SóProvas


ID
2975374
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
SAAE de Itabira - MG
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            Gravidez na adolescência

                                                                                                                      Drauzio Varella


Por um capricho da natureza feminina, a idade da primeira menstruação diminuiu progressivamente desde o início do século 20.

Em 1900, as moças menstruavam pela primeira vez ao redor dos 17 anos. Hoje, nem bem completam 11 ou 12 anos e já menstruam. Ninguém sabe ao certo a razão desse fenômeno biológico; é provável que esteja ligado à melhor nutrição das crianças atuais.

Até a geração de nossas avós, as mulheres casavam cedo, geralmente antes de entrar na fase reprodutiva. Mais tarde, menstruavam e vinham os filhos, um atrás do outro, até a menopausa. Viviam em sociedades com taxas altas de mortalidade infantil, nas quais dar à luz dez vezes era a estratégia reprodutiva mais sensata para criar cinco ou seis sobreviventes.

Na era da informática, ao contrário, o investimento na educação de uma ou duas crianças consome tanta energia, que os casais responsáveis planejam com extremo cuidado o tamanho de suas famílias.

Nas camadas de nível educacional mais alto, as mulheres brasileiras seguem de perto a tendência internacional de completar os estudos, conseguir trabalho e independência financeira antes de pensar em filhos. Nas maternidades particulares, há muito não causam espanto as primigestas com mais de 40 anos.

Paradoxalmente, no entanto, ao lado dessa característica dos novos tempos, convivemos com o antigo problema da gravidez na adolescência, agravado agora pelo início mais precoce da fase fértil das mulheres. Enquanto as taxas gerais de fecundidade nas décadas de 1970 e 1980 caíram no país inteiro, o número de adolescentes de 15 a 19 anos grávidas aumentou 26%.

A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, realizada em 1996, mostrou que 14% das meninas dessa faixa etária já tinham pelo menos um filho e que as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior.

Entre as parturientes atendidas pela rede do SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase 3 mil estavam na faixa dos 10 aos 14 anos.

Como não poderia deixar de ser, a situação é especialmente grave nas regiões mais pobres do país: no Norte e no Nordeste, de cada três partos, uma das mães tem de 10 a 19 anos. Mas, mesmo no Sul e no Sudeste, o número de parturientes nessa faixa etária é inaceitável: cerca de 25%.

Muitos especialistas em saúde pública calculam que os índices de mortalidade infantil poderiam diminuir significativamente, se houvesse prevenção da gravidez na adolescência, no Brasil.

Grande parte das crianças assim nascidas são filhas de homens que não assumem os deveres inerentes à paternidade. Impunes à lei, simplesmente abandonam os filhos aos cuidados da mãe despreparada, com a conivência silenciosa da sociedade machista e discriminatória em relação às mulheres.

O argumento de que esses homens são irresponsáveis por serem eles também muito jovens nem sempre é verdadeiro, dado o interesse que as adolescentes costumam despertar nos homens mais velhos.

Ficar grávida ainda criança é uma das consequências mais perversas da incompetência de nosso sistema educacional.Amenina pobre, sem instrução, que começa a vida com um bebê no colo, dificilmente conseguirá mudar seu destino de miséria e ignorância.

[...]

Parece que o Ministério da Saúde está decidido a dedicar mais atenção à prevenção da gravidez na adolescência. Entre as medidas adotadas estão a preparação de profissionais para atendimento, divulgação de material educativo, acesso a métodos anticoncepcionais e aos preservativos, além do estímulo à promoção de atividades culturais e esportivas.

Embora essas intervenções sejam fundamentais, a solução do problema não é tarefa exclusiva do governo. A menina que fica grávida aos 12 anos não o faz por decisão prévia, voluntária; engravida por falta de informação, desvantagem econômica ou armadilha da natureza. Se receber orientação adequada, saberá se defender, como demonstram os estudos publicados nessa área.

Ainda que não seja por solidariedade ou economia de recursos, pelo menos por prudência é preciso agir. Afinal, quantos marginais que nos tiram a tranquilidade nas cidades brasileiras descendem de meninas engravidadas em idade de brincar com boneca?

Disponível em:<https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/gravidez-na-adolescencia/>. Acesso em: 18 jan. 2019.

Leia o trecho a seguir.

“Parece que o Ministério da Saúde está decidido a dedicar mais atenção à prevenção da gravidez na adolescência. Entre as medidas adotadas estão a preparação de profissionais para atendimento, divulgação de material educativo, acesso a métodos anticoncepcionais e aos preservativos, além do estímulo à promoção de atividades culturais e esportivas.

Embora essas intervenções sejam fundamentais, a solução do problema não é tarefa exclusiva do governo”.

A conjunção destacada, pela relação que estabelece entre o parágrafo anterior e aquele que ela inicia, é denominada

Alternativas
Comentários
  • Gab. B

    Conjunções Subordinativas são as que tornam orações dependentes, isto é subordinam uma oração a outra. Podem ser Causais, Concessivas, Condicionais, Conformativas Comparativas

    > Conjunções SubordinativasConcessivas: Exprimem concessão, isto é, aquilo que concede, que admite uma oposição: embora, se bem que, mesmo que, ainda que, conquanto, posto que, por mais que, nem que, sem que.

    ex: Conquanto fosse favorito, meu time não venceu a partida.

    Moraes, Filemon Félix de. Curso Básico de Gramática, 2007

    Outro conceito..

    Concessiva: concede ou admite um condição contraria ao fato expresso pelo verbo da oração principal; oposição fraca.

    Ex: Comprei o livro embora estivesse rasgado

  • GABARITO: LETRA B

    Embora essas intervenções sejam fundamentais, a solução do problema não é tarefa exclusiva do governo”.

    -----> temos em destaque uma conjunção subordinativa concessiva (com uma semântica de contraste, quebra de expectativa), podendo ser substituída por: conquanto, ainda que, mesmo que...

    Força, guerreiros(As)!!

  • Letra B

    Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto.

  • Letra B

    Concessivas: iniciam orações subordinadas que exprimem um fato contrário ao da oração principal, mas não o suficiente para anulá-lo.

  • As conjunções são classificadas como subordinativas quando ligam orações, como apresentado na questão, que dependem uma da outra para ter sentido completo, não tendo existência independente. As Conjunções subordinativas adverbiais concessivas introduzem uma oração que apresenta uma ideia de contraste e contradição do acontecimento da oração principal: embora; conquanto; ainda que; mesmo que; se bem que; posto que; …

  • Concessivas: embora, malgrado, conquanto, ainda que, mesmo que, apesar de que, se bem que, nem que, posto que.

  • VAMOS DIRETO AO ASSUNTO PESSOAL:

    PRINCIPAIS CONJUNÇÕES SUBORDINADAS CONCESSIVAS:

    EMBORA, APESAR DE QUE, POSTO QUE, AINDA QUE, MESMO QUE, CONQUANTO ETC

    "SIM, NÓS PODEMOS"

  • GABARITO: B

    Quando a questão for sobre conjunções e aparecer a palavra "embora", nem precisa ler o texto, pode marcar sem medo que é concessiva. São também conjunções concessivas: conquanto, se bem que, ainda que, mesmo que..

    eMbora é sempre coMcessão, kkk.

    "Não pare até que tenha terminado aquilo que começou." - Baltasar Gracián.

    -Tu não pode desistir.

  • ~> Embora

    "De facto, o advérbio embora deriva da expressão antiga «em boa hora». Said Ali explica como esta locução passou a advérbio, constituindo uma unidade com significado próprio (Gramática Histórica da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Melhoramentos, 1965, 5.ª edição, p. 190; mantém-se a ortografia original):"

    (fonte: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-evolucao-do-significado-de-embora-adverbio-conjuncao/28185)

  • GABA b)

    Concessiva Embora, conquanto, ainda que, apesar de, posto que, mesmo que, para que, malgrado

    Embora = em boa hora (formada por aglutinação)

  • GABARITO: LETRA B

    Concessivasintroduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto, etc. Por exemplo:

    Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

    Eu não desistirei desse plano mesmo que todos me abandonem.

    FONTE: WWW.SÓPORTUGUÊS.COM.BR

  • Para responder à questão, é preciso saber o valor semântico da conjunção "embora". "Embora" é conjunção subordinativa concessiva com valor de contraste, consentimento, licença...

    A final.

    Conjunções subordinativas finais: têm valor semântico de finalidade, objetivo, intenção, intuito...

    São elas: a fim de que, para que, que e porque (= para que)

    Ex.: Fazemos tudo, a fim de que você passe nas provas.

    B concessiva.

    Conjunções subordinativas concessivas: têm valor semântico de concessão, contraste, consentimento, licença, quebra de expectativa...

    São elas: (muito) embora, ainda que, se bem que, mesmo que, nem que, mesmo quando, posto que, apesar de que, conquanto, malgrado, não obstante, inobstante...

    Ex.: Embora discordasse, aceitei sua explicação.

    C condicional.

    Conjunções subordinativas condicionais: têm valor semântico de condição, pré-requisito, algo supostamente esperado...

    São elas: se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que...

    Ex.: Se você estudar muito, passará no concurso.

    D causal.

    Conjunções subordinativas causais: têm valor semântico de causa, motivo, razão...

    São elas: porque, porquanto, como, uma vez que, visto que, já que, posto que, por isso que, na medida em que...

    Ex.: Já que você está estudando bastante, suas chances de passar em concurso são enormes.

    Gabarito: Letra B