SóProvas


ID
2987281
Banca
FCC
Órgão
SEMEF Manaus - AM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os sons de antigamente

            Conta-se na família que quando meu pai comprou nossa casa em Cachoeiro do Itapemirim esse relógio já estava na parede da sala e que o vendedor o deixou lá, porque naquele tempo não ficava bem levar.

            Há poucos anos trouxe o relógio para minha casa em Ipanema. Mais velho do que eu, não é de admirar que ele tresande um pouco. Há uma corda para fazer andar os ponteiros e outra para fazer bater as horas. A primeira é forte, e faz o relógio se adiantar; de vez em quando alguém me chama a atenção para isso. Eu digo que essa é a hora de Cachoeiro. É comum o relógio marcar, digamos, duas e meia, e bater solenemente nove horas.

            Na verdade, essa defasagem não me aborrece nada: há muito desanimei de querer as coisas deste mundo todas certinhas, e prefiro deixar que o velho relógio badale a seu bel-prazer. Sua batida é suave, como costumam ser as desses senhores antigos; e esse som me carrega para as noites mais antigas da infância. Às vezes tenho a ilusão de ouvir, no fundo, o murmúrio distante e querido do meu Itapemirim.

            Pois me satisfaz a batida desse velho relógio, que marcou a morte de meu pai e, vinte anos depois, a de minha mãe; e que eu morra às quatro e quarenta da manhã, com ele marcando cinco e batendo onze, não faz mal nenhum; até é capaz de me cair bem. 

(Adaptado de BRAGA, Rubem. Casa dos Braga. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 115/117) 

Considere as afirmações abaixo.

I. O cronista herdou um velho relógio.

II. Esse velho relógio trabalha com irregularidade.

III. O cronista não se importa com essa irregularidade.


Essas três afirmações compõem um período único de redação clara e correta em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    I. O cronista herdou um velho relógio.

    II. Esse velho relógio trabalha com irregularidade.

    III. O cronista não se importa com essa irregularidade.

    ? O cronista não se importa com a irregularidade do velho relógio que herdou. ===> temos uma frase construída perfeitamente com as ideias apresentadas, o principal ponto é a oração subordinada adjetiva RESTRITIVA, que restringe QUAL É ESSE RELÓGIO, dando, assim clareza à frase.

    B) Não dá importância o cronista à que haja irregularidade no velho relógio que herdou. ? crase incorreta.

    C) A irregularidade do relógio que herdou já velho, não importa para o cronista. ? a oração subordinada adjetiva restritiva deixa o sentido ambíguo, quem é velho? O relógio ou o cronista.

    D) Mesmo com irregularidade o cronista não se importa com o trabalho do velho relógio. ? sentido também é alterado em relação ao contexto original.

    E) Conquanto tenha herdado o velho relógio, o cronista não se importa com sua irregularidade. ? temos uma conjunção subordinativa concessiva, mas o valor de concessão é relacionado ao fato do cronista não se importa e não com o fato de ter herdado o relógio.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • achei as opções A e B muito parecidas, alguem sabe explicar o erro da opção B?

  • Acertei mas a letra C me parece correta também.

  • Resp A.

    Não dá importância o cronista à que haja irregularidade no velho relógio que herdou

    Erro da B: Crase antes do que.

  • A) O cronista não se importa com a irregularidade do velho relógio que herdou. GABARITO

    B) Não dá importância o cronista à que haja irregularidade no velho relógio que herdou.

    Não pode usar crase antes de pronome demonstrativo, indefinido, interrogativo ou relativo (exceto a qual).

    Sentido correto: O cronista não dá importância à irregularidade no relógio velho que herdou. Ou: Não dá importância, o cronista, a que haja irregularidade no velho relógio que herdou. (haja usado no sentido de existir)

    C) A irregularidade do relógio que herdou já velho, não importa para o cronista.

    O já velho deveria estar entre vírgulas indicando aposto no deslocamento da frase. A irregularidade do relógio que herdou, já velho, não importa para o cronista. Sem vírgula não dá para saber se quem estava velho era o relógio ou o cronista.

    D) Mesmo com irregularidade o cronista não se importa com o trabalho do velho relógio.

    Faltou vírgula depois da irregularidade. Mesmo com irregularidade, o cronista não se importa com o trabalho do velho relógio. Uso da vírgula é obrigatório para orações subordinadas adverbiais deslocadas. (Mesmo com ideia de concessão)

    E)Conquanto tenha herdado o velho relógio, o cronista não se importa com sua irregularidade.

    A conjunção conquanto é concessiva, mas a concessão está na irregularidade e não na herança. (o cronista afirma que não liga para coisas certinhas e o relógio faz parte da família, então ele permite que o relógio funcione de forma irregular)

    Cuidar com frases deslocadas! Se está deslocada precisa de pontuação. O sentido direto é como está na letra A.

  • A) Gabarito.

    B) Não faz o menor sentido, a crase já faz suspeitar por si só (antes da conjunção integrante - QUE).

    C) A semântica é alterada, pois, quem é velho é o relógio, não o personagem.

    D) O sentido muda, visto que, nessa concepção, quem trataria com irregularidade seria o autor perante o relógio, bem como a falta da vírgula depois do adjunto adverbial de concessão de grande extensão (depois de "irregularidade").

    E) O sentido concessivo muda o sentido da frase, pois o valor dessa está na herança, não na irregularidade do relógio.

    -

    GABARITO, PORTANTO: LETRA A

  • Uma dica que peguei há alguns anos de um professor de português é: não leia o texto "logo de cara" ao abrir a prova, vá direto para o enunciado das 3 primeiras questões para ver o que é exigido lá.

     

    Essa questão é um exemplo disso, não exige NADA relacionado ao texto. A leitura do texto é só para fazer o candidato perder tempo e se desgastar.

  • GABARITO: LETRA A.

    O cronista não dá importância à irregularidade do velho relógio que herdou.

    Resp A.

    Não dá importância o cronista à que haja irregularidade no velho relógio que herdou

    Erro da B: Crase antes do que.

  • A letra C é ambígua.

  • Gabarito''A''.

    Vejamos algumas características do período apresentado:

    Para evitar a repetição da palavra "relógio", utilizou-se o pronome relativo "que", fazendo referência justamente à palavra "relógio";

    O sujeito de "herdou" é elíptico (pode ser visto como "ele"), contudo, com uma leitura atenta, é possível perceber que quem herdou o relógio foi o cronista.

    Não desista em dias ruins. Lute pelo seus sonhos!