SóProvas


ID
3059947
Banca
FAU
Órgão
IF-PR
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                             Amor e sexo na era digital


      É na escola, no trabalho ou entre amigos que a maioria dos franceses acha sua alma gêmea. A essa lista agora se somam os sites de encontro. Acusados de enganar o amor com a frieza do cálculo econômico, esses casamenteiros da web permitem especialmente a procura por parceiros ao abrigo do olhar de quem é próximo – uma discrição que altera o modo de viver a sexualidade. O último que surgiu se chama Dating. Lançado pelo Facebook no outono de 2018, veio se juntar a uma longa lista de aplicativos especializados em colocar em contato parceiros amorosos e sexuais.

      Lançadas nos Estados Unidos em meados da década de 1990, essas plataformas foram rapidamente difundidas em outros países, entre eles a França. Os primeiros sites destinados ao público francês foram o Netclub.fr (1997) e o Amoureux.com (1998). Rapidamente depois deles surgiram outros: um recenseamento realizado em 2008 enumera pelo menos 1.045 serviços franceses de encontros. Essa multiplicação de oferta é prova do seu sucesso. Uma pesquisa realizada em 2013 avaliou que 18% de quem tem de 18 a 65 anos de idade já haviam utilizado um desses sites, o que representava cerca de um terço das pessoas solteiras, divorciadas e viúvas. Desde então, esses números sem dúvida aumentaram com a popularidade crescente dos aplicativos para celulares, tablets e notebooks. A mesma pesquisa mostra que, entre as pessoas de 26 a 65 anos de idade que encontraram um(a) parceiro(a) entre 2005 e 2013, pouco menos de 9% o(a) tinham conhecido por meio de um site especializado. Isso coloca esses serviços na quinta posição nas classificações dos espaços de encontro, depois dos locais de estudo e trabalho (24%), das noitadas entre amigos (15%), em lugares públicos (13%) e em casa (9%). Sem ter se tornado o modo dominante para formar um casal, o recurso a essas plataformas é, desde então, uma maneira usual de estabelecer relações.

      A emergência dessas ferramentas suscitou vivas reações. Elas foram acusadas de estimular o “zapping relacional” e até mesmo de alimentar uma “fobia do engajamento”. Expostos a uma grande oferta de parceiros possíveis, os usuários seriam levados a adotar uma atitude consumista e constantemente tentados a procurar “melhores”, em vez de construir uma relação. Os encontros on-line teriam, assim, dado origem a um verdadeiro mercado sexual e afetivo.

      Essas críticas não surpreendem os historiadores. No final do século XIX, o surgimento das agências e dos anúncios matrimoniais suscitou inquietações idênticas. Os comentaristas daquela época os acusavam de fazer do casamento um comércio lucrativo e se perguntavam sobre “a legalidade e a moralidade do “proxenetismo em vista do casamento”. O periódico mensal Le Chasseur français, destinado ao mundo rural, publicou seu primeiro anúncio matrimonial em 1892. Em seguida, ele se tornou um dos principais jornais a abrir suas páginas para solteiros (as) em busca da alma gêmea. No entanto, o descrédito com relação a esse novo modo de encontro o condenou à marginalidade. Ainda em meados da década de 1980, menos de 1% dos(as) franceses(as) tinham conhecido seu par via esse canal, e a grande maioria das pessoas se negava totalmente a usá-lo como recurso para isso. (...)

      Embora recente, esse modo de encontro se inscreve em uma longa evolução. Desde a segunda metade do século XX, constata-se uma migração das práticas de sociabilidade dos lugares públicos para espaços privados e círculos mais estreitos. Os bailes de outrora, por exemplo, deram lugar a noitadas em estabelecimentos particulares. Uma mesma tendência nas classes populares foi bem detalhada e é observada também entre os jovens de todas as classes, com a passagem tendencial de uma “cultura da rua” a uma “cultura de quarto”. Longe de representar novas “festas eletrônicas”, os encontros on-line acentuam esse movimento.

Fonte: Marie Bergström. Jornal Le Monde Diplomatique Brasil. Abril, 2019, páginas 34 e 35.

No que se refere às regras prescritas pela norma-padrão a respeito do emprego dos sinais de pontuação, assinale a alternativa na qual o uso da vírgula é justificado pelo mesmo motivo do seu uso no período: No final do século XIX, o surgimento das agências e dos anúncios matrimoniais suscitou inquietações idênticas:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    No final do século XIX, o surgimento das agências e dos anúncios matrimoniais suscitou inquietações idênticas → temos um adjunto adverbial de tempo deslocado de longa extensão, uso de vírgula obrigatório;

    → letra "b": Desde a segunda metade do século XX, constata-se uma migração das práticas de sociabilidade dos lugares públicos para espaços privados e círculos mais estreitos. → mesma justificativa.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Adjunto adverbial (de tempo) de longa extensão deslocado para o início da oração.

    Uso de vírgula obrigatório.

  • Gabarito: Letra B

    "No final do século XIX, o surgimento das agências..." -> Adjunto adverbial de tempo antecipado de longa extensão.

    A) A vírgula separa uma enumeração;

    B) Separa adjunto adverbial de tempo antecipado/deslocado de longa extensão ( a partir de 3 palavras, segundo a maioria dos gramáticos);

    C) Separa locução conjuntiva adversativa;

    D) Adjunto adverbial exemplificativo;

    E) Separa conjunção conclusiva.

  • ACRESCENTANDO:

    USO DA VÍRGULA

    Vírgula – indica uma pequena pausa na sentença.

    Não se emprega vírgula entre:

    • Sujeito e verbo.

    • Verbo e objeto (na ordem direta da sentença).

    Para facilitar a memorização dos casos de emprego da vírgula, lembre-se de que:

    A vírgula:

    Desloca

    Enumera

    Explica

    Enfatiza

    Isola

    Separa

    Emprego da vírgula:

    a) separar termos que possuem mesma função sintática no período:

    - João, Mariano, César e Pedro farão a prova.

    - Li Goethe, Nietzsche, Montesquieu, Rousseau e Merleau-Ponty.

    b) isolar o vocativo:

    - Força, guerreiro!

    c) isolar o aposto explicativo:

    - José de Alencar, o autor de Lucíola, foi um romancista brasileiro.

    d) mobilidade sintática:

    - Temeroso, Amadeu não ficou no salão.

    - Na semana anterior, ele foi convocado a depor.

    - Por amar, ele cometeu crimes.

    e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos:

    - Isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

    f) separar os nomes dos locais de datas:

    - Cascavel, 10 de março de 2012.

    g) isolar orações adjetivas explicativas:

    - O Brasil, que busca uma equidade social, ainda sofre com a desigualdade.

    h) separar termos enumerativos:

    - O palestrante falou sobre fome, tristeza, desemprego e depressão.

    i) omitir um termo:

    - Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.

    j) separar algumas orações coordenadas

    - Júlio usou suas estratégias, mas não venceu o desafio.

    Vírgula + E

    1)Para separar orações coordenadas com sujeitos distintos:

    Minha professora entrou na sala, e os colegas começaram a rir.

    2) Polissíndeto:

    Luta, e luta, e luta, e luta, e luta: é um filho da pátria.

    3) Conectivo “e” com o valor semântico de “mas”:

    Os alunos não estudaram, e passaram na prova.

    4) Para enfatizar o elemento posterior:

    A menina lhe deu um fora, e ainda o ofendeu.

    FONTE: RITA SILVA