SóProvas


ID
3077605
Banca
FCC
Órgão
EMAE-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75 anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.


Por viver tantos personagens, o ator não se torna um ser diferente?

− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso acontece.


Em casos como esse dá para guardar as emoções?

− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar fascínio e buscar uma comunhão.


O que significa esse ofício de atriz?

– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?

                                                  (Adaptado de: Revistae, São Paulo, Sesc, jul. 2018.) 

O segmento sublinhado em Ali tem que haver uma comunhão (3° parágrafo) possui a mesma função que o sublinhado em:  

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    → Ali tem que haver uma comunhão (3° parágrafo)  → temos o verbo "haver" com sentido de "ocorrer", sendo um verbo impessoal e que não deve ser flexionado, o termo em destaque é objeto direto desse verbo, o qual é transitivo direto, procuramos, então, um objeto direto:

    A) Porque às vezes um ator está de um lado do palco... (3° parágrafo) → temos o sujeito, quem está? Um autor.

    B) Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval... (último parágrafo) → temos o objeto direto e a nossa resposta, quem fala, fala algo (um texto, objeto direto).

    C) Aí, faz-se alguma coisa... (último parágrafo) → temos uma voz passiva sintética, o "se" é uma partícula apassivadora, o termo em destaque é o sujeito paciente: Faz-se alguma coisa (Alguma coisa é feita).

    D) Aí você fica diante de um ser humano. (último parágrafo) → temos um adjunto adverbial de lugar, expressa o lugar onde se fica.

    E) A gente até acha que aquele amor teria gostado...(2° parágrafo) → temos um sujeito, quem acha? A gente.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Professor Arthur Carvalho, avise-nos quando chegar onde você quer, quando passar no concurso seu.

  • Professor Arthur Carvalho, quando alcançar o seu objetivo continue nos ajudando. Gratidão.

  • Apenas complementando a explicação de nosso respeitadíssimo Arthur, pelo qual guardo muita estima:

    Fiquei muito na dúvida se "uma comunhão" não seria o sujeito e fui pesquisar.

    "Oração sem Sujeito

    A oração sem sujeito, ou sujeito inexistente, ocorre quando não existe elemento ou pessoa gramatical ao qual o predicado se refere, articulando-se a partir de um verbo impessoal."

    Fenômenos da natureza

    Amanheceu antes do horário previsto.

    Escureceu.

    Tempo decorrido ou fenômeno meteorológico

    Ser, estar, fazer e haver.

    Está tarde!

    São três horas.

    Haver no sentido de acontecer/existir

    Houve poucas inscrições para aquele concurso.

    Houve um caso assim no meu bairro e tudo acabou bem.

    Havia muita gente no cinema ontem.

    Ser indicando tempo

    É meio-dia agora.

    Amanhã é dia 05 de novembro.

    Verbos Impessoais

    Os verbos impessoais, com exceção do verbo “ser”, devem ser usados sempre na terceira pessoa do singular. Atenção com os verbos “fazer” e “haver” usados impessoalmente, pois não é possível usá-los no plural.

    Faz muitos anos que nos conhecemos.

    Havia muitos alunos interessados na explicação da professora.

    Obrigado, Arthur! ! !

  • Perceba que o verbo “haver” está empregado no sentido de “existir”. Devido a isso, é um verbo impessoal, o que significa que não possui sujeito e que “uma comunhão” funciona como seu objeto direto.

    Analisemos as opções:

    Letra A – ERRADA – O termo “um ator” funciona como sujeito da forma verbal “está”.

    Letra B – CERTA – Aqui, é preciso recorrer ao contexto da leitura. Observe a seguinte passagem do texto:

    O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali.

    Por ela, é possível constatar que o sujeito da forma verbal “fala” é “um padre”. Dessa forma, o termo destacado “um texto” funciona sintaticamente como objeto direto.

    Letra C – ERRADA – O “se” funciona como partícula apassivadora, haja vista que está ladeado de uma forma verbal que pede objeto direto. O pronome apassivador tem como função transformar o objeto direto em sujeito paciente, função esta assumida pelo termo “alguma coisa”.

    Letra D – ERRADA – O termo “de um ser humano” complementa o nome “diante”. Atua, portanto, como complemento nominal.

    Letra E – ERRADA – O termo “A gente” funciona sintaticamente como sujeito da forma verbal “acha”.

  • o verbo Haver não tem sujeito, mas tem OBJETO DIRETO

  • Passei direto no verbo haver... Afff.