- ID
- 2905285
- Banca
- UERR
- Órgão
- CODESAIMA
- Ano
- 2017
- Provas
-
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Administrador
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Advogado
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Assistente Social
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Contador
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Engenheiro Agrônomo
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Engenheiro de Segurança do Trabalho
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Psicólogo
- UERR - 2017 - CODESAIMA - Químico
- Disciplina
- Português
- Assuntos
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais!
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
Aponte o verso do texto JOSÉ em que se percebe uma expectativa de esperança dada pelo eu lírico.