Questão 2974090

• Banca: IBADE
• Órgão: Câmara de Porto Velho - RO
• Ano: 2018
• Provas: IBADE - 2018 - Câmara de Porto Velho - RO - Procurador
• Disciplina: Português
• Assuntos: Conjunções: Relação de causa e consequência; Interpretação de Textos; Morfologia; Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Causos/3

Eduardo Galeano, em O Livro dos Abraços.

O que é a verdade? Averdade é uma mentira contada por Fernando Silva. Fernando conta com o corpo inteiro, e não apenas com palavras, e pode se transformar em outra gente ou em bicho voador ou no que for, e faz isso de tal maneira que depois a gente escuta, por exemplo, o sabiá cantando num galho, e a gente pensa: Esse passarinho está imitando Fernando quando imita o sabiá.

Ele conta causos da linda gente do povo, da gente recém-criada, que ainda tem cheiro de barro; e também causos de alguns tipos extravagantes que ele conheceu, como aquele espelheiro que fazia espelhos e se metia neles, se perdia, ou aquele apagador de vulcões que o diabo deixou zarolho, por vingança, cuspindo em seu olho.

Os causos acontecem em lugares onde Fernando esteve: o hotel que abria só para fantasmas, aquela mansão onde as bruxas morreram de chatice ou a casa de Ticuantepe, que era tão sombreada e fresca que a gente sentia vontade de ter, ali, uma namorada à nossa espera.

Além disso, Fernando trabalha como médico. Prefere as ervas aos comprimidos e cura a úlcera com plantas e ovo de pombo; mas prefere ainda a própria mão. Porque ele cura tocando. E contando, que é outra maneira de tocar. 

Observe:

“... e não apenas com palavras...”, “.... e pode se transformar...”, "... e faz isso de tal maneira...”, "... e a gente pensa...”.

A repetição do “e”, conjunção com valor aditivo, foi usada por Galeano para:

• A. Reforçar o desejo do narrador de imitar a linguagem própria dos seres da floresta.
• B. Criticar a pobreza de vocabulário das pessoas que moram no interior, no mato.
• C. Ressaltar traços de oralidade para aproximar o narrador do contador de histórias.
• D. Plagiar o poder mágico do contador de histórias ao transformar mentira em realidade.
• E. Aguçar nossa vontade de conhecer as fantásticas histórias de outros povos.

Gabarito: C

Comentários

• GABARITO: LETRA C

  Ressaltar traços de oralidade para aproximar o narrador do contador de histórias.

  -----> Fernando conta com o corpo inteiro, e não apenas com palavras, e pode se transformar em outra gente ou em bicho voador ou no que for, e faz isso de tal maneira que depois a gente escuta.

  -----> o polissíndeto (uso de várias conjunções) é um recurso usado para ressaltar e chamar atenção de alguém (no caso foi usado para se aproximar de uma marca de oralidade que o contador de histórias faz uso).

  Força, guerreiros(as)!!