SóProvas


ID
3076960
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Queremos a infância para nós


      O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.

      Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas, calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem, etc.

      Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.

      Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída, pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das religiões e alvo da fé. A ideia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança, mesmo sem professar religião nenhuma.

      O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente, a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades, precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?

      E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando fazem cursos, frequentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem está ao lado, acender fósforo para expressar uma ideia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo, escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos, etc.

      Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento, comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. Mas os adultos gritarem desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?

            SAYÃO, Rosely. “As melhores crônicas do Brasil”. In cronicasbrasil.blogspot.com. 

Das alterações feitas no fragmento “O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente” (5º §), está em desacordo com as normas de regência do emprego do pronome relativo a seguinte:

Alternativas
Comentários
  • Gab - A

    a) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele NO qual existe uma fé inabalável. - Acredito que seja: Quem tem fé, tem fé EM algo

    b) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele em quem se pode perfeitamente confiar. - Quem confia, confia EM algo

    c) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele do qual não se pode duvidar. - Quem duvida, duvida DE algo

    d) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele cujo nome é sagrado. - Cujo: relação de possuidor e posse, concorda com o termo que segue.

    e) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele sobre cuja existência não se discute. - Cujo: relação de possuidor e posse, concorda com o termo que segue.

    Qualquer equívoco, corrijam. Bons estudos.

  • GABARITO: LETRA A

    → queremos a opção incorreta:

    A) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele o qual existe uma fé inabalável. → existe uma fé inabalável EM algo ou alguém, o correto seria: em que ou no qual.

    B) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele em quem se pode perfeitamente confiar. → confiar EM algo.

    C) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele do qual não se pode duvidar. → duvidar DE alguma coisa (preposição "de" + artigo definido "o": do).

    D) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele cujo nome é sagrado. → correto, pronome "cujo" com valor possessivo, concordando com o termo que segue.

    E) O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele sobre cuja existência não se discute. → não se discute SOBRE alguma coisa (preposição "sobre" exigida pelo verbo "discutir-se").

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • GABARITO A

    GO FUNDAC PB

  • Pessoal, o cujo deve estar entre 2 substantivos, não?

    "...aquele cujo nome..."

    Aquele é um pronome. Ou estou entendendo errado?

  • Na oração o pronome ''Aquele'' substitui o substantivo Deus, consequentemente atuando como substantivo.