SóProvas


ID
2762107
Banca
FGV
Órgão
Prefeitura de Niterói - RJ
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1 – Dados Primários


Há cerca de 15 anos, um grupo de pesquisadores do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) preparava um estudo sobre indicadores de sustentabilidade da cidade de Belém e precisava saber quantos metros quadrados de praças e áreas verdes havia em cada bairro da região metropolitana. Durante três meses, os pesquisadores buscaram o dado junto a órgãos públicos. Protocolo para cá, ofício para lá, o máximo que conseguiram foi uma estimativa de que existiam “umas cem praças”. Beto Veríssimo, líder de estudo, reuniu a equipe e propôs; vamos medir nós mesmos. Armados de GPS, trena e suor, em dois meses mapearam quase duas mil praças e áreas verdes na capital paraense.

Lembrei-me desse episódio ao participar do debate recente sobre os dados de cobertura e uso da terra no Brasil.

Em artigo recente no “Valor Econômico”, o autor conclui, após, segundo ele, cruzar várias fontes de dados, que entre 1990 e 2016 a área ocupada pela atividade agropecuária no Brasil teria sido reduzida em 4,2 milhões de hectares, a despeito de 38 milhões de hectares terem sido desmatados no mesmo período. Afirma que a regeneração da mata nativa teria alcançado 50 milhões de hectares no período e que, portanto, para cada hectare desmatado, 1,3 hectare era recuperado. A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.

O incauto, ao ler tal informação, poderia concluir que a área das matas brasileiras teria aumentado nas últimas décadas, e a agropecuária reduzido a área ocupada. Portanto, a expansão da agropecuária não teria causado desmatamento e degradação. Ou seja, tudo ótimo, nada a mudar, basta seguirmos no rumo em que estamos.

Nestas horas, é importante voltar às fontes de dados primários sólidas e abrangentes no tempo e no espaço.

Existem atualmente três iniciativas de mapeamento de cobertura e uso da terra no Brasil. [...] Ainda que todos possam ser melhorados e, embora tenham diferenças de abordagem metodológica, legenda e resolução, os dados gerados por esses três projetos indicam de forma inequívoca:

• o Brasil perdeu cobertura florestal e vegetação nativa durante todos os períodos analisados;

• a área ocupada pela atividade agropecuária cresceu em todos os períodos;

• houve regeneração em larga escala no Brasil, mas ela ainda representa menos de um terço das áreas desmatadas;

• mais de 90% das áreas desmatadas se convertem em agropecuária.

Esta é a realidade nua e crua dos dados primários. Eles, decerto, estão sujeitos a muitas análises e interpretações. Estas só não podem ir de encontro aos fatos.

Tasso Azevedo, O GLOBO, 28/02/2018.

“A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.”
Esse fragmento do texto indica

Alternativas
Comentários
  • B - uma hipótese vista como absurda pelo autor do texto 1.


    A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.

    O incauto, ao ler tal informação, poderia concluir que a área das matas brasileiras teria aumentado nas últimas décadas, e a agropecuária reduzido a área ocupada.


    incauto:

    1 Que ou aquele que não tem cautela; descuidado, improvidente, imprudente.

    2 Que ou o que não revela malícia; crédulo, ingênuo.

  • Gabarito B

    A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.


    O incauto (descuido), ao ler tal informação, poderia concluir que a área das matas brasileiras teria aumentado nas últimas décadas, e a agropecuária reduzido a área ocupada. Portanto, a expansão da agropecuária não teria causado desmatamento e degradação. Ou seja, tudo ótimo, nada a mudar, basta seguirmos no rumo em que estamos. (ironia do autor)

  • Gabarito B


    Não concordo. Porque o parágrafo 3º traz a fala do autor do texto em "Valor Econômico" . A parte final, pedida na questão, INDICA a conclusão dele. Ou seja, alternativa A.


    Concordaria com a B se a pergunta fosse o que em esse trecho culminou, aí sim B - uma hipótese vista como absurda pelo autor do texto 1.



    FGV sempre fazendo questão com o gabarito que o examinador escolhe no chute. Quase metade dos que responderam marcou A. Sigam em frente, vocês sabem interpretar, a FGV que não sabe fazer uma prova digna.


  • Acredito que o erro da alternativa A encontra-se no fato do examinador afirmar que é um conclusão do autor do texto em "Valor Econômico".

    Pois, perceba que, pela alternativa E, o examinador dividiu os sujeitos do texto em:

    Autor do texto: Tasso Azevedo

    Autor do Artigo: Não identificado;

    . Letra E:"uma opinião veiculada pelo autor do artigo em “Valor Econômico”.

    Logo, alternativa B é a única que se encontra correta.

  • A letra B é a correta devido inclusive pelo termo (incauto =ingênuo), ou seja, que logo no parágrafo seguinte afirma o autor que se uma pessoa ingênua =incauto lesse essa tal informação acreditaria. Portanto, o autor acha a hipótese da informação dada um absurdo.

  • O que o fragmento indica não é necessariamente o que o autor do texto acha. É nítido que o autor acha absurdo, mas é isso que o fragmento indica?
  • A alternativa "A" e todas as outras que se referem ao período : " A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade." estão erradas, pois essa é uma hipótese levantada pelo próprio autor do texto 1 em relação aos dados levantados pelo autor do "Valor Econômico", caso esses demonstrassem a realidade. Podemos perceber isso pelo uso do verbo ter no futuro do pretérito indicando hipótese e o valor semântico conclusivo de "então". Outro fator que nos ajuda a concluir isso é o fato de ser altamente improvável que os lucros na agropecuária tenham se dado somente por conta da produtividade e não do desmatamento, ponto de vista esse defendido pelo autor ao longo de todo o texto. Logo em seguida o autor utiliza a palavra "incauto" demonstrando o quanto essa hipótese estaria afastada da realidade, sendo absurda.

  • Eu ia marcar a B, porém achei a palavra "absurda" muito forte. Se o examinador fosse honesto e tivesse usado "improvável" as pessoas acetariam.

  • O examinador quer que vc indique a ideia implícita...

  • Não concordo

    Ultima afirmação do parágrafo 3o:

    A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.

    Primeira frase do 4o parágrafo:

    O incauto, ao ler tal informação

    que afirmação? a última. Ler? onde? No artigo.

    Quem estuda textos dissertativos, quem sabe como se usa elementos de coesão em um texto, sabe que quando se inicia um parágrafo com "tal...", refere-se à ultima afirmação, ao último dado.

    exemplo:

    O homem é um ser ambicioso

    tal afirmação, porém...

  • A questão se referia ao fragmento do texto: “A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.”  Desse modo, a única alternativa possível seria a que está na alternativa A: uma conclusão do autor do texto em “Valor Econômico”.

    A alternativa B estaria correta, o questionamento tivesse sido feito de outra forma.

  • Rapaz, acertei pq ando fazendo muitas questões da FGV e estou com medo da minha sanidade mental já está comprometida.

  • Típica questão de interpretação em que a FGV "escolhe" qual assertiva vai dar como gabarito.

    Esse modo de elaboração das provas desanima demais quem estuda, desvalorizando totalmente o conteúdo aprendido.

    Tenho analisado as estatísticas das questões de português da FGV e venho percebendo que há uma grande assimetria: Ou todos acertam ou todos erram.

    Assim, não há diferenciação ou filtro algum entre os que estão preparados e os que não estão. E o pior de tudo é que nos resta apenas aceitar esse tipo de banca...

  • Lembrete: não se restringir ao período indicado pela banca!

  • Para mim não há alternativa correta. O erro da alternativa A, para mim, é dizer que o trecho é uma conclusão do autor do texto. O trecho não se trata de uma conclusão, e sim de uma hipótese tomando como verdade os fatos do autor do artigo. Na alternativa B, também há um erro. Em NENHUM momento o autor do texto faz um julgamento de valor a respeito dos dados apresentados pelo autor do artigo (pelo menos desde o início do texto até o trecho em evidência, não há esse aspecto). Ele apenas afirma que, caso não se tenha mais dados, outros pontos de vista, poderíamos tomar como verdade as conclusões do autor do artigo.

  • Gabarito Letra B, só porque a banca quer!

    Parabéns FGV!

    SQN

  • O FRAGMENTO corresponde a uma conclusão do autor do texto do "VALOR ECONÔMICO". Isso que esse FRAGMENTO quer dizer. Em um contexto geral poderia ser a alternativa B mas não da forma que esta.

  • "Teria": Futuro do pretérito - Indica uma possibilidade.

    "Extraordinários":  inacreditáveis, inesperados.

    Gaba: B