SóProvas


ID
3042757
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Cujubim - RO
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Minimalismo


      Tenho uma amiga que mora na Europa há anos. Vive com a filha num apartamento de frente para um parque, tem um carro, um emprego e um namorado. Em tese, ela não tem do que se queixar, mas conversávamos outro dia sobre o que significa estar “tudo bem”. Para ela, “tudo bem” é experimentar novas formas de existir. A gente assina um contrato de locação de um imóvel, se acostuma com a mercearia da esquina e quando vê está enraizado num estilo de vida que se repete dia após dia, sem testar nosso espanto, nossa coragem, nossa adaptação ao novo. Humm. O que você está inventando? Perguntei a ela.

      - Vou morar num barco.

      Ainda bem que eu estava sentada. Pensei: “Essa garota é maluca”. E logo: “Que inveja”.

      Tenho zero vontade de morar num barco. Minha inveja foi do desapego e da facilidade com que ela escreve capítulos surpreendentes da sua biografia. “Tenho coisas demais, Martha. Livros demais, roupas demais, móveis demais. Está na hora de viver com menos para poder redefinir o significado de espaço, tempo, silêncio”. O gatilho da nossa conversa foi o documentário Minimalism (disponível no Netflix), que escancara a estupidez do consumo compulsivo, como se ele pudesse preencher nosso vazio. Vazio se preenche com arte, amor, amigos e uma cabeça boa. Consumir feito loucos só produz dívidas e ansiedade.

      Temos perdido tempo, nas redes sociais, criticando o bandido dos outros e defendendo o nosso, sem refletir que o caos político e social tem a mesma fonte: nossa relação doentia com o dinheiro. A ideia de “poder” deveria estar associada à gestão do ócio, às relações afetivas, ao contato com a natureza e à eficiência em manter um cotidiano íntegro, produtivo e confortável (nada contra o conforto), no entanto, “poder” hoje é sinônimo de hierarquia, acúmulo de bens, ostentação e lucratividade non-stop. É por isso que, para tantas pessoas, é natural incorporar benefícios imorais ao salário, ganhar agrados de empreiteiras e fazer alianças com pessoas sem afinidades, mas que um dia poderão vir a ser úteis.

      A sociedade não se dá conta do grau de frustração que ela mesma produz e continua cedendo a impulsos. Uma vez, eu estava na National Portrait Gallery, em Londres, quando, na saída, passei pela loja do museu e percebi, ao lado do caixa, um aquário cheio de latinhas de metal à venda, pouco maiores que uma moeda. Era manteiga de cacau no sabor “chocolate & mint”. Sem hesitar, comprei uma latinha e trouxe-a comigo para o Brasil: hoje ela reside na bancada do banheiro, intocada, para me lembrar de como se pode ser idiota - eu estava dentro de um dos maiores museus do mundo e mesmo assim fiquei tentada a comprar a primeira besteira que vi. O exemplo é bobo, mas ilustrativo de como certos gritos ecoam dentro de nós 24 horas: Compre! Leve! Aproveite! Você nunca mais será o mesmo depois de usar a triunfante manteiga de cacau da National Gallery!

      O único excesso que preciso é de consciência para não me deixar abduzir por essa forma equivocada de dar sentido à vida.

Martha Medeiros. Disponível em:< https://goo.gl/gEgFSi >. Acesso em 10 ago. 2018

O trecho destacado em: “mas que um dia PODERÃO VIR A SER úteis.” pode ser substituído, sem prejuízo de sentido ao texto, por:

Alternativas
Comentários
  • "PODERÃO VIR A SER"

    Expressa ideia de possibilidade e ideia de futuro;

    Letra B e E estão no passado do indicativo

    Letra C no passado do subjuntivo

    Letra A não expressa possibilidade (embora esteja no futuro, acredito que essa alternativa possa a causar confusão).

    A Letra D expressa possibilidade e tem o presente do indicativo, Letra D

  • GABARITO: LETRA D

    → “mas que um dia PODERÃO VIR A SER úteis.” 

    → há uma possibilidade, a qual será marcada pelo advérbio de dúvida "talvez", expressando o futuro do presente do subjuntivo → que eles/elas SEJAM úteis (reforçando a ideia de possibilidade).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! AVANTE NA LUTA!

  • eita falta de atenção :/

  • Pretérito Mais-que-perfeito

    eu pudera

    tu puderas

    ele pudera

    nós pudéramos

    vós pudéreis

    eles puderam

  • Gabarito: letra D

    Temos uma questão sobre CORRELAÇÃO VERBAL!

    ==> "talvez SEJAM" ==> verbo no futuro do subjuntivo (ou conjuntivo), que exprime dúvida, incerteza, possibilidade.

    ==> "mas que um dia PODERÃO VIR A SER úteis." ==> O futuro do presente do indicativo TAMBÉM PODE SER EMPREGADO EM CONTRUÇÕES QUE DÃO A IDEIA DE DÚVIDA OU INCERTEZA.

    Ex.: "Onde estarão os meus familiares nessas turbulências?"