SóProvas


ID
2707198
Banca
FUMARC
Órgão
COPASA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       O valor da fofoca

                                                                                       Walcyr Carrasco


      Dos aspectos negativos da fofoca, todos sabemos. Em Os miseráveis, Victor Hugo conta a história de Fantine, que se torna prostituta. Quem só viu o filme ou só assistiu ao musical não sabe muito bem como ela vai para as ruas. O livro conta: fofoca! Fantine é operária. Mas tem uma filha, sendo solteira, em época de moral rígida. Paga uma família para cuidar da menina, Cosette. Mas não sabe ler. Para enviar os pagamentos e pedir notícias, usa os trabalhos de um homem, que escreve e envia o dinheiro. As amigas desconfiam. Especulam. O homem não conta, mas uma consegue ver o endereço numa carta. E se dá ao trabalho de ir até o local onde vive Cosette. Volta com a história completa e conta às amigas. A história chega à direção da fábrica e Fantine é demitida por ser mãe solteira. Vende os dentes, os cabelos, torna-se prostituta, morre no hospital. Jean Valjean, que se esconde da polícia, era o dono da fábrica. Culpa-se pela insensibilidade, busca Cosette e a cria. Mas a questão é que a pobre Fantine teve de vender os dentes e se prostituir devido à avidez da fofoca. Hoje, em tempos menos rígidos, a intimidade de uma pessoa, confidenciada entre lágrimas, pode virar piada no próximo jantar de amigos. Ou seja: longe de mim defender a fofoca em si. Mas ela tem seu valor, psicológico e criativo.

      Simples. A fofoca é uma forma de criar.

      Sempre digo que as pessoas têm tanta necessidade de ficção na vida como do ar que respiram. Por isso precisam ler romances, assistir a filmes, novelas. Até mesmo conferir revistas sobre celebridades, uma forma de exercitar a imaginação, já que a vida real é muito mais árdua do que aparece nas reportagens. Criar também faz parte da natureza humana. Alguns se contentam botando posts no Instagram, inventando uma vida que não têm, com a taça de vinho emprestada de alguém, num hotel onde não se hospedaram. Outras preferem criar sobre a vida alheia. Aquela mulher que conta à outra sobre uma terceira, colega de escritório.

      – Sabe que ela está saindo com um rapaz 20 anos mais jovem? E sustenta!

      Pode ser verdade. Ou ela apenas viu a moça com o sobrinho, saindo do trabalho. O resto, inventou. Nem todo mundo é escritor, mas todo mundo pode criar ficção. Eu mesmo aprendi muito com a fofoca. Morava em um prédio onde vivia uma mulher já madura. De dia, recebia um, que a sustentava, dava carro, conforto material. De noite, recebia outro, que amava. Era a fofoca do prédio.

      Acontece que era feia. Garanto, feia de verdade. Os dois senhores, pavorosos. Aliás, o que ela amava, um velho bem mais feio que o outro, o rico. Eu, que tinha certo preconceito estético, aprendi que beleza não é o mais importante. Havia amor, dinheiro e paixão naquela história de pessoas maduras. A fofoca me fez entender mais da vida. Em outra época, soube que o filho da vizinha não era filho, mas neto. Filho da moça que considerava irmã, mãe solteira. Toda a vila onde morava sabia, menos o menino. Isso me fez entender mais sobre os pais, que são capazes de acolher, dar solidariedade num momento difícil. Suponho que o garoto deve ter levado um susto quando soube. Mas é outra história.

      Minha mãe, quando eu era criança, tinha um bazar. Pequeno, típico de interior, em Marília. Era o centro de informações sobre a vida alheia do bairro. Todas as mulheres passavam, comentavam. Eu tentava ouvir. Mamãe me punha para fora quando a história era mais pesada. Isso me ajudou a desenvolver um certo talento. Quando fiz faculdade de jornalismo, e mais tarde trabalhei no ramo, era ótimo com as perguntas ao entrevistar. Destemido. Fiz sucesso com colunas, jornalismo comportamental. Isso me ajuda até hoje. Quando vou construir uma história, falo com pessoas, converso. Extraio segredos. Conto por meio dos personagens. Vejam que ligação bonita saber da vida alheia tem com o ato de criar.

      O que é uma grande biografia, a não ser a vida de alguém? Uma fofoca autenticada, impressa e aplaudida pela crítica?

      Há um porém: a fofoca, mesmo real, passa pelo crivo de quem conta. Pelo meu, pelo seu, pelo nosso olhar. É a velha história – alguém me oferece meio copo de suco de laranja e posso dizer.

      – Adorei, ganhei meio copo de suco refrescante.

      – Odiei, imagine, me dar só meio copo? Era resto! 

      Quando ouvir uma fofoca, abra as orelhas. O que alguém diz sobre o outro revela mais sobre quem fala do que sobre o alvo em questão. Uma fofoca, como todo ato de criação, tira a máscara do criador. 

Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/walcyr-carrasco/noticia/2017/10/o-valor-da-fofoca.html. Acesso em: 08 maio 2018.

A divisão silábica está correta, EXCETO em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: D

     

    A forma correta da separação silábica da palavra solidariedade é:

    so - li - da - ri - e - da - de

     

     

  • A resposta correta é a letra D, pois há o encontro de duas vogais fortes (não tem semivogal), caracterizando o hiato. Assim, considerando que nessa modalidade de encontro vocálico pode haver apenas uma vogal em cada sílaba, a alternativa está incorreta.

    A divisão silábica correta da palavra solidariedade é:

    SO - LI - DA - RI - E - DA - DE

     

  • SEPARAM-SE 

    As Vogais do hiato

    re-u-ni-do                         co-o-pe-rar                   po-é-ti-co                   ru-a                 bi-o-lo-gi-a 

    PEGOU A VISION? 

    GABARITO LETRA   D  dolár

  • Não é o caso dessa questão, mas cabe a observação para questões que cobrem casos das Proparoxítonas  “ A p a r e n t e s   o u   E v e n t u a i s ” : 

    Algumas paroxítonas terminadas em ditongo crescente (não seria o caso do alheio) podem ser consideradas  como  proparoxítonas  eventuais  ou  aparentes.  
    Exemplo:  História -> paroxítona  terminada  em  ditongo  crescente:  his-tó-riA,  poderia, alternativamente, ser considerada também uma proparoxítona, caso se considerasse sua divisão como: his-tó-ri-a.

    Mas isso é uma exceção que raras as vezes vi em questões de prova, serve apenas para levar consigo para uma dessas raras situações.

  • Palavras terminadas em 3 sons vocálicos:

    - Se o último for a ou o, eles ficarão sozinhos. Ex: a-lhei-o

    - Se o o ou a, estiverem no meio, ficarão todos juntos. Ex: i-guais

     

  • Regras divisão silábica:

    1- Não existe silába sem vogal.

    2- Consoante solta fica sempre em sílaba anterior.

    3- Consoantes idênticas ficam sempre em silábas separadas.

    4- Vogais idênticas sempre em sílbas separadas.

    5- Os encontros consonantais perfeitos ficam sepre na mesma silába.

    6- As vogais de sum HIATO ficam sempre em sílabas separadas. Ex: a-le-gri-a

    7- Os sons vocálicos dos tritongos ficam sempre na mesma sílaba.

    8- Os sons vocálicos dos ditongos ficam sempre na mesma sílaba. Ex: che-guei, on-tem, en-con-trei

    9- Os dígrafos NH/CH/LH ficam sempre na mesma sílaba.

    10- Prefixos monossilábicos terminados em consoante AB OB EX BIS TRANS SUB SOB > se seguido de VOGAL> haverá formação de sílaba > se seguido de consoante > não haverá formação de sílaba

    OBSERVAÇÕES:

    1- Palavras terminadas em dois sons vocálcios CRESCENTES

    com acento : junto 

    sem acento : separado

    2= Palavras terminas em 3 sons vocálicos 3=2+1

    a/o = final 

    a/o= meio com semivogais laterais

  • Por que o "i" é vogal forte? Ele não é semivogal ?

  • A-LHEI-O

    Regra: Todo ditongo decrescente seguido de vogal é separado. Exs: prai-a / tei-a / joi-a / i-dei-a ( aproveitanto o embalo, ( joia, ideia) - paraxítonas com ditongos abertos tônicos  (ei-oi) perderam o acento.

  • A divisão silábica está correta, EXCETO em:

    A - a.lhei.o --> Certo

    B - con.fi.den.ci.a.da --> Certo

    C - cri.a.dor --> Certo

    D - so.li.da.rie.da.de --> Errado!

    R: Em solidariedade ocorre hiato (RI-E), e hiato separa! Forma correta: SO - LI - DA - RI - E - DA - DE


    Alternativa "D"

  • As vogais sempre possuem som mais forte em relação às semivogais.

    O hiato é formado por VOGAL + VOGAL, por isso separa-se, pois não pode haver duas vogais na mesma sílaba.

  • Comentário Décio Terror:

    A alternativa (D) é a errada, pois a divisão silábica de "solidariedade" é "so.li.da.ri.e.da.de", uma

    vez que há hiato.

    As demais alternativas estão corretas. Confirme:

    (a) a.lhei.o (ditongo decrescente seguido de hiato)

    (b) con.fi.den.ci.a.da (hiato)

    (c) cri.a.dor (hiato)

  • GABARITO LETRA D

    SO-LI-DA-RI-E-DA-DE

  • A questão é sobre divisão silábica e quer que identifiquemos a alternativa em que há ERRO de divisão. Vejamos:

     . 

    A) a.lhei.o

    Certo. Soletramos "a-lhei-o" (lembrando que não devemos separar o ditongo "ei").

     . 

    B) con.fi.den.ci.a.da

    Certo. Soletramos "con-fi-den-ci-a-da".

     . 

    C) cri.a.dor

    Certo. Soletramos "cri-a-dor".

     . 

    D) so.li.da.rie.da.de

    Errado. Soletramos "so-li-da-ri-e-da-de".

     . 

    Para complementar:

     . 

    Divisão silábica

     . 

    A divisão silábica faz-se pela silabação (soletração), isto é, pronunciando as palavras por sílabas. Na escrita, separam-se as sílabas por meio do hífen: te-sou-ro, di-nhei-ro, con-te-ú-do, ad-mi-tir, guai-ta-cá, sub-le-var.

    Regra geral:

    • Na escrita, não se separam letras representativas da mesma sílaba.

    Regras práticas:

    Não se separam letras que representam:

    • a)   ditongos: cau-le, trei-no, ân-sia, ré-guas, so-cie-da-de, gai-o-la, ba-lei-a, des-mai-a-do, im-bui-a, etc.
    • b)   tritongos: Pa-ra-guai, quais-quer, sa-guão, sa-guões, a-ve-ri-guou, de-lin-quiu, ra-diou-vin-te, U-ru-guai-a-na, etc.
    • c)    os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu: fa-cha-da, co-lhei-ta, fro-nha, pe-guei, quei-jo, etc.
    • d)   encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, re-ple-to, pa-trão, gno-mo, mne-mô-ni-co, a-mné-sia, pneu-mo-ni-a, pseu-dô-ni-mo, psi-có-lo-go, bí-ceps, etc.

    Separam-se as letras que representam os hiatos: sa-ú-de, Sa-a-ra, sa-í-da, ca-o-lho, fe-é-ri-co, pre-en-cher, te-a-tro, co-e-lho, zo-o-ló-gi-co, du-e-lo, ví-a-mos, etc.

    Contrariamente à regra geral, separam-se, por tradição, na escrita, as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç e xc: guer-ra, sos-se-go, pis-ci-na, des-çam, cres-ço, ex-ce-ção, etc.

    Separam-se, obviamente, os encontros consonantais separáveis, obedecendo-se ao princípio da silabação: ab-do-me, ad-je-ti-vo, de-cep-ção, Is-ra-el, sub-ma-ri-no, ad-mi-rar, ap-ti-dão, felds-pa-to, sub-lin-gual, af-ta, e-clip-se, trans-tor-no...

    Na divisão silábica, não se levam em conta os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, sufixos): de-sa-ten-to, di-sen-te-ri-a, tran-sa-tlân-ti-co, su-ben-ten-di-do, su-bes-ti-mar, in-te-rur-ba-no, su-bur-ba-no, bi-sa-vó, hi-dre-lé-tri-ca, etc.

     . 

    Referência: CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48.ª edição, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008, página 36.

     . 

    Gabarito: Letra D 

  • GAB: D

    O hiato é formado por VOGAL + VOGAL, por isso separa-se, não pode haver duas vogais na mesma sílaba.

    D - so.li.da.rie.da.de --> Errado!

    Em solidariedade ocorre hiato (RI-E), e hiato separa! NÃO PODE HAVER 2 VOGAIS NA MESMA SILABA!

    Forma correta: SO - LI - DA - RI - E - DA - DE

    obs: SIGO DE VOLTA NO INSTA "carolrocha17" S2.. Tô sempre postando motivação nos storys