitas de turistas a museus e monumentos históricos resultem em conhecimento aprofundado e interesse verdadeiro por eles. Gabarito, já respondido pelo colega.

     

    e) enaltece o caráter efêmero dos produtos culturais de hoje, mas ressalta que, apesar disso, a cultura é disseminada de forma mais democrática na atualidade. Errada:

    A maioria das pessoas não consome hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada passatempo, sem parentesco com as atividades intelectuais e artísticas que constituíam a cultura.

    (...)

    A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer.”

     
  • Que trecho interessante! 

    A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer.

        Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial. A distinção entre preço e valor se apagou. É bom o que tem sucesso; mau o que não conquista o público. O único valor existente é agora o fixado pelo mercado.

     

    (Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo: Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Edição digital)

  • A letra E até encontra fundamento no texto na parte: ''A maioria das pessoas não consome hoje outra forma de cultura que não seja aquela que, antes, era considerada passatempo, sem parentesco com as atividades intelectuais e artísticas que constituíam a cultura. O autor vê com simpatia essa transformação, porque, graças a ela, a cultura do grande público arrebatou a vida cultural à pequena minoria, que antes a monopolizava.'', porém essa é uma opinião de Martel  e não Vargas Llosa como pede o enunciado...

     

    Já a fundamentação da Letra D está no segundo parágrafo,, que mostra uma opinião do própro Vargas Llosa...

  • GABARITO D

     

    O questionamento sobre a visita dos turistas a museus serem verdadeiros interesses deles pode ser extraída do período:

     

    "Essas visitas dos turistas “em busca de distrações” desnaturam o significado real desses museus e monumentos." 

     

    Fica claro que o autor do texto acredita que as visitas dos turistas sejam mais distração do que o real interesse no significado dos museus e monumentos. 

  • Dois textos enormes na prova, qual a necessidade?

  • A sobrevivência dos mais fortes, Pollyana.

     

     

    #Estudemos!

  • Texto interessante...

  • Concordo com o texto, isto porque quando viajamos a Paris (É SEM CRASE, PORQUE VOLTO DE PARIS), tenho que ir ao LOUVRE, porque é um museu top, e não porque quero efetivamente conhecer o passado das coisas e coisas do tipo.

    Muito interessante esse texto, que pode ser cobrado em discursiva aberta dissertativa-argumentativa.

     

    Embora seja um estudo perspicaz, algumas afirmações me parecem discutíveis. Uma que se diria pouco procedente consiste em supor-se que, em vista de milhões de turistas visitarem locais como a Acrópole e os anfiteatros gregos da Sicília, a cultura não perdeu valor em nosso tempo. Mas as visitas de multidões a grandes museus e monumentos históricos não representam um interesse genuíno pela “alta cultura” (assim a chamam), visto que isso faz parte da obrigação do turista. Em vez de despertar seu interesse pelo passado e pela arte, exonera-o de conhecê-los a fundo. Essas visitas dos turistas “em busca de distrações” desnaturam o significado real desses museus e monumentos.

     

    Muito filosófico este texto. Gostei muito.

     

    bons estudos. so nao passa aquele que desiste. 

  • Netflix é cultura! Sqn...