Para resolver uma questão de identificação de modo e tempo verbal, você precisa saber que em Português:
1)
existem três modos verbais: o indicativo, empregado para expressar fatos, defesa de pontos de vista e manifestação de verdades universais; o subjuntivo, utilizado para explicitar ideia de condição, desejo de que algo se realize ou hipótese; e o imperativo, utilizado em contexto de ordem, súplica e conselho.
2)
o tempo presente é polivalente: os modos subjuntivo e indicativo apresentam os tempos presente, pretérito e futuro, porém é somente no modo indicativo que o presente pode significar defesa de ponto de vista (opinião ou tese), além do valor gramatical de “momento de agora" ou “momento de fala". Além disso, por ter a função de expressar ordem e conselho – ações que as pessoas desejam realizar no presente – o modo imperativo, típico da ordem, é formado pela conjugação adaptada do presente do indicativo e do subjuntivo.
Com base nessas informações, vejamos que o fragmento seguinte traz o seguinte verbo grifado para análise:
“Somos um povo enfático, até exagerado às vezes. Por isso, palavras que expressam intensidade estão na boca do povo."
Observemos que o contexto anterior traz a defesa de pontos de vista – a de que somos um povo exagerado e as palavras que expressam intensidade são ditas pelo povo. Logo, com base nas instruções iniciais para a resolução desta questão, sabemos que “expressam" é forma do modo indicativo, mais especificamente do presente, já que são modo e tempo específicos para a manifestação da opinião, sendo o presente o tempo do indicativo empregado especificamente para tal.
Assim, o tempo a ser assinalado em uma das opções deve ser o presente do indicativo. Vale lembrar, ainda, que todo tempo verbal tem um paradigma de conjugação, um modelo que deve ser seguido. Para obtermos esse paradigma, basta conjugar um verbo regular no tempo e modo desejados. Tentando extrair o paradigma do verbo “cantar" no presente do modo indicativo, por exemplo, teremos:
Eu cant
o
Tu canta
s
Ele canta
Nós canta
mos
Vós canta
is
Eles canta
m
Nas formas acima, fica claro que o que se repete, formando o modelo de conjugação, além do radical “cant" são as desinências que marcam as pessoas verbais, como -o (1ps), s (2ps), por exemplo. Assim,
deveremos marcar a opção em que o verbo, além de expressar um dos sentidos do presente (momento de agora, fato ou marca de opinião), deve apresentar o mesmo paradigma, ou seja, as mesmas terminações de conjugação.
Sabendo isso, analisemos as opções:
A) Pesquiso para constatar; constatando intervenho.
CORRETA. Notemos que o período acima traz um raciocínio lógico do qual surge uma conclusão, ou seja, uma opinião que é obtida como resultado de um evento inicial. No caso, a pessoa pesquisa para constatar; se algo for constatado, logo ela intervém. Se temos um juízo de valor, uma opinião sobre a função da pesquisa e da ação a ela associada (intervir), o tempo e o modo verbal só podem ser o presente e o indicativo.
Além disso, observemos que “intervenho" termina em -o, que é marca da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, segundo o paradigma de conjugação, tal como vimos.
B) Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer.
ERRADA.
Observemos que a terminação do verbo é -R e que ele faz parte de uma locução verbal (grupo de dois ou mais verbos que valem por um): “pode conhecer". Assim, temos o verbo principal (“conhecer") de uma locução verbal, terminado em -R, que é a terminação típica das locuções, além de outras bastante conhecidas, como o -ndo e o -do ou -da. Temos, portanto, o “r" infinitivo, que, assim como o particípio (-do, -da e variações) e o gerúndio (-ndo), são terminações previstas para as locuções verbais. Por essa razão, a letra B não pode ser considerada resposta da questão.
C) Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.
ERRADA.
Aqui, encontramos o verbo com a mesma terminação -R, descrita na opção anterior. Logo, é uma forma infinitiva e não corresponde a nenhuma das terminações do paradigma de conjugação do presente do indicativo. O que ocorre nessa situação, é que não temos o infinitivo compondo uma locução verbal, mas construindo casos em que o sujeito do verbo não é definido. Sabemos, por exemplo, que se deve criar possibilidades, mas não quem ou “o quê ou quem" irá criá-la. O -R infinitivo também serve para construção de orações com sujeitos que não são definidos pelo contexto.
D) Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando.
ERRADA.
Pela explicação presente na letra B, verificamos que o verbo assinalado está no gerúndio, terminação -ndo, fazendo parte de uma locução verbal, “continuo buscando".
E) Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
ERRADA.
Uma das marcas clássicas do modo indicativo é ter as formas -RA e -RE tônicas como terminações de um paradigma de conjugação: o paradigma do tempo futuro do presente, que representa aquilo que irá acontecer a partir de um evento presente, ou ainda, o futuro propriamente dito. Esse sentido do que estar por vir é marcado gramaticalmente por -RA e -RE pronunciados tonicamente, como em “terás", no exemplo da letra E, e “tereis", forma referente a segunda pessoa do plural, “vós" desse paradigma.
Resposta: A