Segundo Hisada (2003), a tarefa do analista é proporcionar holding e lidar com a integração da psique-soma. A técnica é reconhecer e clarificar a dissociação, pois há uma dificuldade de discriminar sentimentos e nomear estados emocionais durante o trabalho. Por exemplo, o paciente está com muita raiva, mas diz que está triste. São emoções diferentes que ele nomeia de forma inadequada. É importante ir clareando isso, para que possa permitir-se sentir e nomear afetos. Uma possibilidade seria trabalhar para que o objeto se transforme em representação psíquica, ou seja, que se crie um registro. Podemos pensar este trabalho como tentativa de redirecionar estas informações, significando algo que ficou sem representação. Algo ali ocorreu que impossibilitou a formação do registro psíquico, Lacan fala em congelamento, conforme Guir (1988), algo que ficou colado na relação mãe-bebê que não permitiu que se
criasse um espaço entre um e outro, onde se estabelece a falta - castração. Para ele, o pai desta relação é fraco de lei, que não marca, não realiza o interdito. É preciso desaparecer em um lugar para aparecer em outro como sujeito. Para Winnicott o conceito de saúde está relacionado com mudança, criatividade, a saúde existe quando o indivíduo adquire um senso de self, de ser ele mesmo. Mas para que isso ocorra, é necessário que haja a possibilidade de movimento, descongelamento (Outeiral e Hisada et al, 2001 e Hisada, 2002). O trabalho com estes pacientes requer muita tolerância e disponibilidade, pois em geral a compreensão a respeito da doença e de si próprio é muito intelectualizada. Auxiliá-lo a fazer ligações entre o racional e o emocional não é tarefa fácil, em especial pela dificuldade que tem em se vincular, a transferência torna-se uma barreira. Assim como é difícil para o sujeito descobrir vias para conectar-se com suas emoções, também não será fácil conectar-se com o analista.
Gabarito D