SóProvas


ID
2777770
Banca
Instituto Acesso
Órgão
SEDUC-AM
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Justiça social-Justiça ecológica


Entre os muitos problemas que assolam a humanidade, dois são de especial gravidade: a injustiça social e a injustiça ecológica. Ambos devem ser enfrentados conjuntamente se quisermos pôr em rota segura a humanidade e o planeta Terra.

A injustiça social é coisa antiga, derivada do modelo econômico que, além de depredar a natureza, gera mais pobreza que pode gerenciar e superar. Ele implica grande acúmulo de bens e serviços de um lado à custa de clamorosa pobreza e miséria de outro. Os dados falam por si: há um bilhão de pessoas que vive no limite da sobrevivência com apenas um dólar ao dia. E há 2,6 bilhões (40% da humanidade) que vive com menos de dois dólares diários. As consequências são perversas. Basta citar um fato: contam-se entre 350-500 milhões de casos de malária com um milhão de vítimas anuais, evitáveis.

Essa antirrealidade foi por muito tempo mantida invisível para ocultar o fracasso do modelo econômico capitalista feito para criar riqueza para poucos e não bem-estar para a humanidade.

A segunda injustiça, a ecológica, está ligada à primeira. A devastação da natureza e o atual aquecimento global afetam todos os países, não respeitando os limites nacionais nem os níveis de riqueza ou de pobreza. Logicamente, os ricos têm mais condições de adaptar-se e mitigar os efeitos danosos das mudanças climáticas. Face aos eventos extremos, possuem refrigeradores ou aquecedores e podem criar defesas contra inundações que assolam regiões inteiras. Mas os pobres não têm como se defender. Sofrem os danos de um problema que não criaram. Fred Pierce, autor de "O terremoto populacional" escreveu no New Scientist de novembro de 2009: "os 500 milhões dos mais ricos (7% da população mundial) respondem por 50% das emissões de gases produtores de aquecimento, enquanto 50% dos países mais pobres (3,4 bilhões da população) são responsáveis por apenas 7% das emissões".

Esta injustiça ecológica dificilmente pode ser tornada invisível como a outra, porque os sinais estão em todas as partes, nem pode ser resolvida só pelos ricos, pois ela é global e atinge também a eles. A solução deve nascer da colaboração de todos, de forma diferenciada: os ricos, por serem mais responsáveis no passado e no presente, devem contribuir muito mais com investimentos e com a transferência de tecnologias e os pobres têm o direito a um desenvolvimento ecologicamente sustentável, que os tire da miséria.

Seguramente, não podemos negligenciar soluções técnicas. Mas sozinhas são insuficientes, pois a solução global remete a uma questão prévia: ao paradigma de sociedade que se reflete na dificuldade de mudar estilos de vida e hábitos de consumo. Precisamos da solidariedade universal, da responsabilidade coletiva e do cuidado por tudo o que vive e existe (não somos os únicos a viver neste planeta nem a usar a biosfera). É fundamental a consciência da interdependência entre todos e da unidade Terra e humanidade. Pode-se pedir às gerações atuais que se rejam por tais valores se nunca antes foram vividos globalmente? Como operar essa mudança que deve ser urgente e rápida?

Talvez somente após uma grande catástrofe que afligiria milhões e milhões de pessoas, poder-se-ia contar com esta radical mudança, até por instinto de sobrevivência. A metáfora que me ocorre é esta: nosso pais é invadido e ameaçado de destruição por alguma força externa. Diante desta iminência, todos se uniriam, para além das diferenças. Como numa economia de guerra, todos se mostrariam cooperativos e solidários, aceitariam renúncias e sacrifícios a fim de salvar a pátria e a vida. Hoje a pátria é a vida e a Terra ameaçadas. Temos que fazer tudo para salvá-las.

Fonte: BOFF, Leonardo. Correio Popular, 2013 Disponível em:<http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/11/blogs/leonardo_boff/117011-justica-social-justicaecologica.html> Acesso em: 16 maio 18. 

Há uma locução verbal em:

Alternativas
Comentários
  • verbo auxiliar + verbo principal = uma ação verbal, desempenhando o papel de um único verbo.


    Neste caso, locução verbal com verbo principal no particípio.

  • Nas locuções verbais, conjuga-se apenas o verbo auxiliar, pois o verbo principal vem sempre em uma das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

    Os verbos auxiliares de uso mais frequente são ter, haver, ser, estar e ir.

    Ser = Verbo auxiliar conjugado no infinitivo

    Enfrentados = Verbo principal no particípio

    Caso queiram saber mais: https://www.infoescola.com/portugues/locucao-verbal/

    Gabarito: ( D )

    Obs: Quando meus comentários estiverem desatualizados ou errados, mandem-me msgns no privado, por favor, porque irei corrigi-los.

  • Eu sabia que pra ser locução verbal, tem que ter um verbo auxiliar qualquer mais um verbo principal no gerúndio ou no infinitivo.

  • Registre-se que a locução verbal "devem ser enfrentados"é composta por mais de dois verbos, dois auxiliares e um principal no particípio.

  • Principais verbos auxiliares: ser/ estar/ ter/ haver/ ir/ dever/ poder Formas nominais do verbo principal: infinitivo (-ar/-er/-ir) gerúndio (-ndo) particípio (-ado/-ido)
  • Assertiva D

    “Ambos devem ser enfrentados[...]”

  • LOCUÇÃO VERBAL: Voz passiva - Ser (verbo aux.)+Particípio ( verbo principal)

    gabarito letra D

  • Por que a letra A não é locução?

  • O que eu entendi sobre a Letra (A):

    "Pode-se pedir". (pode o que? = isso). Logo, o verbo "Pedir" funciona como complemento verbal do verbo "Pode", desta forma, não configura uma locução verbal.

    Me corrijam, por gentileza. Obrigado.

  • Fiquei com dúvida na letra A. Mas pensando melhor, eu identifiquei que os dois verbos formam 2 orações subordinadas substantivas: pode-se isso

    Quando há uma locução verbal, os verbos contabilizam como sendo apenas uma oração.