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ID
2752714
Banca
FCC
Órgão
TRT - 2ª REGIÃO (SP)
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                          Meditação e foco no macarrão


      "Sente os pés no chão", diz a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, "sente a respiração”.

      "Inspira, expira", ela diz, mas o narrador dentro da minha cabeça fala mais alto: "Eis então que no início do terceiro milênio, tendo chegado à Lua e à engenharia genética, os seres humanos se voltavam ávidos a técnicas milenares de relaxamento na esperança de encontrar alguma paz e algum sentido para suas vidas simultaneamente atribuladas e vazias".

      Um lagarto, penso, jamais faria um curso de meditação. "Sente a pedra. A barriga na pedra. Relaxa a cauda. Agora sente o sol aquecendo as escamas. Esquece as moscas. Esquece as cobras rondando a toca. Inspira. Expira." Eu imagino que o lagarto sinta a pedra. A barriga na pedra. O prazer simples e ancestral de lagartear sob o sol.

      Se o lagarto consegue esquecer as moscas ou a cobra rondando a toca, já não sei. A parte mais interna e mais antiga do nosso cérebro é igual à dos répteis. É dali que vem o medo, ferramenta evolutiva fundamental para trazer nossos genes triunfantes e nossos cérebros aflitos através dos milênios até aquela roda, no décimo segundo andar de um prédio na cidade de São Paulo.

      Não há nada de místico na meditação. Pelo contrário. Meditar é aprender a estar aqui, agora. Eu acho que nunca estive aqui, agora. O ansioso está sempre em outro lugar. Sempre pré-ocupado. Às vezes acho que nasci meia hora atrasado e nunca recuperei esses trinta minutos. "Inspira. Expira".

      Não é um problema só meu. A revista dominical do "New York Times" fez uma matéria de capa ano passado sobre o tema. Dizia que vivemos a era da ansiedade. Todas as redes sociais são latifúndios produzindo ansiedade. Mesmo o presente mais palpável, como um prato fumegante de macarrão, nós conseguimos digitalizar e transformar em ansiedade. Eu preciso postar a minha selfie dando a primeira garfada neste macarrão, depois nem vou conseguir comer o resto do macarrão, ou sentir o gosto do macarrão, porque estarei ocupado conferindo quantas pessoas estão comentando a minha foto comendo o macarrão que esfria, a minha frente.

      "Inspira, expira.” A voz da instrutora é tão calma e segura que me dá a certeza de que ela consegue comer o macarrão e me dá a esperança de que também eu, um dia, aprenderei a comer o macarrão. É só o que eu peço a cinco mil anos de tradição acumulada por monges e budas e maharishis e demais sábios barbudos ou imberbes do longínquo Oriente. "Inspira. Expira.” Foco no macarrão.

(Adaptado de: PRATA, Antonio. Folha de S. Paulo. Disponível em: www.folha.uol.com.br)  

"Sente os pés no chão", diz a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, "sente a respiração”. (1° parágrafo)


Esse trecho está corretamente reescrito, com o discurso direto substituído pelo indireto, conservando-se o sentido e a correspondência com o restante do texto, em:

Alternativas
Comentários
  • Blz Cassiano, mas em qual dessas regras cabe nessa questão?

     

  • Pela explicação do Cassiano, o verbo sentir não deveria estar no pretérito imperfeito do subjuntivo?

  • Qual o erro da alternativa A?

  • Olá Qcfriends!

     

    - A Querida Professora Flávia Rita disponibilizou a correção da Prova TRT - 2ª Região - FCC - 2018 no Youtube.

     

    Segue o link:

     

    https://m.youtube.com/watch?v=WwpthhNbXdQ

  •  

    Erro da A: A instrutora disse, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, para que sentisse os pés no chão e sentisse a respiração. 

  • Discurso Direto                Discurso Indireto



    -> Presente do Indicativo ------------------------------ Pretérito Imperfeito do Indicativo

    Ele disse: sou feliz. Ele disse que era feliz.

    -> Pretérito Perfeito do Indicativo ------------------- Pretérito Mais que Perfeito do Indicativo

    Ele disse: fui um jovem feliz. Ele disse que fora um jovem feliz.

    -> Futuro do Presente do Indicativo ---------------- Futuro do Pretérito do Indicativo 

    Ele disse: serei aprovado. Ele disse que seria aprovado.

    -> Presente do Subjuntivo ---------------------------- Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

    Ele disse: talvez haja aula. Ele disse que talvez houvesse aula.

    -> Imperativo --------------------------------------------- Infinitivo

    Ele disse: faça escolhas corretas. Ele disse para fazer escolhas corretas.

    Fonte: Professora Flávia Rita

  • Pelo que estou percebendo há uma dúvida sobre a transição do verbo imperativo do discurso direto para o indireto. Flávia Rita diz que ele vira infinitivo, enquanto pestana diz que ele vira preterito imp do subjuntivo:

    A PROFESSORA DISSE: "FAÇA A REDAÇÃO"
                                 [imperativo]

    A PROFESSORA DISSE PARA FAZER A REDAÇÃO   (segundo flávia Rita)
                                         [infinitivo]

    A PROFESSORA DISSE QUE FIZESSE A REDAÇÃO  (segundo Pestana)
                                        [pret.imp.sub]

  • Alguém explica qual o erro da letra A?

     

  • Pedro Pereira,  acho q o erro da A é que a assertiva trocou a forma do tempo verbal. veja que no texto, o autor utiliza a palavra DIZ no presente. Na assertiva A o verbo utilizado foi DISSE, no pretérito. Acho q o erro foi esse. Posso estar errado...

  • Na letra A achei estranho o "disse ... para que". Talvez esse seja o erro. Além disso tem o detalhe do tempo verbal como disse nosso amigo Pedro Victor.

  • DIZ / DISSE

  • Na "D", quando temos uma estrutura intercalada, cabe dupla vírgula. Faltou a segunda.

    Diz a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, que sente os pés no chão e sente a respiração. 

  • Também errei essa questão, marquei a letra A. Percebam que a conjunção para que é o erro na alternativa e tem o mesmo sentido da conjunção a fim de que, que denota finalidade.

  • O erro da "A" foi o modo em que o verbo foi julgado
  • Gabarito - C

     

    A forma mais simples de resolver a questão é fazendo a mudança do tempo e modo verbal. O verbo no imperativo "sente", no discurso indireto, transforma-se em infinitivo "sentir". Dentre as alternativas, a única que apresenta este verbo é a letra (C). No mais, há outra forma de resolver a questão, atentando-se a erros gramaticais.

     

     

    DISCURSO DIRETO ------------------------------> DISCURSO INDIRETO

     

     

    Ele disse: sou feliz.                           Ele disse que era feliz.

    Presente do Indicativo ------------------------------> Pretérito Imperfeito do Indicativo

     

    Ele disse: fui um jovem feliz.                                  Ele disse que fora um jovem feliz.

    Pretérito Perfeito do Indicativo ------------------------------> Pretérito Mais que Perfeito do Indicativo

     

    Ele disse: serei aprovado.                              Ele disse que seria aprovado.

    Futuro do Presente do Indicativo ------------------------------> Futuro do Pretérito do Indicativo 

     

    Ele disse: talvez haja aula.                   Ele disse que talvez houvesse aula.

    Presente do Subjuntivo ------------------------------> Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

     

    Ele disse: faça escolhas corretas.                              Ele disse para fazer escolhas corretas.

    Imperativo -----------------------------------------------------------------> Infinitivo  (Caso da questão)

     

     

    ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    Confira o meu material gratuito > https://drive.google.com/drive/folders/1sSk7DGBaen4Bgo-p8cwh_hhINxeKL_UV?usp=sharing

  • Pontuação!

     

     a) A instrutora disse, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, para que sentisse os pés no chão e sentisse a respiração. 

     

     

     b) Dizia a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão:Sinta os pés no chão, sinta a respiração. Discurso DIRETO

     

     

     c) Com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, a instrutora diz para sentir os pés no chão e sentir a respiração. 

     

     

     d) Diz a instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, que sente os pés no chão e sente a respiração. 

     

     

     e) A instrutora, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, disse que sentiria os pés no chão e sentiria a respiração. 

  • sentisse = pret  imperfeito subjuntivo. Mas subjuntivo gera dúvida, incerteza,... e não há dúvida no que ela fala (ainda acho que esse "diz" da C, não está muito certo, mas deu para aceitar que colocar no subjuntivo estaria mais errado)

  • A "querida" Professora tirou o vídeo do Youtube...

  • a)  A instrutora disse com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, para que sentisse os pés no chão e sentisse a respiração.

    O problema aqui é de pontuação. A vírgula após "chão" separa o verbo "dizer" e o complemento verbal "para que sentisse os pés no chão". Essa é uma das proibições do uso da vírgula, portanto há erro de pontuação.

    Nesse caso, devemos isolar completamente o segmento intercalado "com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão", inserindo mais uma vírgula imediatamente após "disse".

    Além disso, o verbo "dizer" é transitivo direto: dizer alguma coisa. Assim, o segmento "para que sentisse..." deve exercer a função de objeto direto, portanto não deve ser antecedido por preposição "para". Vale destacar que, na alternativa "C" (que é a correta), a construção "diz para sentir" está correta porque temos aqui um verbo infinitivo "sentir". Esse é o motivo de empregarmos a preposição "para".

     

    Correção: A instrutora disse, com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão, que sentisse os pés no chão e sentisse a respiração.

    TEC Concursos

  • Esse ''diz'' na letra C, sei não hem!

  • Na transposição do IMPERATIVO tanto a forma INIFINITIVA quanto o PRET. IMP. SUBJ podem ser utilizados.

    Devemos nos atentar ao enunciado: "Sente os pés no chão, diz a autora"..."sente a respiração) (presente)

    Logo devemos encontrar a equivalência no discurso indireto com a forma a autora diz.

    Dessa forma, somente a alternativa C atende os requisitos para a transposição.

    c)... diz para sentir os pés no chão e sentir a respiração

  • Não entendi o erro na letra A... = /

  • assistam ao comentário da prof. Isabel. Sensacional.

  • O problema da letra A é de pontuação. A vírgula após "chão" separa o verbo "dizer" e o complemento verbal "para que sentisse os pés no chão". Essa é uma das proibições do uso da vírgula, portanto há erro de pontuação.

    Nesse caso, devemos isolar completamente o segmento intercalado "com a voz serena de quem há décadas deve sentir os pés no chão", inserindo mais uma vírgula imediatamente após "disse".

    Além disso, o verbo "dizer" é transitivo direto: dizer alguma coisa. Assim, o segmento "para que sentisse..." deve exercer a função de objeto direto, portanto não deve ser antecedido por preposição "para". Vale destacar que, na alternativa "C" (que é a correta), a construção "diz para sentir" está correta porque temos aqui um verbo infinitivo "sentir". Esse é o motivo de empregarmos a preposição "para".

    TEC

  • Continuo sem entender essa questão.

  • Comentários da professora Isabel ajudam muito!