SóProvas


ID
2741038
Banca
FCC
Órgão
TCE-RS
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                      Nosso jeitinho


      Um amigo meu, estrangeiro, já há uns seis anos morando no Brasil, lembrava-me outro dia qual fora sua principal dificuldade − entre várias − de se adaptar aos nossos costumes. “Certamente foi lidar com o tal do jeitinho”, explicou. “Custei a entender que aqui no Brasil nada está perdido, nenhum impasse é definitivo: sempre haverá como se dar um jeitinho em tudo, desde fazer o motor do carro velho funcionar com um pedaço de arame até conseguir que o primo do amigo do chefe da seção regional da Secretaria de Alimentos convença este último a influenciar o Diretor no despacho de um processo”.

      Meu amigo estrangeiro estava, como se vê, reconhecendo a nossa “informalidade” − que é o nome chique do tal do jeitinho. O sistema – também batizado pelos sociólogos como o do “favor” − não deixa de ser simpático, embora esteja longe de ser justo. Os beneficiados nunca reclamam, e os que jamais foram morrem de inveja e mantêm esperanças. Até o poeta Drummond tratou da questão no poema “Explicação”, em que diz a certa altura: “E no fim dá certo”. Essa conclusão aponta para uma espécie de providencialismo místico, contrapartida divina do jeitinho: tudo se há de arranjar, porque Deus é brasileiro. Entre a piada e a seriedade, muita gente segue contando com nosso modo tão jeitoso de viver.

      É possível que os tempos modernos tenham começado a desfavorecer a solução do jeitinho: a informatização de tudo, a rapidez da mídia, a divulgação instantânea nas redes sociais, tudo se encaminha para alguma transparência, que é a inimiga mortal da informalidade. Tudo se documenta, se registra, se formaliza de algum modo − e o jeitinho passa a ser facilmente desmascarado, comprometido o seu anonimato e perdendo força aquela simpática clandestinidade que sempre o protegeu. Mas há ainda muita gente que acha que nós, os brasileiros, com nossa indiscutível criatividade, daremos um jeito de contornar esse problema. Meu amigo estrangeiro, por exemplo, não perdeu a esperança.

                                                                                  (Abelardo Trabulsi, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o termo sublinhado na frase:

Alternativas
Comentários
  • Acredito que o erro da C é que "ocorrer" se refere ao pronome relativo "que" que retoma "brasileiros"

  • Gabarito: letra E.


    Complementando o comentário da colega M. Ribeiro, na alternativa E o verbo flexiona-se para concordar com o termo sublinhado porque esse último é o sujeito da oração.


    Na alternativa A, o verbo concorda com "as denominações";

    Na alternativa B, concorda com "as soluções";

    Na alternativa C, concordo com a análise da M. Ribeiro;

    E na alternativa D, o verbo concorda com "os avanços da tecnologia".

  • Gabarito letra E

    Sobre a letra C o verbo pode concordar tanto com brasileiros (plural) quanto quem (singular). Mas a questão diz deverá flexionar-se por isso a alternativa se torna incorreta pois ele poderá flexionar-se, é facultativo.

  • o QUE se refere a brasileiros... não concordo com o gabarito, até porque em outras questões da FCC ela considera justo o termo que está se referindo o pronome relativo como correto!

    NÃO OCORREM A QUEM? AOS BRASILEIROS!

    Pra mim, letra C correta tbm!