SóProvas


ID
3045631
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de Ananindeua - PA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I                                           O Emblema da Sirene.


      Um dos maiores especialistas em acidentes do mundo, o professor Charles Perow, da Universidade de Yale, diz que existem tragédias virtualmente inevitáveis, que decorrem de falhas de sistema. São o que ele chama de “acidentes normais". Praticamente impossíveis de antecipar, como um terremoto ao qual se segue um tsunami, são, por isso mesmo, os mais desafiadores. É possível, embora improvável, que o rompimento da barragem de Brumadinho, cuja causa ainda não foi esclarecida, venha a ser incluído na categoria dos “acidentes normais” precisam resultar em catástrofes com tamanhas perdas humanas. Aí, entra o descaso.

      Tome-se o exemplo das sirenes de Brumadinho. Depois do desastre de Mariana, que deixou dezenove mortos, a lei passou a exigir que as operadoras de barragens instalassem sirenes para alertar os trabalhadores e moradores das cercanias em caso de rompimento. Cumprindo a lei, a Vale instalou sirenes em Brumadinho e orientou a população sobre rotas de fuga e locais mais seguros para se abrigar. Acontece que, na tarde da sexta-feira 25, a sirene da barragem que se rompeu não tocou. A medida de segurança mais básica, e talvez a mais eficaz para salvar vidas, simplesmente não funcionou. Porquê?

      A assessoria de imprensa da Vale explica que a sirene não tocou “devido à velocidade com que ocorreu o evento”. Parece piada macabra, e não deixa de sê-lo, mas sobretudo descaso letal. Ou alguém deveria acreditar que a Vale instalou um sistema de alerta capaz de funcionar apenas no caso de acidentes que se anunciam cerimoniosamente a si mesmos, aguardam que sejam tomadas as providências de segurança e só então liberam sua fúria?

      O descaso não é órfão. É filho dileto de uma mentalidade que mistura atraso com impunidade. O atraso foi o que levou as empresas de mineração a ignorar as lições de Mariana. Pior: elas trabalharam discretamente, sempre nos bastidores, para barrar iniciativas que, visando a ampliar a segurança nas barragens ,as levariam a gastar algum tempo e algum dinheiro. A impunidade é velha conhecida dos brasileiros. Três anos depois, dos 350 milhões de reais em multas aplicadas pelo Ibama à Samarco, responsável pelo desastre de Mariana, a mineradora não pagou nem um centavo até hoje.

      Acidentes acontecem e voltarão a acontecer. Há os que decorrem de falha humana, os que resultam de erro de engenharia, os produzidos por falhas sistêmicas. Alguns são mais complexos do que outros. Nenhum deles, porém mesmo os inevitáveis "acidentes normais” de Perow, precisa ceifar tantas vidas. Eliminando-se o atraso e a impunidade, pode-se começar com uma sirene que toca. 

                                                                                  Fonte: Veja,16 de fevereiro de 2019.


Texto II  


    I

O Rio? É doce.

A Vale? Amarga

Ai, entes fosse

Mais leve a carga.

    II 

Entre estatais 

E multinacionais

Quantos ais!

    III.

A dívida interna

A dívida externa 

A dívida eterna

     IV

Quantas toneladas exportamos 

De ferro 

Quantas lágrimas disfarçamos 

Sem berro?

                                         Fonte: 1984, Lira Itabirana, Carlos Drummond de Andrade.

No excerto: “(...) para barrar iniciativas que, visando a ampliar a segurança (...)”, sobre a regência do verbo no gerúndio, não se pode afirmar:

Alternativas
Comentários
  • O uso do acento indicativo de crase é proibido diante de verbo no infinitivo.

    GAB. C

  • GABARITO: LETRA C

    A) este pode ser usado como transitivo no sentido de “mirar”. → correto, com o sentido de "mirar" é transitivo direto (complemento sem preposição) → O policial visou a cabeça do meliante.

    B) deve ser usado sem preposição no sentido de por o visto. → Correto, sendo transitivo direto (sem preposição): Os guardas visaram o nosso passaporte.

    C) deveria estar com complemento precedido de um “a” com acento grave. → incorreto, visto que temos um verbo e há presente somente a preposição, logo não haverá crase.

    D) como o complemento é uma oração reduzida de infinitivo há tendência a supressão da preposição. → certo.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • CUIDADO! Típica questão que não fala o português brasileiro rs.

    A questão quer a assertiva incorreta.

    A) Está errada. Visando o alvo... mirando o alvo.

    B) Está errada. Visei o que? O passaporte. Ou seja, transitivo direto, sem preposição.

    C) Correta. Não ocorre crase antes diante de verbos.

    D) Está errada. Certo

  • Gab: C

    C) INCORRETA: “(...) para barrar iniciativas que, visando a ampliar a segurança (...)” >> Não há crase antes de verbo.

  • Não há justificativa para a marcação do fenômeno crásico e acresço que o referido verbo (visar) dispensa a preposição "a" se o complemento verbal for uma oração reduzida de infinitivo. Esta redação também está correta: "visando ampliar a segurança".

    Letra C

  • Não se usa crase antes do verbo no infinitivo
  • “(...) para barrar iniciativas que, visando a ampliar a segurança (...)”

    C) Deveria estar com complemento precedido de um “a” com acento grave.

    Pela regência do verbo VISAR no sentido de ALMEJAR ele é considerado VTI, pedindo a preposição A. O acento grave só não ocorreu ausência de artigo antes do verbo AMPLIAR.

    D) Como o complemento é uma oração reduzida de infinitivo há tendência a supressão da preposição.

    Na verdade o A que aparece antes de AMPLIAR é preposição e não artigo, visto que verbos não pedem artigos para especificá-los, caso contrário eles virariam substantivos -> Substantivação do verbo.

    Essa questão está passível de anulação no meu ponto de vista.

    Me corrijam caso esteja errada por favor.