Sempre que você
precisar analisar um fragmento do texto para resolver uma questão, é
imprescindível que observe brevemente as opções. Tal metodologia auxilia na
identificação do conteúdo proposto – se gramatical ou textual – e também na
abordagem teórica desse conteúdo.
Aplicando essa
instrução, verificamos que as opções da questão em análise apresentam
afirmativas sobre a classe gramatical das palavras (se são substantivos,
adjetivos, por exemplo), especificamente sobre a identificação dos exemplos mencionados
em determinada classe de palavras. Quando a cobrança de uma questão for sobre
classes gramaticais, você deve saber que:
(I)
em relação aos
nomes, o substantivo é a classe nuclear e, quase sempre, está acompanhado de palavra(s) secundária(s). Isso significa
que o substantivo é o termo mais importante de uma expressão, em relação a
outros termos nominais. Se ele é nuclear, portanto, as palavras que o
acompanham, como artigos, adjetivos, numerais e pronomes são periféricas ou
secundárias, pois o determinam e o caracterizam. E, justamente por estarem à
disposição dos substantivos, os termos secundários concordam com ele em
gênero e número, devido a uma relação estrutural de dependência.
(II) Quando os
termos secundários substituem os substantivos em um contexto – em vez de
acompanhá-los –, tornam-se termos de função substantiva, por passarem a ser
estruturalmente nucleares. Em um exemplo como Fernando foi ao escritório,
podemos substituir o substantivo próprio “Fernando" pelo pronome pessoal do
caso reto “Ele" (ele foi ao escritório) e, nesse caso, teríamos um
pronome substantivo, porque substitui o substantivo de origem.
(III) Entre os termos secundários, os adjetivos são aqueles
que acompanham os substantivos apresentando características sobre eles. Essas características podem ser positivas,
negativas, objetivas e subjetivas (referentes às impressões e opiniões dos
sujeitos, indivíduos). Por isso, os adjetivos são os únicos termos
secundários que podem apresentar a opinião ou a avaliação de alguém sobre
coisas, pessoas e situações.
(IV)
Para ter a
certeza de que uma palavra é um substantivo, você deve posicionar antes dela um
artigo definido ou indefinido, como
em o lápis, uma vela, por exemplo. Justamente por essa
característica de os substantivos serem antecedidos e determinados por artigos,
todo termo que se deseja substantivar, deverá ter um artigo antes, como em “o
porquê", “um não", por exemplo, em que conjunção e advérbio, respectivamente,
passam a ser substantivos em decorrência do artigo antecedente.
Com base nessas orientações, analisemos as opções:
A)
a palavra “melhor" exerce função de substantivo, visto que aparece
precedida do artigo “um".
ERRADA
Resgatemos a expressão da
qual a palavra “melhor" faz parte: “ter um melhor
amigo de infância".
Cuidado com a afirmação presente na letra A, pois o seu conteúdo nos faz
lembrar de uma recomendação gramatical muito importante, segundo a qual toda
norma gramatical tem de se validar no contexto em que é aplicada. Ou seja,
não adianta o candidato ter uma regra de gramática decorada, pois, para que ela
faça sentido, o exemplo do contexto em análise deve comprovar a sua validade.
Assim, identificamos que existe um artigo indefinido imediatamente
anterior à palavra “melhor", no entanto, nesse contexto, temos uma extensa
expressão composta por nomes: artigo indefinido UM + adjetivo MELHOR +
substantivo AMIGO + locução adjetiva (expressão formada por preposição, “de",
mais um substantivo, “infância", a qual equivale a um adjetivo, pois
caracteriza o substantivo, no caso “amigo"). Essa grande expressão possui um
núcleo, que é o substantivo “amigos", e os termos secundários, que são artigo,
adjetivo e locução adjetiva, como vimos. Ora, se a expressão já apresenta um
termo nuclear, é claro que todos os outros termos são secundários e se referem
a ele.
Por essa razão, nesse contexto, o artigo “um" age sobre o núcleo
“amigo", e não sobre outro termo secundário, que seria, pela proposta da
questão, “melhor". Vale ressaltar que um artigo somente se refere a um termo
secundário quando não há substantivo na expressão, sendo, portanto, a função do
artigo, nesse contexto, justamente tornar esse elemento um substantivo, porque
toda expressão nominal precisa de um núcleo, seja ele “puro" (substantivo, de
fato), seja “emprestado" (substantivação devido à anteposição de artigo).
B) as expressões “mental" e “adulta" exercem a função de adjetivo, pois
qualificam a palavra “vida".
ERRADA.
Retomando as palavras mencionadas
na afirmativa da letra B, temos o seguinte contexto: “pode ser fundamental para a saúde mental na vida adulta".
Fica claro que “mental" e “adulta" são, sim, adjetivos, pois apresentam uma
caracterização para os substantivos a que se referem, os quais, de forma
diferente do que se sugere na letra B, são, respectivamente, “saúde" e “vida".
Assim, a opção traz conteúdo errado já que nela se propõe que os adjetivos
referidos estão relacionados apenas ao substantivo “vida".
C) as expressões “de infância" e “fundamental" exercem a função de
adjetivo.
CORRETA.
Na explicação presente na
letra A, já esclarecemos que uma “locução adjetiva" é uma expressão composta de
preposição e substantivo e que esse conjunto corresponde a um adjetivo. Isso
ocorre porque, tal como um adjetivo, essas locuções caracterizam um substantivo
e, em muitos casos, podem, inclusive, ser substituídas por adjetivo
equivalente. Nesse contexto, não se trata de qualquer amigo, mas daquele que é
especificado como “de infância" e, por mais que a troca da expressão “de
infância" pelo adjetivo “infantil" não seja equivalente nesse caso, fica
evidente que a locução caracteriza e especifica o valor do substantivo “amigo".
Já a palavra “fundamental", mesmo fora de contexto, sinaliza a característica
de extrema importância ou relevância de algo. Se, em análise no contexto da
questão, confirmamos que aqui “fundamental" caracteriza “ter um melhor amigo de
infância", então a afirmação da letra C está correta.
Vale lembrar, ainda, que
existem orações do período composto que apresentam valor de substantivo, pois
são nucleares, como estes, ou seja, são orações que estabelecem relação de
dependência com outras orações mais secundárias. Quando orações desempenham
papel nuclear de substantivos, nomeamos essas estruturas de “orações
subordinadas substantivas".
Caso você queira,
rapidamente, reconhecer que uma oração é substantiva, troque-a pelo pronome
ISSO. Essa substituição é uma dica para o reconhecimento, visto que todo
substantivo pode ser substituído por um pronome. Aplicando essa orientação, “ter
um amigo de infância é fundamental"---- ISSO é fundamental. Se o
“ISSO" funciona na substituição, a oração que ele substitui será equivalente a um
substantivo e, nesse contexto, “fundamental" é o adjetivo que se refere à
oração substantiva “ter um amigo de infância".
D) a palavra “fundamental" não pode ser considerada adjetivo, visto que não
se refere a um substantivo.
ERRADA.
De acordo com a explicação
presente na opção C, verificamos que “fundamental" é um adjetivo, pois
caracteriza uma oração subordinada substantiva.
E) a expressão “de infância" não pode ser adjetivo, pois é formada por uma
preposição e um substantivo.
ERRADA.
A expressão anterior, tal como já explicada nas letras A e C, é uma
locução, porém, sua estrutura composta de duas palavras não a invalida como
adjetivo, visto que essa expressão continua se referindo a e caracterizando um
substantivo. Por essa razão, diz-se que uma locução adjetiva é uma expressão
adjetiva, ou de valor adjetivo.
Resposta: C