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ID
3078286
Banca
FCC
Órgão
SEGEP-MA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O equilíbrio entre desafio e frustração é crucial no ensino. O problema é que estudantes têm talentos variados e diferentes. A mesma aula pode ser fácil demais e entediar certos alunos e, ao mesmo tempo, parecer intransponível a outros.

      É óbvio que não somos todos iguais, mas custamos a admitir isso. Uma consequência da ideia de que somos todos iguais é que a diferença entre os alunos que terão sucesso na escola e os que não terão não pode ser questão de mais ou menos inteligência, predisposição ou preguiça.

      A diferença entre os que conseguem e os que não, para muitos, reside apenas na capacidade de resistir à frustração.

      Ou seja, os que conseguem são os que não desistem, e não desistem porque não se deixam derrubar pela frustração. Os que não conseguem têm as mesmas habilidades, mas perdem coragem quando frustrados. Consequência: o que é preciso ensinar às crianças é resistência à frustração, que os estudos e a vida em geral necessariamente lhes prometem.

      Não deixa de ser paradoxal: nossa cultura pensa que a chave do sucesso está na capacidade de se frustrar. Sempre tem alguém para se indignar porque seríamos hedonistas e imediatistas. Na verdade, somos uma das culturas menos hedonistas da história do Ocidente: somos apologistas da frustração, que, aliás, tornou-se mérito.

      É raro encontrar pais que não estejam convencidos de que não é bom dar a uma criança o que ela quer. É claro que, se faz manhas para obter algo que está fora do orçamento familiar, é preciso dizer não. E talvez seja bom que ela aprenda, assim, que a realidade resiste ao desejo.

      Mas nossa pedagogia frustradora não depende do orçamento: uma criança de classe média, nem obesa nem pré-diabética, pede um sorvete (valor insignificante). Em regra, a resposta será negativa: agora é tarde ou cedo demais, é muito doce, e por aí vai... Produzir uma frustração é considerado um ato pedagógico, que ajudará a criança a crescer.

      Amadurecer, na nossa cultura, significa aprender a renunciar. Por isso, presume-se que o idoso seja mais sábio que o jovem, porque saberia "naturalmente" que a vida é renúncia.

      Mas e se o essencial da vida forem os sorvetes que não tomamos, todos os pequenos (grandes) prazeres aos quais renunciamos em nome de uma propedêutica à suposta grande frustração da vida? Pior: e se estivermos educando as crianças para que queiram desde pequenas renunciar aos prazeres da vida?

      Obviamente, não é preciso dar à criança tudo o que pede. Mas também não é preciso lhe negar o que ela pede sob pretexto de que estaríamos treinando-a para alguma preciosa sabedoria.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Disponível em: folha.uol.com.br, 21/12/2017) 

... e se estivermos educando as crianças para que queiram desde pequenas renunciar aos prazeres da vida? (9° parágrafo)


Transformando-se o elemento sublinhado acima em sujeito da frase, a forma verbal resultante será:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    → ... e se estivermos educando as crianças >>> a frase está na voz passiva, para transformar o termo em destaque em sujeito temos que passá-la para a voz passiva analítica: e se as crianças estiverem sendo educadas por nós (observa-se que o sujeito oculto "nós" passou a ser o agente da passiva e as crianças o sujeito).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • ALTERNATIVA A: Alternativa incorreta. A forma “educando-se” cria um sentido reflexivo, como se as próprias crianças estivesse se educando. As crianças seriam, portanto, o agente e o paciente da ação. No entanto, no texto original, o agente da ação é representado pelo pronome “nós”.

    ALTERNATIVA B: Alternativa incorreta. O presente do subjuntivo – “estejam” - está modificando a temporalidade original, que se apresenta no futuro do subjuntivo – “estivermos”.

     ALTERNATIVA C: Alternativa incorreta. A forma “educam-se” altera a ideia original de ter o “nós” como agente da passiva. Além disso, o presente do indicativo tira a natureza de possibilidade do trecho original.

    ALTERNATIVA D: Alternativa incorreta. O futuro do pretérito – “estariam” - está modificando a temporalidade original, que se apresenta no futuro do subjuntivo – “estivermos”.

    ALTERNATIVA E: Alternativa correta. Redação mantém a ideia original porque, além da temporalidade original ser mantida, teríamos “as crianças” como sujeito bem como o “nós” como agente da passiva