SóProvas


ID
285295
Banca
FUNCAB
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A vida após a morte

Muitos cientistas, talvez a maioria, não acreditam em
Deus,muito menos na vida após amorte.Os argumentos não
são fáceis de contestar. Um professor de matemática me
perguntou o que existia de mágico no número 2. "Por que
você não acredita que teremos três ou quatro vidas, cada uma
num estágio superior?" O que faria sentido, disse ele, seriam
o número zero, 1 e infinito. Zero vida seria a morte; uma vida,
aquela que temos; e infinitas vidas, justamente a visão
hinduísta e espírita.
Outro dia, um amigo biólogo me perguntou se eu
gostaria de conviver bilhões de anos ao lado dos ectoplasmas
de macaco, camundongo, besouro e formiga, trilhões de
trilhões de vidas após a morte. "Você vai passar a eternidade
perguntando: 'É você, mamãe?', até finalmente encontrá-la."
Não somos biologicamente tão superiores aos animais como
imaginávamos 2 000 anos atrás. "É uma arrogância humana",
continuou meu amigo biólogo, "achar que só nós merecemos
uma segunda vida."
O cientista Carl Sagan adverte, como muitos outros,
que vida só se tem uma e que devemos aproveitar ao máximo
a que temos. "Carpe diem", ensinava o ator Robin Williams,
"curtam o sexo e o rock and roll." Sociólogos e cientistas
políticos vão argumentar que o céu é um engenhoso truque
das classes religiosas para manter as massas "bem-
comportadas e responsáveis".
Aonde eu quero chegar é que, dependendo de sua
resposta a essa questão, seu comportamento em terra será
criticamente diferente. Resolver essa dúvida religiosa logo no
início da vida adulta é mais importante do que se imagina.
Obviamente, essa questão tem inúmeros ângulos e
dimensões mais completas do que este curto ponto de vista,
mas existe uma dimensão que poucos discutem, o que me
preocupa. Eu, pessoalmente, acredito na vida após a morte.
Acredito que existem até provas científicas compatíveis com
as escrituras religiosas. A genética mostra que você
continuará vivo, depois de sua morte, no DNA de seus filhos.
Seu DNA poderá ser eterno, ele continuará "vivo" em nossa
progênie, nos netos e bisnetos. "Nossa" vida continua;
geração após geração, teremos infinitas vidas, como pregam
os espíritas e os hindus.
Mais interessante ainda, seus genes serão
lentamente misturados, através do casamento de filhos e
netos, com praticamente os de todos os outros seres
humanos da Terra. Seremos lentamente todos irmãos ou
parentes, uma grande irmandade, como rezam muitos textos
místicos e religiosos. Por isso, precisamos ser mais
solidários, fraternos uns com os outros, e perdoar, como
pregam todas as religiões. A pessoa que hoje você está
ajudando ou perseguindo poderá vir a ser o bisavô daquela
moça que vai umdia se casar comseu bisneto.
Seremos todos um, católicos, anglicanos,
protestantes, negros, árabes e judeus, sem guerras religiosas
nem conflitos raciais. É simplesmente uma questão de tempo.
Por isso, temos de adotar um estilo de vida "bem-comportado
e responsável", seguindo preceitos éticos e morais úteis às
novas gerações.
Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia
a dia, mas nunca à custa de nossos filhos, deixando um
planeta poluído, cheio de dívidas públicas e previdenciárias
para eles pagarem. Estamos deixando um mundo pior para
nós mesmos, são nossos genes que viverão nesse futuro.
Inferno nessa concepção é deixar filhos drogados, sem
valores morais, sem recursos, desempregados, sem uma
profissão útil e social. Se não transmitirmos uma ética robusta
a eles, nosso DNA terá curta duração.
“Estar no céu” significa saber que seus filhos e netos
serão bem-sucedidos, que serão dignos de seu sobrenome,
que carregarão seus genes com orgulho e veneração.
Ninguém precisa ter medo da morte sabendo que seus genes
serão imortais. Assim fica claro qual é um dos principais
objetivos na vida: criar filhos sadios, educá-los antes que
alguém os “eduque” e apoiá-los naquilo que for necessário.
Por isso, as mulheres são psicologicamente mais bem
resolvidas quanto a seu papel no mundo do que os homens,
com exceção das feministas.
Homens que têm mil outros objetivos nunca se
realizam, procurando a imortalidade na academia ou
matando-se uns aos outros. Se você pretende ser imortal,
cuide bem daqueles que continuarão a carregar seu DNA,
com carinho, amor e, principalmente, dedicação.

(Stephen Kanitz, in Veja, 21 de maio de 2008)


Assinale a opção que apresenta, respectivamente, a função sintática dos termos grifados no período abaixo.

“Homens que têm mil outros objetivos nunca se realizam, procurando a imortalidade na academia ou matando-se uns aos outros.”

Alternativas
Comentários
  • Alternativa B

    Homens que têm mil outros objetivos nunca se realizam.
    O ''que'' inicia uma oração subordinada adjetiva restritiva, ele substitui, nesta, o sujeito Homens. ''mil outros objetivos'' é um complemento verbal do tipo objeto direto do verbo ter.

    procurando a imortalidade na academia ou matando-se uns aos outros. ''Na academia'' é um adjunto adverbial de lugar.

    Bons estudos!!


      
  • PERÍODO COMPOSTO

    Pessoal,

                   Eu utilizo a seguinte técnica:

     
    ·         Substitua o pronome relativo pelo seu antecedente;
    ·         Observe a função sintática do antecedente na nova posição que assume no lugar do pronome relativo;
    ·         A função do antecedente, em sua nova posição, será a mesma do pronome relativo (que) substituído;
    ·         Em muitos casos, será necessário colocar a nova frase em ordem direta para maior clareza da função do antecedente.

                  Vamos agora a questão:

    “Homens que têm mil outros objetivos nunca se realizam, procurando a imortalidade na academia ou matando-se uns aos outros.”

                    1) O pronome relativo "que" tem função de sujeito. Veja:

    "Homens têm mil outros objetivos."

                     2) O verbo "têm" é transitivo direto, logo "mil outros objetivos" tem função de objeto direto.
                     3) "na academia" tem função sintática de adjunto adverbial de lugar.

    Portanto, assertiva B correta.

    Conhecimento + dedicação + equilíbrio = sucesso.



  • b)sujeito - objeto direto - adjunto adverbial;

    Como notado pelo colega, que é uma conjunção usada em oração subordinada Adjetiva restritiva, mas sintaticamente é o sujeito da oração.

    objeto direto - quem tem algo. Verbo ter é transitivo direto

    adjunto adverbial - indica local

  • O "que" é um pronome relativo que está introduzindo uma oração adjetiva restritiva. Para saber a função sintática do pronome relativo, basta seguir oa seguintes passos:

     

    : isole a oração que contém o pronome relativo: ( "...  que têm mil outros objetivos  ..." );

    : substitua o pronome relativo pelo termo ao qual ele se refere: ( "... homens têm mil outros objetivos ..." );

    : a função sintática que esse termo exercer na nova oração é a mesma que o pronome relativo exerce na oração original;

     

    Logo, "que", exerce função sintática de "sujeito" da oração "... que têm mil outros objetivos ...".

     

    " ... que têm mil outros objetivos ...  procurando a imortalidade na academia ... "

        SUJ. VTD           OD                            VTD                OD            ADJ. ADV.

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

    ------------------- 

    Gabarito: B