SóProvas


ID
2712499
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
TRT - 1ª REGIÃO (RJ)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Texto I


                    Os medos que o poder transforma em

                        mercadoria política e comercial

                                                                                    Zygmunt Bauman


      O medo faz parte da condição humana. Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças que geram medo (era justamente para isto que servia, segundo Freud, a civilização como uma organização das coisas humanas: para limitar ou para eliminar totalmente as ameaças devidas à casualidade da Natureza, à fraqueza física e à inimizade do próximo): mas, pelo menos até agora, as nossas capacidades estão bem longe de apagar a “mãe de todos os medos”, o “medo dos medos”, aquele medo ancestral que decorre da consciência da nossa mortalidade e da impossibilidade de fugir da morte.

      Embora hoje vivamos imersos em uma “cultura do medo”, a nossa consciência de que a morte é inevitável é o principal motivo pelo qual existe a cultura, primeira fonte e motor de cada e toda cultura. Pode-se até conceber a cultura como esforço constante, perenemente incompleto e, em princípio, interminável para tornar vivível uma vida mortal. Ou pode-se dar mais um passo: é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo de morrer que nos tornam humanos e que tornam humano o nosso modo de ser-no-mundo.

      A cultura é o sedimento da tentativa incessante de tornar possível viver com a consciência da mortalidade. E se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...].

      Foi precisamente a consciência de ter que morrer, da inevitável brevidade do tempo, da possibilidade de que os projetos fiquem incompletos que impulsionou os homens a agir e a imaginação humana a alçar voo. Foi essa consciência que tornou necessária a criação cultural e que transformou os seres humanos em criaturas culturais. Desde o seu início e ao longo de toda a sua longa história, o motor da cultura foi a necessidade de preencher o abismo que separa o transitório do eterno, o finito do infinito, a vida mortal da imortal; o impulso para construir uma ponte para passar de um lado para outro do precipício; o instinto de permitir que nós, mortais, tenhamos incidência sobre a eternidade, deixando nela um sinal imortal da nossa passagem, embora fugaz.

      Tudo isso, naturalmente, não significa que as fontes do medo, o lugar que ele ocupa na existência e o ponto focal das reações que ele evoca sejam imutáveis. Ao contrário, todo tipo de sociedade e toda época histórica têm os seus próprios medos, específicos desse tempo e dessa sociedade. Se é incauto divertir-se com a possibilidade de um mundo alternativo “sem medo”, em vez disso, descrever com precisão os traços distintivos do medo na nossa época e na nossa sociedade é condição indispensável para a clareza dos fins e para o realismo das propostas. [...]

(Adaptado de http://www.ihu.unisinos.br/563878-os-medos-que-o -poder-transforma-em-mercadoria-politica-e-comercial-artigo-dezygmunt-bauman - Acesso em 26/03/2018)

Em relação ao texto I, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • CORRETA C

     

     Narração: Sua principal característica é contar uma história, real ou não, geralmente situada em um tempo e espaço, com personagens, foco narrativo, clímax, desfecho, entre outros elementos. Os gêneros que se apropriam da estrutura narrativa são: contos, crônicas, fábulas, romance, biografias etc.

    ► Dissertação: Tipo de texto opinativo em que ideias são desenvolvidas por meio de estratégias argumentativas. Sua maior finalidade é conquistar a adesão do leitor aos argumentos apresentados. Os gêneros que se apropriam da estrutura dissertativa são: ensaio, carta argumentativa, dissertação, editorial etc.

    ► Descrição: Têm por objetivo descrever objetiva ou subjetivamente coisas, pessoas ou situações. Os gêneros que se apropriam da estrutura descritiva são: laudo, relatório, ata, guia de viagem etc. Também podem ser encontrados em textos literários por meio da descrição subjetiva.

    ► Injunção: São textos que apresentam a finalidade de instruir e orientar o leitor, utilizando verbos no imperativo, no infinitivo ou presente do indicativo, sempre indeterminando o sujeito. Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são: manual de instruções, receitas culinárias, bulas, regulamentos, editais, códigos, leis etc.

    ► Exposição: O texto expositivo tem por finalidade apresentar informações sobre um objeto ou fato específico, enumerando suas características por meio de uma linguagem clara e concisa. Os gêneros que se apropriam da estrutura expositiva são: reportagem, resumo, fichamento, artigo científico, seminário etc.

     

    https://portugues.uol.com.br/redacao/tipos-textuais.html

  • Qualquer erro, me avisem, por favor.

     

    a) Uma das propriedades linguísticas que caracterizam o texto como argumentativo é a predominância de formas verbais no pretérito.

    ERRADA

    Predomina o PRESENTE:

    Ex: "o poder transforma", "O medo faz parte...", "...ameaças que geram medo"

     

     

    b) Os verbos e pronomes em primeira pessoa do plural, presentes em “Poderíamos até conseguir eliminar uma por uma a maioria das ameaças que geram medo [...]” e “[...] é a nossa consciência de ser mortais e, portanto, o nosso perene medo [...]” são fortes marcas do tipo textual injuntivo, predominante no texto.

    Não é um texto injuntivo, pois não "apresentam a finalidade de instruir e orientar o leitor"

    É um texto dissertativo-argumentativo, isto é, um "tipo de texto opinativo em que ideias são desenvolvidas por meio de estratégias argumentativas. Sua maior finalidade é conquistar a adesão do leitor aos argumentos apresentados". 

     

     

     c)  O tipo argumentativo é o eixo da construção do texto, tendo em vista que o autor defende uma tese por meio de relações lógicas de argumentação. Uma dessas relações é a de condição, presente no excerto “E se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...]”.

    CORRETA

    É um texto dissertativo-argumentativo: conforme explicação acima.

    Condição: “E se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...]”.

    Condição: CASO nos tornássemos imortais...

    Efeito: a cultura pararia de repente (o que nos instiga e nos leva a produzir cultura é o fato de nos sabermos mortais. Se nos tornássemos imortais, não teríamos por que nos "imortalizar", sendo esse o objetivo da cultura: nos imortalizar)

     

     

    d) Não é possível classificar o tipo textual predominante no texto I, uma vez que os tipos textuais constituem uma lista irrestrita na cultura linguística. Ao contrário disso, os gêneros textuais compõem uma lista restrita, o que possibilita que se classifique o texto I como um artigo de opinião.

    ERRADA

    É possível classificar o tipo textual do texto como DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO, conforme explicação acima.

    Artigo de opinião é um texto que, apesar de argumentativo, possui características de um texto jornalístico, que não é o caso aqui. 

     

     

     e) O amplo uso de figuras de linguagem, especialmente de metáforas, no texto I, é uma pista de que o tipo narrativo é o eixo da construção textual, enriquecendo as formas de expressão do autor a partir do uso de uma linguagem denotativa

    ERRADA

    Entendo que exista sim o uso de figuras de linguagem (estão entre aspas), ex: "A mãe de todos os medos", "cultura do medo" etc, contudo, a utilização não é ampla.  

    O uso de figuras de linguagem faz com que o texto seja CONOTATIVO (sentido figurado), não denotativo (sentido próprio/real).

     

     

     

     

  • Texto chato com questões chatas
  • CORRETA C - Condição.

  • Qual a diferença entre tipo e gênero textual?

    São tipos textuais: Narrativo, Descritivo, Argumentativo, Expositivo e Injuntivo.

    Pode-se dizer que um gênero textual pode conter uma ou mais tipologias textuais. Por exemplo, para os gêneros crônica, romance, fábula, piada, contos de fadas, entre outros, a tipologia textual predominante é a narrativa

  • Aí você acha o texto complicado. Vai para as questões. E as acha piores ainda. Tá loko!!!

  • foco e fe ,coragem e ousadia

    se for dificil ja esta feito se for impossivel nos faremos

  • o melhor a fazer é deixar as questões de português por ultimo, pois se começar por ela na segunda questão não sei mais nem meu próprio nome.

    fé, foco e força para todos.

  • A- Uma das propriedades linguísticas que caracterizam o texto como narrativo é a predominância de formas verbais no pretérito, porque ele conta uma estoria

    B- Os verbos e pronomes em segunda pessoa do singular do modo imperativo são fortes marcas do tipo textual injuntivo, o qual consititui instrucoes e comandos.

    C- O tipo argumentativo é o eixo da construção do texto, tendo em vista que o autor defende uma tese por meio de relações lógicas de argumentação. Uma dessas relações é a de condição, presente no excerto “E se, por puro acaso, nos tornássemos imortais, como às vezes (estupidamente) sonhamos, a cultura pararia de repente [...]”.

    D - tipo textual: narrativo, descritivo, informativo, argumentativo e injuntivo

    generos textuais: cronica, satira, romance, quadrinhos etc

    E- O amplo uso de figuras de linguagem, especialmente de metáforas, no texto I, é uma pista de que o tipo narrativo é o eixo da construção textual, enriquecendo as formas de expressão do autor a partir do uso de uma linguagem conotativa

  • Isso mesmo, mas no início da questão ela disse isto: ”A expressão nominal “D. Fortunata” é empregada, no texto, sem artigo”. Ou seja, se não tem artigo não há o fenômeno crase.

    .

    Crase = Preposição + Artigo

  • Gabriel-PCF, fez uma bela observação sobre o enunciado que sanou minha dúvida.

  • Dissertação: verbos no presente.

    Narração: verbos no passado.

    Descrição: verbos no pretérito imperfeito.

    Pode haver uma mistura de tipologias textual (variados tempos verbais em um mesmo texto), a predominância é sempre de cima para baixo:

    Dissertação

    Narração

    Descrição