SóProvas


ID
3076963
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            Queremos a infância para nós


      O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.

      Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas, calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem, etc.

      Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.

      Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída, pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das religiões e alvo da fé. A ideia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança, mesmo sem professar religião nenhuma.

      O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente, a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades, precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?

      E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando fazem cursos, frequentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem está ao lado, acender fósforo para expressar uma ideia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo, escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos, etc.

      Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento, comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. Mas os adultos gritarem desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?

            SAYÃO, Rosely. “As melhores crônicas do Brasil”. In cronicasbrasil.blogspot.com. 

Analise com atenção a estrutura sintática e as relações semânticas entre as orações do período “Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?” (5º §). Dos períodos transcritos abaixo, aquele que tem estrutura sintática e semântica semelhante ao transcrito acima é:

Alternativas
Comentários
  • implicitamente perguntando qual a conjunção.

    Resposta D.

  • GABARITO: LETRA D

    → “Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?” >>> temos uma conjunção subordinativa causal, é o que queremos:

    A) É bom ter um amigo invisível, ainda que ele não possa resolver nossos problemas mais urgentes. → conjunção coordenativa concessiva.

    B) O amigo invisível não cobra nada, nem exige lealdade, de modo que tê-lo como amigo facilita a vida. → temos uma ideia de adição, conjunção coordenativa aditiva e uma ideia conclusiva.

    C) Quando se tem um amigo invisível, a vida fica mais fácil. → conjunção subordinativa temporal.

    D) Como ele tinha um amigo invisível e podia contar com o amigo, conseguiu resolver os problemas rapidamente. → temos uma conjunção subordinativa causal, a causa de ele ter um amigo...

    E) Eram tantos os problemas que nem um amigo invisível resolveria. → tanto... que (correlação que marca uma consequência).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

  • Nossa? Não tem estrutura sintática parecida, nem semântica. Só a conjunção que tem a mesma classificação, SÓ. A questão não foi direto ao ponto no comando da questão.

  • GABARITO D - Como ele tinha um amigo invisível e podia contar com o amigo, conseguiu resolver os problemas rapidamente.

    Oração Principal/ Oração Subordinada Adverbial Causal

    Obs: Geralmente, o "como" no início de frase tem sentido de causa.

    “Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?”

    Oração Principal/ Oração Subordinada Adverbial Causal

    Estrutura sintática e semântica semelhante