SóProvas


ID
3080599
Banca
FCC
Órgão
MPE-MT
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Antropologia reversa
 
      É sempre tarefa difícil – no limite, impossível – compreender o outro não a partir de nós mesmos, ou seja, de nossas categorias e preocupações, mas de sua própria perspectiva e visão de mundo. “Quando os antropólogos chegam”, diz um provérbio haitiano, “os deuses vão embora”.

      Os invasores coloniais europeus, com raras exceções, consideravam os povos autóctones do Novo Mundo como crianças amorais ou boçais supersticiosos – matéria escravizável. Mas como deveriam parecer aos olhos deles aqueles europeus? “Onde quer que os homens civilizados surgissem pela primeira vez”, resume o filósofo romeno Emil Cioran, “eles eram vistos pelos nativos como
demônios, como fantasmas ou espectros, nunca como homens vivos! Eis uma intuição inigualável, um
insight profético, se existe um”.

      O líder ianomâmi Davi Kopenawa, porta-voz de um povo milenar situado no norte da Amazônia e ameaçado de extinção, oferece um raro e penetrante registro contra-antropológico do mundo branco com o qual tem convivido: “As mercadorias deixam os brancos eufóricos e esfumaçam todo o resto em suas mentes [...] Seu pensamento está tão preso a elas, são de fato apaixonados por elas! Dormem pensando nelas, como quem dorme com a lembrança saudosa de uma bela mulher. Elas ocupam seu pensamento por muito tempo, até vir o sono. Os brancos não sonham tão longe quanto nós. Dormem muito, mas só sonham consigo mesmos”.

(Adaptado de GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 118-119)

Estão plenamente adequados o emprego e a colocação pronominal na frase:

Alternativas
Comentários
  • Próclise, pronome antes do verbo (palavras que atraem são palavras negativas, advérbio, pronomes, conjunção subordinativa, orações optativas, preposição + gerúndio e infinitivo pessoal). 

    Abraços

  • GABARITO: LETRA C

    A) Ainda que não atenham-se aos princípios que regem a cultura nativa, os colonizadores deveriam respeitar-lhes na diferença que lhes constitui. → temos um advérbio de negação como fator atrativo do pronome, fator de próclise, logo o correto seria: não se atenham.

    B) Ao ver os nativos, os colonizadores lhes julgam como crianças amorais e supersticiosas, imputando-as uma extrema ingenuidade. → quem julga, julga alguém (verbo transitivo direto, exige uma complemento sem preposição, um objeto direto), o "lhes" equivale a um complemento indireto, logo o correto seria: os julgam.

    C) Diante dos nativos, os colonizadores consideram-nos incapazes de constituir uma cultura equivalente àquela dos europeus. → correto; temos um verbo terminado em ditongo nasal, logo o pronome a ser usado é -no(s), -na(s).

    D) A cultura europeia, de cuja os colonizadores tanto se orgulham, tem pouco a ver com a dos nativos, que também lhes vangloriam. → o correto seria usar o "se", que, para mim, é uma parte integrante do verbo "vangloriar-se", e marcar uma reflexividade (vangloriam de si mesmos).

    E) Se afastando dos valores de uma cultura, acaba-se por desconsiderá-la a importância que ela deve ter a partir de si mesma. → não começamos oração com pronome, logo o correto seria usar a ênclise: Afastando-se.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Outro erro da letra A:

    que lhes constitui

  • "Diante dos nativos, os colonizadores consideram-nos incapazes [...]"

    Nessa construção, nada desabona a posição proclítica, de modo que a estrutura abaixo não destoa da norma culta:

    "Diante dos nativos, os colonizadores os consideram incapazes [...]"

    Letra C

  • Verbos terminados de formas nasais: EM, AM, ÕE e ÕEM,

    devem ser substituídos por NO, NA, conforme o gabarito.

  • D) A cultura europeia, de cuja os colonizadores tanto se orgulham, tem pouco a ver com a dos nativos, que também lhes vangloriam. [ERRADO]

    O erro da letra D ocorre em função do pronome relativo "cujo" que não pode ser seguido ou precedido de artigo, podendo apenas ser acompanhado de preposição quando o verbo exigir.

  • A) Caso de proibição da próclise

    B) o "lhes" usado de forma incorreta. Não sei explicar, mas sei compreender e aplicar.

    C) Colocação certa do "-nos" e também do "àquela"

    D) A regência da preposição "de" está correta, mas o artigo "os" anula a questão. O correto seria de cujos colonizadores.

    E) Caso de proibição da próclise

  • Em "Consideram-nos", letra C, o uso do "NOS" é a forma pronominal "OS" que se torna "NOS" devido a nasalidade do verbo "consideram"? Pq tbm parece que é o próprio pronome "NOS", da primeira pessoa do plural e se o fosse, não estaria errado o seu uso, já que esse NOS refere-se aos nativos?

  • No vídeo, há a resolução da questão.

    Assistir a partir de 02:15:07

    https://www.youtube.com/watch?v=7CshwH6VBWI

    fonte: 1ª Overdose de Questões TRF3 - Estratégia Concursos - Prof. Adriana Figueiredo

  • "Cuja os..." forçou a amizade.

  • A) Ainda que não atenham-se aos princípios que regem a cultura nativa, os colonizadores deveriam respeitar-lhes na diferença que lhes constitui.

    1.NA COLOCAÇÃO PRONOMINAL, PALAVRAS COM SENTIDO NEGATIVO ATRAEM O PRONOME, PORTANTO, O CORRETO É "AINDA QUE NÃO SE ATENHAM...";

    2.QUANTO AO EMPREGO DO PRONOME OBLÍQUO, O VERBO RESPEITAR É TRANSITO DIRETO. QUEM RESPEITA, RESPEITA ALGUÉM. POR ISSO, NÃO HÁ USO DO PRONOME "LHES", POIS SÓ USAMOS EM CASO DE VTI. O CORRETO É "RESPEITÁ-LOS";

    3.QUANTO À ATRAÇÃO DO PRONOME OBLÍQUO, O USO ESTÁ CORRETO, PORQUE O "QUE" É FATOR DE PRÓCLISE. ENTRETANTO, O VERBO CONSTITUIR É TRANSITIVO DIRETO E, POR CONSEQUÊNCIA, NÃO SE USA "LHES", MAS SIM "OS CONSTITUI".

    B) Ao ver os nativos, os colonizadores lhes julgam como crianças amorais e supersticiosas, imputando-as uma extrema ingenuidade.

    1."JULGAR" VTD. QUEM JULGA, JULGA ALGUÉM, SEM PREPOSIÇÃO. O CORRETO É "OS COLONIZADORES OS JULGAM...".

    2.ALÉM DISSO, O VERBO IMPUTAR É VTDI: QUEM IMPUTA, IMPUTA ALGO A ALGUÉM. COMO EM "UMA EXTREMA INGENUIDADE" JÁ NÃO POSSUI UMA PREPOSIÇÃO, O VERBO DEVERIA ESTAR PREPOSICIONADO. PORTANTO: "IMPUTANDO-LHES UMA EXTREMA INGENUIDADE." É O CORRETO.

    C) Diante dos nativos, os colonizadores consideram-nos incapazes de constituir uma cultura equivalente àquela dos europeus.

    D) A cultura europeia, de cuja os colonizadores tanto se orgulham, tem pouco a ver com a dos nativos, que também lhes vangloriam.

    1."CUJA OS" NÃO EXISTE. O PRONOME RELATIVO "CUJO(A)" NÃO ATRAI QUALQUER ARTIGO. O CORRETO É "DA QUAL..."

    2."VANGLORIAR" É VERBO TRANSITIVO DIRETO, NÃO PEDE PREPOSIÇÃO. NÃO PERMITE O PRONOME OBLÍQUO "LHES", MAS SIM "A VANGLORIAM" (VANGLORIAM A CULTURA).

    E) Se afastando dos valores de uma cultura, acaba-se por desconsiderá-la a importância que ela deve ter a partir de si mesma.

    1.NUNCA SE INICIA UMA FRASE COM PRONOME OBLÍQUO. O CORRETO É "AFASTANDO-SE..."

    2."LA" JÁ É UM OBJETO DIRETO. NÃO HAVIA NECESSIDADE DE TER UM OUTRO OBJETO DIRETO (A IMPORTÂNCIA)

  • REESCRITAS CORRETAS:

    a) Ainda que não se atenham aos princípios que regem a cultura nativa, os colonizadores deveriam respeitá-los na diferenças que os constitui.

    b) Ao ver os nativos, os colonizadores os julgam como crianças amorais e supersticiosas, imputando-lhes uma extrema ingenuidade.

    c) GABARITO. Obs.: o "nos" é OD, é usado no lugar de "os" porque o verbo termina em "m".

    d) A cultura europeia, de que os colonizadores tanto se orgulham, tem pouco a ver com a dos nativos, que também os vangloriam.

    e) Afastando-se dos valores de uma cultura, acaba-se por desconsiderar-lhe a importância que ela deve ter a partir de si mesma.

    A FCC costuma trocar objeto direto por objeto indireto e vice-versa pra lhe confundir!

  • Verbos terminados de formas nasais: EM, AM, ÕE e ÕEM,

    devem ser substituídos por NO, NA, conforme o gabarito.

  • Os dois erros da assertiva D:

    A cultura europeia, de cuja os colonizadores tanto se orgulham, tem pouco a ver com a dos nativos, que também lhes vangloriam.

    NUNCA coloque "cujo os". "Cujo" não pode ser antecedido de artigo

    → Quem vangloria, vangloria alguém, mas quem é esse "alguém"? Pergunte ao verbo: vangloria quem? A cultura dos nativos. O correto é "que também A vangloriam.

    Correção:

    A cultura europeia, de que os colonizadores tanto se orgulham, tem pouco a ver com a (cultura) dos nativos, que também a vangloriam

  • Gabarito: C

    Principais Regras de Colocação Pronominal:

    1- Início de frase usa-se a próclise. Ex: Dar me um garfo.

    2- Verbo no particípio usa-se a próclise. Ex: Tenho te procurado sempre.

    3- Verbo no futuro usa-se a mesóclise. Ex: Dar-te-ia um garfo.

    4- Palavra atrativa como "que, nunca, não, jamais, sempre etc" atrai para a próclise. Ex: Não se achar.

    5- Verbo no gerúndio usa-se a ênclise. Ex: Estou fazendo me de bonito.

    6- Sujeito expresso e próximo ao verbo poderá usar a ênclise ou próclise (facultado)

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