SóProvas


ID
2999344
Banca
IDECAN
Órgão
Câmara de Natividade - RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Para ler em 2050


      Quando um dia se puder caracterizar a época em que vivemos, o espanto maior será que se viveu tudo sem antes nem depois, substituindo a causalidade pela simultaneidade, a história pela notícia, a memória pelo silêncio, o futuro pelo passado, o problema pela solução. Assim, as atrocidades puderam ser atribuídas às vítimas, os agressores foram condecorados pela sua coragem na luta contra as agressões, os ladrões foram juízes, os grandes decisores políticos puderam ter uma qualidade moral minúscula quando comparada com a enormidade das consequências das suas decisões. Foi uma época de excessos vividos como carências; a velocidade foi sempre menor do que devia ser; a destruição foi sempre justificada pela urgência em construir. O ouro foi o fundamento de tudo, mas estava fundado numa nuvem. Todos foram empreendedores até prova em contrário, mas a prova em contrário foi proibida pelas provas a favor. Houve inadaptados, mas a inadaptação mal se distinguia da adaptação, tantos foram os campos de concentração da heterodoxia dispersos pela cidade, pelos bares, pelas discotecas, pela droga, pelo facebook.

      A opinião pública passou a ser igual à privada de quem tinha poder para a publicitar. O insulto tornou-se o meio mais eficaz de um ignorante ser intelectualmente igual a um sábio.

      Desenvolveu-se o modo de as embalagens inventarem os seus próprios produtos e de não haver produtos para além delas. Por isso, as paisagens converteram-se em pacotes turísticos e as fontes e nascentes tomaram a forma de garrafa. Mudaram os nomes às coisas para as coisas se esquecerem do que eram. Assim, desigualdade passou a chamar-se mérito; miséria, austeridade; hipocrisia, direitos humanos; guerra civil descontrolada, intervenção humanitária; guerra civil mitigada, democracia. A própria guerra passou a chamar-se paz para poder ser infinita. Também a Guernika passou a ser apenas um quadro de Picasso para não estorvar o futuro do eterno presente. Foi uma época que começou com uma catástrofe mas que em breve conseguiu transformar catástrofes em entretenimento. Quando uma catástrofe a sério sobreveio, parecia apenas uma nova série.

      Todas as épocas vivem com tensões, mas esta época passou a funcionar em permanente desequilíbrio, quer ao nível coletivo, quer ao nível individual. As virtudes foram cultivadas como vícios e os vícios como virtudes. O enaltecimento das virtudes ou da qualidade moral de alguém deixou de residir em qualquer critério de mérito próprio para passar a ser o simples reflexo do aviltamento, da degradação ou da negação das qualidades ou virtudes de outrem. Acreditava-se que a escuridão iluminava a luz, e não o contrário.

(Boaventura de Sousa Santos 16/08/2015. Disponível em:http://cartamaior. com.br/?/ Coluna/Para-ler-em-2050/34252.)

Em “Houve inadaptados, mas a inadaptação mal se distinguia da adaptação, tantos foram os campos de concentração da heterodoxia dispersos pela cidade, pelos bares, pelas discotecas, pela droga, pelo facebook.” (1º§) O verbo “haver” tem seu emprego correto de acordo com a norma padrão. O mesmo ocorre em:

Alternativas
Comentários
  • Letra C

    "Houve vários bate-bocas durante a assembleia."

    Quando a oração é sem sujeito, o verbo haver no sentido de existir, ocorrer ou acontecer é impessoal ficando no singular.

    Sertão!

  • GABARITO: LETRA C

    ===> queremos uma alternativa correta:

    A) Haviam boas razões para suspeitarmos deles. ===> verbo "haver" com sentido de EXISTIR/TER/OCORRER é impessoal, logo não possui sujeito e deve-se manter no singular.

    B) Havia, os rapazes, estudado a semana inteira.

    C) Houve vários bate-bocas durante a assembleia.

    D) Haviam muitas pessoas interessadas no projeto.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • GABARITO C

    Verbo HAVER com sentido de existir é impessoal e não flexiona, permanecendo no SINGULAR.

    Verbo HAVER com sentido de TER flexiona concordando com seu SUJEITO.

    bons estudos

  • Letra C

    "Houve vários bate-bocas durante a assembleia."

    Quando a oração é sem sujeito, o verbo haver no sentido de existir, ocorrer ou acontecer é impessoal ficando no singular.

  • Gab: C

    > Haver no sentido de existir: invariável;

    > Haver no sentido de ter: variável;

  • Gabarito''C''.

     Esse verbo, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso significa que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito. Portanto, é errônea a flexão do verbo no plural.

    Estudar é o caminho para o sucesso.

  • GABARITO - C

    casos em que podemos usar o verbo haver no Plural :

    1) verbo auxiliar (que indica pessoa, tempo e modo verbal; sinônimo de “ter” nos tempos compostos). Nesse caso, o verbo é conjugado no plural.

    Exs.:

    Eles haviam chegado cedo.

    Eles tinham chegado cedo.

    2) como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”, “considerar”, “lidar”, ainda que esses usos sejam menos recorrentes:

    Houveram (= “obter”)  do juiz a comutação da pena (sujeito: “comutação da pena”).

    Nós havemos (= “considerar”) por honesto. (sujeito: “nós”)

    Os alunos houveram-se (= “lidar”) muito bem nos exames. (sujeito: “os alunos”)

    Fonte: Mundo Educação.

  • Alguém poderia por a correção da letra B, por favor.

  • A questão quer saber qual concordância do verbo "haver" foi feita de forma correta. Vejamos:

    a) Incorreta.

    "Haviam boas razões para suspeitarmos deles."

    O verbo "haver" com sentido de "existir" e "ocorrer" não pode ir para o plural, porque é o que chamamos de verbo impessoal, ou seja, não possui sujeito.

    b) Incorreta

    "Havia, os rapazes, estudado a semana inteira."

    O verbo "haver", sendo auxiliar de uma locução verbal, irá variar normalmente. Nessa assertiva o verbo principal é "estudado" que tem como sujeito "os rapazes" que se encontram no plural.

    Os rapazes haviam estudado a semana inteira.

     c) Correta.

    "Houve vários bate-bocas durante a assembleia."

    Igualmente explicado na alternativa A, contudo, aqui foi feita a concordância de forma correta, pois o verbo permaneceu na terceira pessoa do singular.

    d) Incorreta.

    "Haviam muitas pessoas interessadas no projeto."

    Mais um erro de verbo "haver" com sentido de existir que não poderia ter ido para o plural.

    Gabarito do monitor: C

  • O verbo "haver", no sentido de "existir", é impessoal. Não apresenta sujeito, flexão de pessoa e é empregado unicamente no singular. É o que deveria ocorrer nas letras A e D.

    Na letra B, deveríamos empregar a forma plural “Haviam estudado”, para que haja concordância com o sujeito “os rapazes”. Note que o verbo “haver” atua meramente como um auxiliar do verbo principal “estudar”.

    Na letra C, temos o correto emprego no singular do verbo impessoal HAVER, no sentido de EXISTIR.