SóProvas


ID
2741059
Banca
FCC
Órgão
TCE-RS
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Velhas cartas


      “Você nunca saberá o bem que sua carta me fez...” Sinto um choque ao ler esta carta antiga que encontro em um maço de outras. Vejo a data, e então me lembro onde estava quando a recebi. Não me lembro é do que escrevi que fez tanto bem a uma pessoa. Passo os olhos por essas linhas antigas, elas dão notícias de amigos, contam uma ou outra coisa do Rio e tenho curiosidade de ver como ela se despedia de mim. É do jeito mais simples: “A saudade de...”

      Agora folheio outras cartas de amigos e amigas; são quase todas de apenas dois ou três anos atrás. Mas como isso está longe! Sinto-me um pouco humilhado, pensando como certas pessoas me eram necessárias e agora nem existiriam mais na minha lembrança se eu não encontrasse essas linhas rabiscadas em Londres ou na Suíça. “Cheguei neste instante; é a primeira coisa que faço, como prometi, escrever para você, mesmo porque durante a viagem pensei demais em você...”

      Isto soa absurdo a dois anos e meio de distância. Não faço a menor ideia do paradeiro dessa mulher de letra redonda; ela, com certeza, mal se lembrará do meu nome. E esse casal, santo Deus, como era amigo: fazíamos planos de viajar juntos pela Itália; os dias que tínhamos passado juntos eram “inesquecíveis”.

      E esse amigo como era amigo! Entretanto, nenhum de nós dois se lembrou mais de procurar o outro. (...) As cartas mais queridas, as que eram boas ou ruins demais, eu as rasguei há muito. Não guardo um documento sequer das pessoas que mais me afligiram e mais me fizeram feliz. Ficaram apenas, dessa época, essas cartas que na ocasião tive pena de rasgar e depois não me lembrei de deitar fora. A maioria eu guardei para responder depois, e nunca o fiz. Mas também escrevi muitas cartas e nem todas tiveram resposta.

(BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 1978. p. 271/272) 

As normas de concordância verbal e nominal estão plenamente observadas na frase:

Alternativas
Comentários
  • qual o erro da D?

  • Tornou-se anônimo.


  • Jean, creio que o erro da letra "D" também seja a concordância do pronome relativo "a quem", quando na verdade deveria ser "aos quais" para concordar com "vários amigos".

  • Misericórdia, nenhum comentário de professor nessa merd@.

    Tem que ficar pedindo pra comentar. credo

  • O ERRO DA "D" É ANÔNIMO, O CORRETO SERIA ANÔNIMOS (OS VÁRIOS AMIGOS).

    O PRONOME "QUEM", CONCORDA COM O AUTOR!!!

  • O correto para a D é: o tempo tornou anônimos. (Já que se refere a "vários amigos")

  • O termo “esquecido” relaciona-se com “aqueles fatos”, portanto o correto é “esquecidos”.

    “Cartas antigas” é a referência de “esquecido” na alternativa b. O correto é “Diante de cartas antigas, que há muito tempo já tinham sido esquecidas”.

    “Anônimo” refere-se a “vários amigos”, o correto é estar no plural: “anônimos”.

  • As normas de concordância verbal e nominal estão plenamente observadas na frase:

    Fazerem-se esquecidoS é um mistério que caracteriza aqueles fatos que pareciam muito importantes, mas que não sobreviveram à ação do tempo.

    Diante de cartas antigas, que há muito tempo já tinhaM sido esquecidAS, o narrador passou a reconstituir fatos e pessoas.

    Por inúteis que possam parecer, cartas antigas estimulam em nossa memória cenas de que jamais nos lembraríamos não fosse o seu estilo. (CORRETA)

    O autor correspondia-se com vários amigos, a quem se ligavaM muito afetuosamente, mas que o tempo tornou anônimo no fundo da memória.

    As cartas mais emocionais o autor pôs fora, para que não viesseM a provocar-lhe fortes excitações antigas, que o deixaram perturbado.