SóProvas


ID
3048409
Banca
SUGEP - UFRPE
Órgão
UFRPE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1


              Sozinhos na multidão: a solidão na era das redes sociais


Solidão. Essa parece ser uma palavra recorrente e uma constante no comportamento das pessoas no século XXI, o século em que o ser humano nunca esteve, teoricamente, mais conectado aos seus semelhantes em toda a sua história, através do mundo digital da Web e das redes sociais.

Por mais estranho que possa parecer, ao mesmo tempo em que a Internet abriu um mundo novo e revolucionou praticamente todas as formas conhecidas de relacionamento entre pessoas, comunidades e países, as pessoas nunca estiveram mais solitárias, e nunca foram registradas tantas ocorrências de doenças psíquicas, como os diversos transtornos de ansiedade, comportamentos compulsivos originados de quadros de carência afetiva aguda e fratura narcísica, além do impressionante aumento de queixas de depressão, nos mais diversos níveis.

Todos estão conectados, linkados e interligados aos outros através das redes sociais como Facebook, Google+ e outras muitas plataformas existentes com a mesma finalidade (teoricamente): aproximar pessoas. Entretanto, nunca estivemos tão distantes da conexão real entre as pessoas, seja afetiva ou socialmente. As pessoas hoje preferem passar mais tempo conectadas através do computador, tablet, celular ou qualquer outro dispositivo, móvel ou não, do que se encontrar fisicamente para poderem interagir no mundo real.

Pode-se ter uma medida disso ao se observar comportamentos de famílias em restaurantes, grupos de adolescentes no shopping, amigos/amigas/colegas de trabalho almoçando juntos. Chega a ser impressionante o tempo dedicado por todos aos seus dispositivos eletrônicos para envio de mensagens ou e-mails, acompanhar as atualizações feitas pelos seus respectivos “amigos” e conhecidos nas diversas redes sociais, ao invés de dedicar o mesmo tempo para tentar desenvolver algum tipo de interação ou de conexão afetiva real. No caso dos grupos de adolescentes esse fenômeno chega a ser mais impressionante (ou diria, talvez, mais preocupante).

As crianças, ao invés de se relacionarem e brincarem umas com as outras, passam a interagir umas com as outras através de seus tablets e smartphones (dados por pais que não param para avaliar se os filhos já têm idade para serem expostos ao mundo digital desta forma), mandando mensagens (ao invés de conversarem ao vivo e a cores) entre si, jogando online. Com os adolescentes, a cena não é muito diferente: numa mesma mesa pode-se ver a interação sendo feita através de smartphones e tablets, com o envio de mensagens de um para o outro (ao invés de tentar simplesmente conversar), ou através das atualizações de suas respectivas atividades no “Face” (diminutivo de Facebook, porque dá muito trabalho falar Facebook, segundo esses adolescentes, cuja marca registrada é um imenso e constante cansaço).

A este panorama, de pessoas altamente conectadas com tudo e todos à sua volta e, por si só, bastante para desencadear a ansiedade e o aparecimento de neuroses diversas nessa sociedade global do século XXI, adicione-se o surgimento de uma sociedade em que nunca se viu um contingente tão grande de solitários e de laços afetivos tão fluidos e instáveis, a era do chamado “amor líquido”. Uma era em que é mais fácil deletar do que tentar resolver obstáculos e conflitos dentro dos relacionamentos, em que todos estão ligados a todo mundo, mas poucos conseguem estabelecer relações estáveis e saudáveis, seja do ponto de vista afetivo ou sexual.

Isso me leva a concluir que, neste novo mundo de relações digitais e fluidas, está se criando uma nova geração, na qual os relacionamentos virtuais – diferentes dos relacionamentos reais, pesados, lentos e confusos – são muito mais fáceis de entrar e sair; eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear. Quando o interesse acaba, ou a situação chega a determinado ponto que exige pelo menos elaboração, sempre se pode apertar a tecla “delete”. Não sem consequências psíquicas ou com tanta leveza quanto aparenta, já que a modernidade não chega com essa velocidade ao psiquismo.

O que vemos é cada vez mais casos de pacientes com discursos fragmentados, ocorrências de dissociação de personalidade (um resultado nítido das alter personalidades tão usuais no mundo digital), quadros de carência afetiva aguda e comportamentos compulsivos diversos (muito provavelmente originados pelo abandono dos pais pós-modernos), além de transtornos de ansiedade e depressão, nos mais diversos níveis. Vivemos em um mundo onde as pessoas não só estão mais sozinhas, como estão deprimidas, ansiosas (todas buscando aceitação, acolhimento, conexões afetivas e amor), compulsivas e, paradoxalmente, conectadas com o mundo. Ou seja, ao contrário do ditado, não basta estar sozinho, mas sozinho, apesar de acompanhado.

Marcelo Bernstein. Disponível em: http://desacato.info/sozinhos-na-multidao-a-solidao-na-era-das-redes-sociais. Acesso em 16/04/2019. Adaptado.

No 3º parágrafo, lemos: “Todos estão conectados, linkados e interligados aos outros através das redes sociais como Facebook, Google+ e outras muitas plataformas existentes com a mesma finalidade (teoricamente): aproximar pessoas. Entretanto, nunca estivemos tão distantes da conexão real entre as pessoas”. Com o termo destacado, o autor pretendeu:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    → “Todos estão conectados, linkados e interligados aos outros através das redes sociais como Facebook, Google+ e outras muitas plataformas existentes com a mesma finalidade (teoricamente): aproximar pessoas. Entretanto, nunca estivemos tão distantes da conexão real entre as pessoas”

    → temos uma conjunção coordenativa adversativa, responsável por introduzir uma informação que indicará contraste, oposição, adversidade, contraposição (a depender do contexto), logo temos uma nova direção argumentativa que será iniciada (um contraponto ao período anterior).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • conjunção adversativa

    designativo de adversão, oposição, restrição; todavia, contudo, mas, porém, no entanto.

    Então... ele vai dá uma NOVA DIREÇÃO ARGUMENTATIVA, diferente/oposta do que vinha falando.

  • Conjunção coordenativa adversativa ligam duas orações ou palavras, expressando ideia de contraste ou compensação. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante. Por exemplo: temos uma conjunção coordenativa adversativa, responsável por introduzir uma informação que indicará contraste, oposição, adversidade, contraposição (a depender do contexto), logo temos uma nova direção argumentativa que será iniciada (um contraponto ao período anterior). A palavra ENTRETANTO vai introduzir uma nova argumentação, ou seja vai falar que as pessoas estão distantes umas das outras depois desse mundo de novas tecnologias. Anteriormente da palavra ENTRETANTO o argumento era trazer quais redes sociais estão distanciando às pessoas, observe os argumentos que vêm antes de ENTRETANTO e depois de ENTRETANTO.

    Todos estão conectados, linkados e interligados aos outros através das redes sociais como Facebook, Google+ e outras muitas plataformas existentes com a mesma finalidade (teoricamente): aproximar pessoas. Entretanto, nunca estivemos tão distantes da conexão real entre as pessoas”

  • juro que na opção A a palavra "introduzir" eu li "reduzir" kkkk

  • GABARITO LETRA A

    Entretanto é uma conjunção coordenativa adversativa.

    Resumindo o texto: "Estamos tão próximos, entretanto (Porém, mas, contudo, todavia, etc) nunca estivemos tão distantes.

    Ou seja, o texto mostra uma oposição, Esse entretanto, indica que o autor vai mudar o direcionamento do texto.

  • To aqui te falando q tá todo mundo interligado por conta das redes sociais mas, "do nada", falo q tá todo mundo distante.

    É como se eu tivesse traçando uma reta e, do nada, mudasse a direção do percurso. Fiz algo q não estava previsível, mudei o "caminho da reta" bruscamente, fiz algo novo.

    Gabarito: A

  • A questão é sobre o valor semântico da conjunção "entretanto". "Entretanto" é conjunção coordenativa adversativa e tem valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva ...

    A indicar que vai introduzir um trecho com nova direção argumentativa.

    As conjunções coordenativas adversativas têm uma função de relacionar informações contrastantes. Ou seja, elas ligam dois termos ou duas orações indicando contraste entre elas.

    B acrescentar a causa dos fatos que vinha comentando anteriormente, no texto.

    Neste caso seria a conjunção subordinativa causal.

    C sinalizar, para o leitor, que vai conduzir o texto para a sua conclusão.

    Neste caso seria a conjunção coordenativa conclusiva.

    D introduzir um segmento que cumpre a função de explicar as ideias anteriores.

    Neste caso seria a conjunção coordenativa explicativa.

    E adicionar ao texto uma marca linguística de síntese das ideias apresentadas até então.

    Neste caso seria a conjunção coordenativa aditiva.

    Gabarito: Letra A