SóProvas


ID
2693704
Banca
FCC
Órgão
SABESP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Na Regional de Taubaté, um gerente recém-promovido assumiu o cargo cheio de si, dando ordens e mantendo-se distante das pessoas. O psicólogo, ao conversar com ele, ouve o argumento: “eu sou o gerente, tenho o cargo, os funcionários precisam me respeitar”. Ao analisar a situação, o psicólogo deverá usar como contra argumento:


I. o cargo por si só não confere poder, o poder não está na pessoa.

II. o poder é uma relação e se exerce por si, não necessita impor-se.

III. precisará de mais tempo no cargo, para ganhar mais poder.

IV. necessitará de mais carisma para ampliar o poder.

V. o poder é um risco e pode ser perigoso.


Está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: letra D.

     

    É evidente que a FCC está mudando o estilo das suas questões. Se antes tínhamos questões que exigiam decorebas, agora temos questões mais interpretativas (isso é ótimo). O problema é que nessa transição, a banca está se borrando toda. 

     

    Nesta questão, por exemplo, além da flagrante subjetividade, o conceito de "poder" foi utilizado como sinônimo de "liderança". Vejamos as duas alternativas dadas como verdadeiras:

     

    Item I - o cargo por si só não confere poder, o poder não está na pessoa. Embora a Banca considere o item correto, eu discordo, pois o Poder Legítimo (que é um dos tipos de poder) está no cargo ocupado; refere-se à posição hierárquica formal na organização. Da mesma forma, podemos afirmar que o poder de referência e o poder de talento estão na pessoa (e isso não significa defender a perspectiva inatista).

     

    Item II - o poder é uma relação e se exerce por si, não necessita impor-se. Na minha opinião está errado também, pois a afirmação aborda o conceito de liderança. 

     

    A própria FCC, em dezenas de outras questões sobre relações de poder, considerou a teoria de French e Raven. Nessa teoria são classificadas cinco bases ou fontes de poder: coerção, recompensa, legitimidade, talento e referência. Ou seja, para alguns tipos de poder, a relação entre superior e subordinado é de imposição, sim.

     

    Outra referência importante é Mintzberg, que identifica seis configurações de poder assim denominadas: instrumento, sistema fechado, autocracia, missionária, meritocracia e arena política. Mas, da mesma forma, não substancia a questão em tela.

     

  • J. C. eu errei a questão por ter ido nessa perpectiva também.Quando li o item I imaginei logo estar errada, pois o cargo oferece poder sim.

  • Pessoal, vamos indicar a questão para comentário.
    Particularmente, percebi desvios no enunciado e na resposta dada como certa pela FCC, sem comentar do alto índice de erros.

  • Mas gente, vcs justificaram que as alternativas estão erradas. A FCC queria as certas. Elas disse que as certas são a I e II. Porém, achei o gabarito contraditório pelo que vou explicar abaixo:

     

    Esses conceitos de poder e liderança são bastante cobrados já em prova da FCC e diversas outras bancas, como CESPE. Cai muito inclusive para área não específica, como analista ou técnico administrativo, que abrange qualquer área de formação.

     

    Na visão das bancas, para organizações tradicionais, o poder se encontra no cargo. É algo bem mecanicista. Se você assumiu o cargo em especial, você já tem o poder, ainda que não tenha competência para tal e ainda que seus subordinados não concordem com isso.

     

    Já nas organizações modernas, o poder é exercido pela liderança. É algo mais informal, pois temos muitos tipos de líderes, e não é exigido ter o cargo. O líder é aquele que sabe fazer bem feito, é admirado e respeitado pela maioria, influenciando nas ações de todos. 

     

    Geralmenete, quando a questão não especifica ao que ela se refere (organização tradicional X moderna), é usada a visão mais atual. Na questão da FCC, o gerente tinha essa visão mais tradicional, achando que só por ele ter o cargo, ele tinha poder. 

     

    Porém, na resposta a banca foi contraditória no item I. Pois disse:

     

    o cargo por si só não confere poder, (até aqui certo, de acordo com a visão moderna) o poder não está na pessoa (aqui já achei contraditório. Até pq se não está no cargo, é óbvio que está na pessoa, como os líderes).

     

  • J.C. concordo... as questões estão subjetivas demais, estão destoando das teorias. Sinto q está faltando uma melhor elaboração... tudo bem fazer questões interpretativas, sem decorebas, desde que de acordo com as teorias. 

  • A questão, apesar de apresentar um contexto organizacional em seu comando, parece ter buscado embasamento em discussões filosóficas sobre a temática do poder.

    A assertiva I nos apresenta o conceito foucaultiano de poder, que o coloca como um objeto não-natural, mas uma prática social, não possuindo esse uma identidade própria, unitária e transcendente, e sim pairando distribuído em toda a estrutura social.

    O poder é algo que circula que funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, ou em um determinado cargo, ou pessoas como afirma a assertiva; mas funcionando em rede, na qual cada indivíduo exerce e sofre sua ação. Não se localiza em nenhum ponto específico da estrutura, sendo impossível detê-lo como uma coisa, uma propriedade. Dessa forma, não existe de um lado aqueles que detém o poder, em contrapartida aos que não o detém de outro. O poder não é algo que não existe por aí; o que existe são as relações de poder. Não podemos assim, identificá-lo em alguém, ou algum cargo.

    A assertiva II, complementarmente ao conceito relacional de poder já apresentado, aponta o conceito de Hannah Arendt, filósofa política alemã, que em seu livro Origins of Totalitarianism – mais voltado para a ordem do Poder Político – nos apresenta o conceito de que o poder implica, necessariamente, a existência de duas ou mais pessoas; é sempre relacional. Dessa forma, tanto o líder quanto os liderados devem estar de acordo com as regras do jogo que estabelecem o exercício de poder, pois nas relações em que impera a força bruta, a violência não há espaço para o poder político. Sendo a violência emergente quando se dá a perda de autoridade e Poder.

    Deixo como referência um ótimo artigo que trata detalhadamente da análise filosófica de algumas formas de poder:

    http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=16103



    GABARITO: D
  • Questão truncada e contraditória. É melhor a FCC (Fundação Copia e Cola) continuar na literalidade mesmo. Deixar as interpretativas pra quem sabe.

  • I. o cargo por si só não confere poder, o poder não está na pessoa.

    II. o poder é uma relação e se exerce por si, não necessita impor-se.