SóProvas


ID
3045244
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto: Pescando na margem do rio


      Era um homem muito velho, que cada manhã acordava certo de que aquela seria a última. E porque seria a última, pegava o caniço, a latinha de iscas, e ia pescar na beira do rio. As poucas pessoas que ainda se ocupavam dele reclamaram, a princípio. Que aquilo era perigoso, que ficava muito só, que poderia ter um mal súbito. Depois, considerando que um mal súbito seria solução para vários problemas, deixaram que fosse, e logo deixaram de reparar quando ia. O velho entrou, assim, na categoria dos ausentes.

      Ausente para os outros, continuava docemente presente para si mesmo.

      Ia ao rio com a alma fresca como a manhã. Demorava um pouco para chegar porque seus passos eram lentos, mas, não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer. Não havia nada ali que não conhecesse, as pedras, as poças, as árvores, e até o sapo que saltava na poça e as aves que cantavam nos galhos, tudo lhe era familiar. E, embora a natureza não se curvasse para cumprimentá-lo, sabia-se bem-vindo.

      O dia escorria mais lento que a água. Quando algum peixe tinha a delicadeza de morder o seu anzol, ele o limpava ali mesmo, cuidadoso, e o assava sobre um fogo de gravetos. Quando nenhuma presença esticava a linha do caniço, comia o pão que havia trazido, molhado no rio para não ferir as gengivas desguarnecidas.

      À noite, em casa, ninguém lhe perguntava como havia sido o seu dia.

      Fazia-se mais fraco, porém.

      E chegou a manhã em que, debruçando-se sobre a água antes mesmo de prender a isca na barbela afiada, viu faiscar um brilho novo. Apertou as pálpebras para ver melhor, não era um peixe. Movido pela correnteza, um anzol bem maior do que o seu agitava-se, sem isca. Por mais que se esforçasse, não conseguiu ver a linha, enxergava cada vez menos. Nem havia qualquer pescador por perto.

      O velho não descalçou as sandálias, as pedras da margem eram ásperas.

      Entrou na água devagar, evitando escorregar. Não chegou a perceber o frio, o tempo das percepções havia acabado. Alongou-se na água, mordeu o anzol que havia vindo por ele, e deixou-se levar.

Marina Colasanti. In: Hora de Alimentar Serpentes. São Paulo: Global, 2013. Páginas 363 – 364.

Em “mas, não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer”, a oração intercalada à oração principal é subordinada reduzida de gerúndio, com valor adverbial. No contexto, percebe-se que essa oração em destaque expressa:

Alternativas
Comentários
  • Qual a causa do caminho ser só prazer? Não ter pressa, portanto não ter pressa vai ser a causa.

    GAB. A

  • GABARITO: LETRA A

    → “mas, não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer”

    → O FATO DE (CAUSA) não ter pressa alguma FEZ QUE (CONSEQUÊNCIA) o caminho fosse-lhe só prazer.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Gab: A

    >> Não tendo eu pressa alguma (causa) o caminho será só prazer (consequência).

  • já que não tem pressa alguma, o caminho será só o prazer a oração desenvolvida

  • Gabarito: A

    Orações reduzidas

    Características:

    1-apresenta verbo na forma nominal (infinitivo, gerúndio, particípio).

    2- não contém conjunção ou pronome relativo.

    3- É sempre uma oração subordinada (substantiva, adjetiva ou adverbial).

  • porque, uma vez que, já que  o caminho lhe era só prazer  não tinha pressa alguma.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • Voltando ao texto dá para entender muito melhor. O trecho mais completo é:

    "Demorava um pouco para chegar porque seus passos eram lentos, mas, não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer."

    É o mesmo que:

    "Demorava um pouco para chegar porque seus passos eram lentos, mas, como não tinha pressa alguma, o caminho lhe era só prazer."

    Como, no início de oração é sempre causa. Ainda poderia ser outras conjunções: uma vez que, visto que, já que.

  • GABARITO A

     não tendo pressa alguma, o caminho lhe era só prazer [ ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CAUSAL REDUZIDA DE GERÚNDIO ]

     JÁ QUE NÃO TINHA PRESSA ALGUMA, o caminho lhe era só prazer. [ ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CAUSAL DESENVOLVIDA ]

    O MOTIVO / A CAUSA / A RAZÃO / O FATO de ele não ter pressa, faz com que o caminho fosse só prazer A ELE.

  • O caminho era só prazer por causa que não tinha pressa alguma.

  • Podemos tentar reescrever:: "mas já que não tinha pressa alguma" - a causa do caminho ser só prazer é porque não tinha pressa.

    Gabarito letra A!