SóProvas


ID
2875615
Banca
IDECAN
Órgão
CRF-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Farmácia literária


      Imagine chegar ao consultório ou ao hospital com um incômodo qualquer e sair de lá com a prescrição de uma terapia intensiva de George Orwell, seguida de pílulas de Fernando Pessoa, emplastros de Victor Hugo e doses generosas de Monteiro Lobato. Você não leu errado: uma boa história ajuda a aliviar depressão, ansiedade e outros problemas que atingem a cabeça e o resto do organismo.

      Quem garante esse poder medicamentoso das ficções são as inglesas Ella Berthoud e Susan Elderkin, que acabam de publicar no Brasil Farmácia Literária (Verus). Redigida no estilo de manual médico, a obra reúne cerca de 200 males divididos em ordem alfabética. Para cada um, há dicas de leituras.

      As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura na Universidade de Cambridge. Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas e criaram um serviço de biblioterapia, em que apontam exemplares para indivíduos que procuram assistência. “O termo biblioterapia vem do grego e significa a cura por meio dos livros”, ressalta Ella.

      O método é tão sério que virou política de saúde pública no Reino Unido. Desde 2013, pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações do que devem ler direto do especialista. Da mesma maneira que vão à drogaria comprar remédios, eles levam o receituário à biblioteca e tomam emprestados os volumes aconselhados.

      A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes que avaliaram o papel das palavras no bem-estar. Uma experiência realizada na Universidade New School, nos Estados Unidos, mostrou que pessoas com o hábito de reservar um tempo às letras costumam ter maior empatia, ou seja, uma capacidade ampliada de entender e se colocar no lugar do próximo. Outra pesquisa da também americana Universidade Harvard apontou que leitores ávidos são mais sociáveis e abertos para conversar.

      E olha que estamos falando de ficção mesmo. No novo livro não vemos gêneros como autoajuda ou biografia. “Eles já tinham o seu espaço, enquanto as ficções eram um recurso pouco utilizado. É difícil lembrar-se de uma condição que não tenha sido retratada em alguma narrativa”, esclarece Susan.

      As autoras acreditam que é possível tirar lições valiosas do que fazer e do que evitar a partir da trajetória de heróis e vilões. “Ler sobre personagens que experimentaram ou sentiram as mesmas coisas que vivencio agora auxilia, inspira e apresenta perspectivas distintas”, completa.

      As sugestões percorrem praticamente todas as épocas e movimentos literários da humanidade. A obra mais antiga que integra o livro é a epopeia O Asno de Ouro, assinada pelo romano Lúcio Apuleio no século 2, que serve de fármaco para exagero na autoconfiança. Há também os moderníssimos Reparação, do inglês Ian McEwan (solução para excesso de mentira), e 1Q84, do japonês Haruki Murakami (potente para as situações em que o amor simplesmente termina).

      Disponível em 20 países, cada edição de Farmácia Literária é adaptada para a cultura local, com a inclusão de verbetes e de literatos nacionais. “Nós precisamos contemplar as obras que formaram e moldaram o ideal daquela nação para que nosso ofício faça sentido”, conta Ella. No caso do Brasil, foram inseridos os principais textos de Machado de Assis, Guimarães Rosa e Milton Hatoum, que fazem companhia aos portugueses Eça de Queirós e José Saramago.

(16 de abril de 2017. Rosa Maria Miguel Fontes. Disponível em: http://blogs.uai. com.br/contaumahistoria/farmacia-literaria/.)

Dentre os trechos destacados a seguir, verifica-se marcador de temporalidade em todos, não se considerando os tempos verbais, EXCETO em:

Alternativas
Comentários
  • a) .... enquanto...

    b) Entre ...

    c) Desde ...

  • MARCADORES TEMPORAIS: são aqueles utilizados na escrita para apresentar expressões que fornecem ao leitor a noção de tempo ou passagem do tempo.

    “As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura […]” (3º§) 


    “Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas […]” (3º§)


    Desde 2013, pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações […]” (4º§) 


    “A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes […]” (5º§)


  • Gabarito: Letra D

    Marcador de Temporalidade: situa o leitor e dá noção ou passagem do tempo.

    a) As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura […]” (3º§) - não considera o tempo verbal

    b) “Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas […]” (3º§) - não considera o tempo verbal

    c) “Desde 2013, pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações […]” (4º§) - não considera o tempo verbal

    d) “A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes […]” (5º§) - considera o tempo verbal.

    Tempos verbais são as variações do verbo que indicam em qual momento o fato expresso por ele está ocorrendo. De forma básica, temos os seguintes tempos verbais: passado, presente e futuro.

    Significado de Recente no Dicionário Online de Português: O que é recente: adj. Feito ou acontecido há pouco tempo; novo: descoberta recente.


    Exemplos de marcadores temporais: http://parcimoniadna.blogspot.com/2012/07/marcadores-temporais-e-espaciais.html

    Jesus: meu único Senhor e Salvador!


  • Nunca havia feito questões com esse tema (na verdade nem o conhecia), ótimo, se cair em minha prova não errarei.

  • Bruno Guimarães para de ficar postando divulgações no qc

  • A questão pede a que não é TEMPORAL.

    A) “As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura […]” (3º§) CERTO.

    Temporal

    B) “Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas […]” (3º§) CERTO.

    Temporal

    C) “Desde 2013, pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações […]” (4º§) CERTO.

    Temporal

    D) “A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes […]” (5º§) ERRADO.

    Gabarito: D.

  • Não estou conseguindo entender onde que "recente" não é marcador temporal. Devo estar é louca!

  • Fiquei na dúvida entre a B e a D, infelizmente acabei optando ela D por conta do "recente".

    Mas como eu desconfiei, na frase “A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes" esse "recentes" não é decisivo para situar o leitor em questão de temporalidade, só diz que as pesquisas que serviram de bases eram recentes.

    Já na alternativa B Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas […]”  dá para o leitor se situar e entender que viraram amigas durante esse debate sobre um romance e outro.

    Marcador de Temporalidade: situa o leitor e dá noção ou passagem do tempo.

    Obs: a contextualização é sempre o que prevalece. Sigamos adiante!

  • Acertei de forma intuitiva, mas a pergunta ta muito mal redigida!

  • Conjunções subordinativas:


    Temporais: Quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, enquanto, que (desde que).

     

    É só trocar e ver que em "recente" não se encaixa bem.

     

    De nada. Não desistam!
     

  • Essa banca faz é gostar de textos heim?!

  • a questão pede a alternativa que não trás a noção de tempo, que o caso da D.

    a. enquanto

    b. Entre um ... e outro = durante

    c. desde

  • ENQUANTO

    ETRE

    DESDE

  • Fui eliminando por conjunções e verbos.. Recente não é nenhum nem outro..

  • RAPAZ, se recente não é temporal é o que?

  • Sobre a alternativa d, entendo que recente é um adjetivo de pesquisas, se analisar direito, realmente não funciona como marcador temporal.
  • Notem que PESQUISAS é um substantivo

    Quem se liga a substantivo é adjetivo . No caso RECENTES é apenas qualificador de pesquisa