SóProvas


ID
28504
Banca
CESGRANRIO
Órgão
DECEA
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto II
A nuvem como guia

          Quando eu era criança, morava na Penha. Em
     minha casa, havia quintal. Deitado na grama, eu via
     estrelas, cometas, asteróides: via até a ponta das
     barbas brancas de Deus. Em dia de lua cheia, via até
5     seu sorriso, encimando o bigode branco. As estrelas
     eram tantas que pareciam confetes e lantejoulas, em noite
     de terça-feira gorda. Brilhavam forte, com brilho que hoje
     já não se vê: a luz foi soterrada no céu sombrio pela
     poluição galopante, estufa onde nos esturricaremos todos
10     como torresmos, sem remissão, se os países poluentes
     continuarem sua obra sufocante.
          Na Praia das Morenas, no fim da minha rua,
     tropeçando em siris e caranguejos - naquele tempo
     havia até água-viva na Baía de Guanabara; hoje, nem
15     morta! - eu via barcos de pescadores e peixes
     contorcionistas, mordendo as redes, como borboletas em
     teias de aranha - que ainda existiam naqueles tempos,
     aranhas e borboletas.
          Criança, eu pensava: como seria possível aos
20     pescadores velejar tão longe da areia, perder-se da
     nossa vista, perder-se no mar onde só havia vento em
     ritmos tonitruantes, onde as ondas eram todas iguais,
     sem traços distintivos, feitas da mesma água e mesma
     espuma e, encharcados de tempestades, encontrar o
25     caminho de volta?
          Meu pai explicava: os pescadores olhavam as
     estrelas, guias seguras, honestas, que indicavam o
     caminho de suas choupanas, na praia. Eu olhava o céu
     e via que as estrelas se moviam, e me afligia: talvez
30     enganassem os pescadores. Meu pai esclarecia: os
     pescadores haviam aprendido os movimentos estelares,
     e as estrelas tinham hábitos inabaláveis, confiáveis, eram
     sérias, seguiam sempre os mesmos caminhos seguros.
    
BOAL, Augusto. (adaptado).

Assinale o item correto, quanto aos comentários sintáticos.

Alternativas
Comentários
  • Todos os pronomes relativos "atraem" os demais pronomes.
  • Próclise é a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) antes do verbo.Na Língua Portuguesa usada no Brasil, pode-se usar próclise SEMPRE, com uma única exceção: no início de frases. É, portanto, proibido iniciar frase com pronome oblíquo átono
  •  a) ERRADA:

    de = preposição essencial indicativa de posse

    b) ERRADA:

    confetes e lantejoulas - predicativo do sujeito "que" - pron relativo ("estrelas")
    sua obra sufocante - objeto direto

      c) CORRETA!

    Pron relativo atrai o pron oblíquo >> próclise

    d) ERRADA:

    seria: devia haver - locução verbal, cujo principal verbo é "haver" com ideia de "existir" > é impessoal >> não flexiona

    e) ERRADA:

    vento - objeto direto
    os pescadores - sujeito

    Abs

    Se houver algo errado, por favor, pode corrigir!

     

     

  • NAO CONCORDO COM O GABARITO, PRA MIM PARECER E CONTINUAR SAO VERBOS DE LIGAÇAO, LOGO POSSUEM A MESMA PREDICAÇAO.
    A ALTERNATIVA CORRETA DIZ QUE A COLOCAÇAO DO PRONOME OBLIQUO JUSTIFICA-SE PELO PR, ORA, OS PRON RELATIVOS  ATRAEM  OS PRON OBLIQUOS MAS NAO JUSTIFICAM SUA COLOCAÇAO NA ORAÇAO.
    "SUA OBRA SUFOCANTE" NAO É OD- TENTE FAZER A VOZ PASSIVA DA ORAÇAO- NAO VAI CONSEGUIR
    PRA MIM QUESTAO PASSÍVEL DE ANULAÇAO!!!
  • Colega, não confunda.
    Não é sempre que o verbo continuar terá valor de verbo de ligação. Na situação em questão, ele está sendo utilizado como VTD, está no sentido de "dar continuiade a algo", sendo assim, os termos destacados exercem funções diferentes.
  • Para o continuar ser Verbo de ligação nesse contexto, deveria haver um predicativo do sujeito.

    Ex: João continua cansado. (cansado é predicativo, que indica um estado do joão no momento)

    Ex2: João continua os seus planos (João continua alguma coisa)

    Quanto à colocação, a questão está se referindo à colocação pronominal: próclise, ênclise e mesóclise.
  • Excelente questão. Envolveu vários conteúdos numa mesma e derrubou bastante gente.

  • haver invariável representa sempre oração sem sujeito , logo vento jamais poderia ser sujeito nessa frase ! Eita pegadinha boa ...

  • c

    A questão propõe que pronome oblíqup é justificado pelo pronome relativo. Na realidade, não é que o pronome relativo cause a existencia do pronome oblíquo (ele é justificado pela reflexão do verbo), mas o pronome relativo o atrai, formando assim proclise. 

  • Alguém sabe me explicar por que a alternativa A está errada?

  • Silvana, na alternativa A existe o terno preposicionado DE DEUS. Portanto trata-se de complemento nominal.