-
Gabarito: letra D.
É evidente que a FCC está mudando o estilo das suas questões. Se antes tínhamos questões que exigiam decorebas, agora temos questões mais interpretativas (isso é ótimo). O problema é que nessa transição, a banca está se borrando toda.
Nesta questão, por exemplo, além da flagrante subjetividade, o conceito de "poder" foi utilizado como sinônimo de "liderança". Vejamos as duas alternativas dadas como verdadeiras:
Item I - o cargo por si só não confere poder, o poder não está na pessoa. Embora a Banca considere o item correto, eu discordo, pois o Poder Legítimo (que é um dos tipos de poder) está no cargo ocupado; refere-se à posição hierárquica formal na organização. Da mesma forma, podemos afirmar que o poder de referência e o poder de talento estão na pessoa (e isso não significa defender a perspectiva inatista).
Item II - o poder é uma relação e se exerce por si, não necessita impor-se. Na minha opinião está errado também, pois a afirmação aborda o conceito de liderança.
A própria FCC, em dezenas de outras questões sobre relações de poder, considerou a teoria de French e Raven. Nessa teoria são classificadas cinco bases ou fontes de poder: coerção, recompensa, legitimidade, talento e referência. Ou seja, para alguns tipos de poder, a relação entre superior e subordinado é de imposição, sim.
Outra referência importante é Mintzberg, que identifica seis configurações de poder assim denominadas: instrumento, sistema fechado, autocracia, missionária, meritocracia e arena política. Mas, da mesma forma, não substancia a questão em tela.
-
J. C. eu errei a questão por ter ido nessa perpectiva também.Quando li o item I imaginei logo estar errada, pois o cargo oferece poder sim.
-
Pessoal, vamos indicar a questão para comentário.
Particularmente, percebi desvios no enunciado e na resposta dada como certa pela FCC, sem comentar do alto índice de erros.
-
Mas gente, vcs justificaram que as alternativas estão erradas. A FCC queria as certas. Elas disse que as certas são a I e II. Porém, achei o gabarito contraditório pelo que vou explicar abaixo:
Esses conceitos de poder e liderança são bastante cobrados já em prova da FCC e diversas outras bancas, como CESPE. Cai muito inclusive para área não específica, como analista ou técnico administrativo, que abrange qualquer área de formação.
Na visão das bancas, para organizações tradicionais, o poder se encontra no cargo. É algo bem mecanicista. Se você assumiu o cargo em especial, você já tem o poder, ainda que não tenha competência para tal e ainda que seus subordinados não concordem com isso.
Já nas organizações modernas, o poder é exercido pela liderança. É algo mais informal, pois temos muitos tipos de líderes, e não é exigido ter o cargo. O líder é aquele que sabe fazer bem feito, é admirado e respeitado pela maioria, influenciando nas ações de todos.
Geralmenete, quando a questão não especifica ao que ela se refere (organização tradicional X moderna), é usada a visão mais atual. Na questão da FCC, o gerente tinha essa visão mais tradicional, achando que só por ele ter o cargo, ele tinha poder.
Porém, na resposta a banca foi contraditória no item I. Pois disse:
o cargo por si só não confere poder, (até aqui certo, de acordo com a visão moderna) o poder não está na pessoa (aqui já achei contraditório. Até pq se não está no cargo, é óbvio que está na pessoa, como os líderes).
-
J.C. concordo... as questões estão subjetivas demais, estão destoando das teorias. Sinto q está faltando uma melhor elaboração... tudo bem fazer questões interpretativas, sem decorebas, desde que de acordo com as teorias.
-
A questão, apesar de apresentar um contexto organizacional
em seu comando, parece ter buscado embasamento em discussões filosóficas sobre
a temática do poder.
A assertiva I nos apresenta o conceito foucaultiano de
poder, que o coloca como um objeto não-natural, mas uma prática social, não
possuindo esse uma identidade própria, unitária e transcendente, e sim pairando
distribuído em toda a estrutura social.
O poder é algo que circula que funciona
em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, ou
em um determinado cargo, ou pessoas como afirma a assertiva; mas funcionando em
rede, na qual cada indivíduo exerce e sofre sua ação. Não se localiza em nenhum
ponto específico da estrutura, sendo impossível detê-lo como uma coisa, uma
propriedade. Dessa forma, não existe de um lado aqueles que detém o poder, em
contrapartida aos que não o detém de outro. O poder não é algo que não existe
por aí; o que existe são as relações de poder. Não podemos assim, identificá-lo
em alguém, ou algum cargo.
A assertiva II, complementarmente ao conceito relacional de
poder já apresentado, aponta o conceito de Hannah Arendt, filósofa política
alemã, que em seu livro
Origins of Totalitarianism – mais voltado para a
ordem do Poder Político – nos apresenta o conceito de que o poder implica,
necessariamente, a existência de duas ou mais pessoas; é sempre relacional. Dessa
forma, tanto o líder quanto os liderados devem estar de acordo com as regras do
jogo que estabelecem o exercício de poder, pois nas relações em que impera a
força bruta, a violência não há espaço para o poder político. Sendo a violência
emergente quando se dá a perda de autoridade e Poder.
Deixo como referência um ótimo artigo que trata
detalhadamente da análise filosófica de algumas formas de poder:
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=16103
GABARITO: D
-
Questão truncada e contraditória. É melhor a FCC (Fundação Copia e Cola) continuar na literalidade mesmo. Deixar as interpretativas pra quem sabe.
-
I. o cargo por si só não confere poder, o poder não está na pessoa.
II. o poder é uma relação e se exerce por si, não necessita impor-se.