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ID
3070507
Banca
FCC
Órgão
SEMAR-PI
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Com cerca de 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse insumo que a natureza provê de graça. Cada habitante conta com mais de 43 mil m3 por ano dos mananciais, mas apenas 0,7% disso termina utilizado. Nações como a Argélia e regiões como a Palestina, em contraste, usam quase a metade dos recursos hídricos disponíveis, e outras precisam obter recursos hídricos por dessalinização de água do mar.

      Só em aparência, contudo, é confortável a situação brasileira. Em primeiro lugar, há o problema da distribuição: o líquido é tanto mais abundante onde menor é a população e mais preservadas são as florestas, como na Amazônia. No litoral do país, assim como nas regiões Sudeste e Nordeste (onde se concentra 70% da população), muitos centros urbanos já enfrentam dificuldades de abastecimento.

      Para anuviar o horizonte, sobrevêm os riscos de piora com o aquecimento global. Com as crescentes emissões de gases do efeito estufa, a atmosfera terrestre retém mais calor do Sol perto da superfície. Aumenta, assim, a temperatura das massas de ar, energia que alimenta os ventos e tempestades.

      Se os resultados das simulações do clima futuro feitas por modelos de computador estiverem corretos, algumas regiões poderão sofrer estiagens mais frequentes e graves, enquanto outras ficarão sujeitas a inundações.

      O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, um comitê com alguns dos maiores especialistas do país em climatologia, fez projeções sobre as alterações prováveis nas várias regiões, mas com diferentes graus de confiabilidade. As mais confiáveis valem para a Amazônia (aumento de temperatura de 5°C a 6°C e queda de 40% a 45% na precipitação até o final do século), para o semiárido, no Nordeste (respectivamente 3,5°C a 4,5°C e − 40% a − 50%), e para os pampas, no Sul (2,5°C a 3°C de aquecimento e 35% a 40% de aumento de chuvas).

      Não é possível afirmar com certeza que recentes secas no Sudeste e no Nordeste ou as inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima. Tampouco se pode excluir que tenham. Por outro lado, é certo que esses flagelos, assim como o custo bilionário que acarretam, constituem uma boa amostra do que se deve esperar nas próximas décadas para o caso de o aquecimento global se agravar.

      Ficar sem água, porém, é cena cada vez mais incomum no Nordeste, mesmo no semiárido, região onde moram 22 milhões de pessoas e onde as chuvas são pouco previsíveis. Um sistema improvisado de cisternas e açudes já supre, ainda que de forma irregular, as necessidades básicas da população, mesmo a mais isolada.

      É uma realidade muito diferente das muitas secas do passado. Algumas das piores estiveram associadas ao fenômeno El Niño, aquecimento anormal das águas do Pacífico que costuma ser acompanhado de estiagens severas na Amazônia e no Nordeste.

(Adaptado de: Projeto multimídia Líquido e Incerto. Autores: ALMEIDA, Lalo de. LEITE, Marcelo. GERAQUE, Eduardo. CANZIAN, Fernando. GARCIA, Rafael. AMORA, Dimmi. Disponível em: arte.folha.uol.com.br

Está correta a pontuação do seguinte trecho adaptado do texto:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    A) Porém, ficar sem água, é cena cada vez mais, incomum no Nordeste, mesmo no semiárido: região onde moram 22 milhões de pessoas, e onde as chuvas são pouco previsíveis. → temos um sujeito oracional, núcleo verbal "ficar" separado inadequadamente pela vírgula, não se pode separar o sujeito de seu verbo.

    B) Há em primeiro lugar, o problema da distribuição, o líquido é tanto mais abundante onde menor é a população. → o verbo "haver" com sentido de "existir" é impessoal, sendo um verbo transitivo direto, exige um complemento sem preposição, um objeto direto, logo deveria haver outra vírgula para intercalar o termo: Há, em primeiro lugar, o problema OU eliminar a vírgula em vermelho, visto que o termo "o problema" é o objeto direto do verbo "haver".

    C) A atmosfera terrestre, retém, com as crescentes emissões de gases do efeito estufa, mais calor do Sol perto da superfície. → temos o sujeito separado de seu verbo, quem retém? A atmosfera terrestre; logo a vírgula está inadequada.

    D) Não é possível afirmar, com certeza, que, recentes secas no Sudeste e no Nordeste, ou as inundações em Rondônia tenham relação direta com a mudança global e regional do clima. → a oração subordinada substantiva objetiva direta não pode ser separada por vírgula, somente se tiver um termo intercalado, o quê não é o caso.

    E) Nas regiões Sudeste e Nordeste, onde se concentra 70% da população, muitos centros urbanos já enfrentam dificuldades de abastecimento. → correto, vírgulas separando, respectivamente: adjunto adverbial deslocado de longa extensão e uma oração subordinada adjetiva explicativa (entre pontuação).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • excelente questão

  • ALTERNATIVA A: Alternativa incorreta. O segmento “ficar sem água” é uma oração subordinada substantiva subjetiva, sendo sujeito da forma verbal “é”. Por isso, esses segmentos não podem ser separados por vírgula. Além disso, “incomum no Nordeste” caracteriza o substantivo “cena”, por isso, a vírgula depois de “mais” é incorreta, pois separaria os segmentos descritos.

     ALTERNATIVA B: Alternativa incorreta, já que o segmento “em primeiro lugar” é uma expressão adverbial intercalada e, como tal, requer isolamento por vírgulas, devendo haver uma vírgula depois de “há”. Por fim, o trecho “o líquido é tanto mais abundante...” é uma oração coordenada explicativa, portanto, deve ser introduzida por dois-pontos ou mesmo por um conectivo explicativo.

    ALTERNATIVA C: “Retém” possui como sujeito a expressão “a atmosfera terrestre”, não podendo ser esses elementos separados por vírgula. Alternativa incorreta.

    ALTERNATIVA D: Alternativa incorreta, afinal não se pode separar a conjunção integrante (que) da oração que ela inicia (recentes secas...).

    ALTERNATIVA E: Alternativa completamente correta.