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ID
3077194
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1

- Leia o texto abaixo e responda à questão..

EUCLIDES DA CUNHA

Autor de “Os sertões” era, antes de tudo, um órfão sem casa, um adolescente poeta e um cadete rebelde. Entenda como sua formação única contribuiu para a criação de um clássico.

      No dia 4 de novembro de 1888, um domingo, o ministro da Guerra de Dom Pedro II passava em revista as tropas da Escola Militar da Praia Vermelha quando um cadete tentou quebrar o próprio sabre e gritou: “Infames! A mocidade livre, cortejando um ministro da monarquia!” O rebelde republicano foi expulso, mas recebeu um convite para escrever no jornal “A província de São Paulo” (futuro “O Estado de S. Paulo”), onde ficaria célebre seu nome, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866-1909).

      Homenageado da 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa na quarta-feira (10/07/19), Euclides é autor de uma das mais potentes interpretações do Brasil: “Os sertões” (1902). Baseado em reportagens do autor, o livro narra o confronto entre soldados da jovem República e sertanejos monarquistas liderados pelo beato Antônio Conselheiro no interior da Bahia. Após quatro expedições, o exército dizimou o arraial de Canudos, onde viviam 25 mil pessoas.

      Misto de ensaio, tratado científico e análise social com caudalosa prosa poética, “Os sertões” é um livro que só Euclides poderia escrever, graças à sua trajetória e a interesses únicos. Como explica a crítica literária e professora emérita da USP Walnice Nogueira Galvão, estudiosa do autor:

      —Ele é um escritor de estilo naturalista com incrustações de parnasianismo, sobretudo nas descrições da paisagem. O romantismo é fortíssimo nele e vem de submersões literárias. É por isso que “Os sertões” é um livro tão apaixonado.

      UNIVERSIDADE NO QUARTEL

      —Nascido em Cantagalo, no interior do Rio, o menino Euclides pulou de casa em casa depois de perder a mãe, aos anos. Primeiro, morou com uma tia, em Teresópolis. Quando ela morreu, foi acolhido na fazenda de outra tia, em São Fidélis, onde iniciou os estudos no Instituto Colegial Fidelense. Aos 11 anos, morou com a avó paterna em Salvador.

      Euclides aportou no Rio em 1879, aos 13 anos, para viver com um tio. Matriculou-se no Colégio Aquino, onde teve Benjamin Constant como professor de matemática. Veterano da Guerra do Paraguai, republicano e positivista fervoroso, Constant colaboraria com o golpe que derrubou a monarquia e foi ministro da Guerra e da Instrução Pública no governo provisório. Suas lições transformaram Euclides num republicano irredutível. 

      Mas nem tudo era militância. No Aquino, Euclides leu os poetas românticos Fagundes Varela e Castro Alves. Seu pai, que era guarda-livros, publicara versos em homenagem ao poeta de “O navio negreiro”. Ainda adolescente, Euclides preencheu um caderno com poemas. Fã das imagens marítimas do francês Victor Hugo, deu-lhe o título de “Ondas”. Mais tarde, publicou poemas na revista editada pelos alunos da Praia Vermelha. Que fique claro: os versos nem de longe lembram a beleza da prosa de “Os sertões”:

      —Euclides era um bom avaliador dos próprios méritos e renegou sua poesia — conta Walnice Nogueira Galvão. As leituras românticas compensavam a aridez da ciência positivista.

      —Virou lugar-comum associá-lo ao positivismo, mas sua grande influência foi o romantismo —afirma Francisco Foot Hardman, professor da Unicamp. — Ele pensava num diálogo entre criação literária e conhecimento científico.

      Esse diálogo vinha da Escola Militar. No Brasil imperial e escravocrata, ela formava soldados comprometidos com a República, a abolição e a filosofia positivista. Um dos professores mais populares da Praia Vermelha era, novamente, Benjamin Constant.

      —Os próprios alunos chamavam a Escola Militar de Tabernáculo da Ciência. Para eles, ciência era o positivismo de Comte e os evolucionismos e biologismos de Darwin, Spencer e Haeckel—diz o historiador José Murilo de Carvalho, autor de “Forças armadas e política no Brasil”, que tem um capítulo sobre o autor. — Era uma universidade dentro de um quartel.

      Um ano após aquele incidente dos gritos contra o ministro monarquista a República foi proclamada e, Euclides, reincorporado ao Exército. Em 1891, ingressou na Escola Superior de Guerra. Na imprensa, defendia a consolidação da República — mas não deixou de censurar o mestre Constant, que, ao ser nomeado ministro, distribuiu cargos a parentes. “Perdeu a auréola, desceu à vulgaridade de um político qualquer”, denunciou, em carta ao pai.

      —Euclides era um republicano puro. A realidade da política logo o levou a se desencantar com o novo regime e com o próprio Constant – diz Carvalho. — E o crime cometido em Canudos pelo Exército foi a gota d’água.

      REVENDO CONCEITOS

      Quando estourou a Guerra de Canudos, Euclides considerava os sertanejos inimigos da ordem e do progresso republicanos. Comparou o povo de Canudos aos camponeses rebeldes que se opuseram à Revolução Francesa.

      Mudou de opinião depois de assistir ao massacre dos sertanejos pelas forças republicanas. Em “Os sertões”, registrou ou últimos defensores de Canudos: “eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados”. 

      O sucesso de “Os sertões” possibilitou o ingresso em instituições que o credenciavam como homem da ciência e da arte: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Academia Brasileira de Letras (ABL). Passou a colaborar com revistas científicas e literárias e, entre 1904 e 1906, incursionou pela Amazônia como chefe da Comissão Mista Brasil-Peru.

      O sucesso, porém, durou pouco. Em 15 de agosto de 1909, Euclides invadiu a casa do tenente Dilermando de Assis, amante de sua mulher, Anna, para vingar sua honra. Acertou dois tiros no rival, que revidou e o matou imediatamente. Notícias da Tragédia da Piedade alastraram-se por todo o país. E o episódio virou até série da Globo. Agora, 110 anos depois, o próprio autor e sua obra ganham novos olhares.

GABRIEL, Ruan de Souza. O Globo, 06/07/2019, Segundo Caderno, p. 1.

Redigindo-se a oração: “Um ano após aquele incidente dos gritos contra o ministro monarquista a República foi proclamada” (11º §) na voz ativa, a redação será:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    →  “Um ano após aquele incidente dos gritos contra o ministro monarquista a República foi proclamada” 

    → temos o verbo "ser → foi" + particípio "proclamada" marcando uma voz passiva analítica, o agente da passiva está indeterminado (alguém proclamou);

    → logo: Proclamaram a República um ano após aquele incidente dos gritos contra o ministro monarquista (temos um sujeito ativo que está na terceira pessoa do plural, indeterminado).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Se na voz passiva são dois verbos (foi proclamada) na voz ativa o verbo "ser" desaparece, ficando somente um (proclamaram).

  • Como esse verbo foi parar no plural meu pai? É por causa "dos gritos"?

  • Sheila Barbosa, não se desespere, confie, eu também tinha mt dificuldade nesse assunto mas estudei mt até aprender, confesso que não achei fácil, essas frases mudam mt, qualquer coisinha já muda o sentido ou sintaxe.

    Vou tentar te ajudar: O verbo foi pro plural porque na voz passiva vc não encontra o sujeito que proclamou, ou seja, ele é sujeito indeterminado(não identificado), e esse tipo de sujeito vai para a 3 pessoa do plural (ou para 3 pessoa do singular+se com verbo VI, VTI e VL - mas lembre-se que não são consideradas voz passivas, sei que é confuso rsrs).

    Uma alternativa que talvez poderia te confundir seria a B, mas ela está na Voz Passiva Sintética "...proclamou-se...", porém a frase pede para achar a Voz Ativa.

    Observação: Para resolver essa questão tem que estar afiado em Voz Passiva, Voz Ativa e Sujeito Indeterminado, estude a fundo esses 3 assuntos que vc vai desvendar os segredos da questão.

    Sucesso.

  • Gabarito: A

  • Gleivan oliviera, muito obrigada por sua ajuda.

    Sucesso para você também!

  • Complemento...

    A voz passiva pode divide-se em:

    Analítica: SER + ADO/IDO

    Sintética : Verbo transitivo Direto ou indireto + pronome apassivador

    B) proclamou-se a República. = vtd + OD = pa.

    C) Foi proclamada = Ser + Ado/ Ido.

    D) Segue o mesmo raciocínio.

    E) Idem.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • gabaritex::::::::A) Proclamaram a República um ano após aquele incidente dos gritos contra o ministro monarquista.