SóProvas


ID
2943334
Banca
FACET Concursos
Órgão
Prefeitura de Marcação - PB
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                   É ético fazer a cabeça de nossos alunos?

Alguns dos livros de história mais usados nas escolas brasileiras carregam na ideologia, que divide o mundo entre os capitalistas malvados e os heróis da resistência
 
       As aulas voltaram, por estas semanas, e decidi tirar a limpo uma velha questão: há ou não doutrinação ideológica em nossos livros didáticos? Para responder à pergunta, analisei alguns dos livros de história e sociologia mais adotados no país. Entre os dez livros que analisei, não encontrei, infelizmente, nenhum “pluralista” ou particularmente cuidadoso ao tratar de temas de natureza política ou econômica. 

      O viés político surge no recorte dos fatos, na seleção das imagens, nas indicações de leituras, de filmes e de links culturais. A coisa toda opera à moda Star wars : o lado negro da força é a “globalização neoliberal”. O lado bom é a “resistência” do Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, e dos “movimentos sociais”. No Brasil contemporâneo, Fernando Henrique Cardoso é Darth Vader, Lula é Luke Skywalker. 

      No livro Estudos de história , da Editora FTD, por exemplo, nossos alunos aprenderão que Fernando Henrique era neoliberal (apesar de “tentar negar”) e seguiu a cartilha de Collor de Melo; e que os “resultados dessas políticas foram desastrosos”. Em sua época, havia “denúncias de subornos, favorecimentos e corrupção” por todos os lados, mas “pouco se investigou”. 

      Nossos adolescentes saberão que “as privatizações produziram desemprego” e que o país assistia ao aumento da violência urbana e da concentração de renda e à “diminuição dos investimentos”. E que, de quebra, o MST pressionava pela reforma agrária, “sem sucesso”. 

      Na página seguinte, a luz. Ilustrado com o decalque vermelho da campanha “Lula Rede Brasil Popular”, o texto ensina que, em 2002, “pela primeira vez” no país, alguém que “não era da elite” é eleito presidente. E que, “graças à política social do governo Lula”, 20 milhões de pessoas saíram da miséria. Isso tudo fez a economia crescer e “telefones celulares, eletrodomésticos sofisticados e computadores passaram a fazer parte do cotidiano de milhões de pessoas, que antes estavam à margem desse perfil de consumo”. 

      Na leitura seguinte, do livro História geral e do Brasil, da Editora Scipione, o quadro era o mesmo. O PSDB é um partido “supostamente ético e ideológico” e os anos de Fernando Henrique são o cão da peste. Foram tempos de desemprego crescente, de “compromissos com as finanças internacionais”, em que “o crime organizado expandiu-se em torno do tráfico de drogas, convertendo-se em poder paralelo nas favelas”.

      Com o governo Lula, tudo muda, ainda que com alguns senões. Numa curiosa aula de economia, os autores tentam explicar por que a “expansão econômica” foi “limitada”: pela adoção de uma “política amigável aos interesses estrangeiros, simbolizada pela liberdade ao capital especulativo”; pela “manutenção, até 2005, dos acordos com o FMI” e dos “pagamentos da dívida externa”. 

      O livro História conecte , da Editora Saraiva, segue o mesmo roteiro. O governo Fernando Henrique é “neoliberal”. Privatizou “a maioria das empresas estatais” e os US$ 30 bilhões arrecadados “não foram investidos em saúde e educação, mas em lucros aos investidores e especuladores, com altas taxas de juros”. A frase mais curiosa vem no final: em seu segundo mandato, Fernando Henrique não fez “nenhuma reforma” nem tomou “nenhuma medida importante”. Imaginei o presidente deitado em uma rede, enquanto o país aprovava a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), o fator previdenciário (1999) ou o Bolsa Escola (2001). 

    No livro História para o ensino médio , da Atual Editora, é curioso o tratamento dado ao “mensalão”. Nossos alunos saberão apenas que houve “denúncias de corrupção” contra o governo Lula, incluindo-se um caso conhecido como mensalão, “amplamente explorado pela imprensa liberal de oposição ao petismo”. 

      Sobre a América Latina, nossos alunos aprenderão que o Paraguai foi excluído do Mercosul em 2012, por causa do “golpe de Estado”, que tirou do poder Fernando Hugo. Saberão que, com a eleição de Hugo Chávez, a Venezuela torna-se o “centro de contestação à política de globalização da economia liderada pelos Estados Unidos”. Que “a classe média e as elites conservadoras” não aceitaram as transformações produzidas pelo chavismo, mas que o comandante “conseguiu se consolidar”. Sobre a situação econômica da Venezuela, alguma informação?  Algum dado crítico para dar uma equilibrada e permitir aos alunos que formem uma opinião? Nada. 

      Curioso é o tratamento dado às ditaduras da América Latina. Para os casos da Argentina, Uruguai e Chile, um capítulo (merecido) mostrando os horrores do autoritarismo e seus heróis: extratos de As veias abertas d a América Latina , de Eduardo Galeano; as mães da Praça de Maio, na Argentina; o músico Víctor Jara, executado pelo regime de Pinochet. Tudo perfeito. 

      Quando, porém, se trata de Cuba, a conversa é inteiramente diferente. A única ditadura que aparece é a de Fulgêncio Batista. Em vez de filmes como
Antes do anoitecer , sobre a repressão ao escritor homossexual Reynaldo Arenas, nossos estudantes são orientados a assistir a Diários de Motocicleta , Che e Personal Che.
        As restrições do castrismo à “liberdade de pensamento” surgem como “contradições” da revolução. Alguma palavra sobre os balseiros cubanos? Alguma fotografia, sugestão de filme ou link cultural? Alguma coisa sobre o paredón cubano? Alguma coisa sobre Yoane Sánchez ou as Damas de Branco? Zero. Nossos estudantes não terão essas informações para produzir seu próprio juízo. É precisamente isso que se chama ideologização. 

      A doutrinação torna-se ainda mais aguda quando passamos para os manuais de sociologia. Em plena era das sociedades de rede, da revolução maker, da explosão dos coworkings e da economia colaborativa, nossos jovens aprendem uma rudimentar visão binária de mundo, feita de capitalistas malvados versus heróis da “resistência”. Em vez de encarar o século XXI e suas incríveis perspectivas, são conduzidos de volta à Manchester do século XIX. 

      Superar esse problema não é uma tarefa trivial.  Há um “mercado” de produtores de livros didáticos bem estabelecido no país, agindo sob a inércia de nossas editoras e a passividade de pais, professores e autoridades de educação. Sob o argumento malandro de que “tudo é ideologia”, essas pessoas prejudicam o desenvolvimento do espírito crítico de nossos alunos. E com isso fazem muito mal à educação brasileira.
 
Artigo escrito pelo filósofo Fernando L. Schüler. Revista Época . Edição de 07 de março de 2016. Número 925 

A passagem a seguir servirá de base para a questão.

“E que, de quebra, o MST pressionava pela reforma agrária, “sem sucesso”.”


De acordo com as normas vigentes no sistema ortográfico da língua portuguesa, as palavras sublinhadas “quebra” e “sucesso”, respectivamente, apresentam:

Alternativas
Comentários
  • Quebra - Encontro consonantal

    Sucesso- Dígrafo

    Gabarito - A

    Obs: Não há Hiato em nenhuma das palavras. A palavra Quebra também apresenta Dígrafo (Quebra). O enunciado da questão pede RESPECTIVAMENTE.Como não há encontro consonantal em Sucesso, é possível eliminar a alternativa C, restando somente a alternativa A como resposta.

    O dígrafo constitui-se de duas letras representando um só fonema, podendo ser consonantal ( gu,qu,ch.lh,nh,rr,ss...) ou vocálico ( a,e,i,o,u seguidos de m ou n na mesma sílaba).

    Cuidado!! Palavras terminadas em: -am -em - en(s) não são dígrafos vocálicos, são ditongos crescentes ( também, amém, pajem, parabéns)

    Já o encontro consonantal é a sequencia consoantes numa palavra. Existem os perfeitos (inseparáveis, ficam na mesma sílaba) e os imperfeitos ( não ficam na mesma sílaba).

  • GABARITO: LETRA A

    A questão foi muito bem elaborada, ela pede de acordo com as palavras e respectivamente.

    >>> “quebra” e “sucesso” --- KeBRa --- suceSo --- logo temos: um dígrafo QU (possui um som) --- BR (encontro consonantal perfeito --- na mesma sílaba) > SS (dígrafo --- somente um som)

    >>> eliminamos o hiato pois não temos hiato, ficamos entre A e C, como a questão pede respectivamente, vamos na letra "a", em que diz: encontro consonantal (BR) e dígrafo (SS).

    Força, guerreiros(as)!!

  • QUEBRA: dígrafo o QU = k , tem também o encontro consonantal perfeito do BRa

    a questão só levou em conta o dígrafo????????

  • Questão mal feita e que deveria ser anulada. Na palavra "quebra" existe, na ordem, dígrafo (que = ) e em seguida um encontro consonantal perfeito (bra). Já na segunda palavra, há somente um dígrafo (sso = ço).

  • kebra

    suceço

  • A questão têm os itens A e C corretos.

  • A questão não foi mal formulada. Ela apenas selecionou uma das características da palavra "quebra" nas alternativas. Induzindo ao erro os mais desatentos. No entanto, só há uma resposta lógica.

    Veja a explicação dada pelo Arthur Carvalho; é excelente.

  • Encontro consonantal é a sequência de duas ou mais consoantes numa palavra, sem a existência de uma vogal intermediária = magnético; pedra; planície.

    Dígrafo é uma sequência de duas letras que forma um único som = missa (5 letras, 4 fonemas).

    .

    Quebra - Encontro consonantal

    Sucesso - Dígrafo

  • O enunciado deveria ser este: Assinale a alternativa que eu considero certa

    A e C o gabarito

    QUE BRA ----> QU: Dígrafo / BR: Encontro C.

    SUCESSO----> SS: Dígrafo e Encontro C.

  • se é respectivamente, então deveria ser : dígrafo e encontro consonantal.

  • GAB AAAA

    QUEBRA -> BR (ENCONTRO CONSONANTAL)

    SUCESS-> SS (DÍGRAFO) 

  • mal feita essa questão.

  • Quebra QU= digráfo BR= encontro consonatal

    Sucessso SS= digráfo

    A reposta mais certa é a A

  • Esse examinador é um herói. Em meio a um contexto completamente tomado pela ideologia (os examinadores das bancas, de modo geral) teve coragem de colocar um texto desse. Meus parabéns!

  • Questão mal feita.

    SUCESSO = Agrupamento de consoante com apenas 1 som. Ou seja SS corresponde a um dígrafo.

    QUEBRA = São considerados dígrafos palavras que possuem "gu" e "qu" (antes de "e" e "i") = guerra, equipagem e distinguir. Ao mesmo tempo a palavra possui um encontro consonantal perfeito "br".

    Para resolver essa questão tem que ir por eliminação. ):

  • Questão mal feita.

  • De acordo com as normas vigentes no sistema ortográfico da língua portuguesa, as palavras sublinhadas “quebra” e “sucesso”, respectivamente, apresentam:

    Alternativas

    A

    encontro consonantal e dígrafo

    B

    hiato e dígrafo

    C

    dígrafo e encontro consonantal

    D

    encontro consonantal e hiato

    E

    dígrafo e hiato