Stuart Hall (1978) descreve que a notícia é o resultado final de um processo complexo que lança mão de critérios de escolha e seleção, que são os ditos critérios de noticiabilidade. (Fonte 1). Nesse sentido, segundo explica Stuart Hall (1981), os valores-notícia “configuram um dos mais ‘opacos arcabouços de sentido’ da sociedade moderna; um tipo de ‘estrutura profunda’ que não se faz transparente nem mesmo aos seus próprios operadores: os jornalistas." (Fonte 2).
Fonte 1: fhttps://portalrevistas.ucb.br/index.php/AIS/article/download/9192/5518
Fonte 2: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-2511-1.pdf
Stuart Hall foi professor de sociologia e investigador do Centro
para Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham,
Inglaterra. Em seu trabalho defende que a cultura deixou de ser singular e assumiu
um sentido plural, desdobrando-se em culturas, sendo fortemente influenciada
pelos meios de comunicação.
Por meio da análise das mensagens veiculadas nos media, o
autor dividiu o processo comunicativo em quatro etapas: produção, circulação,
distribuição/consumo e reprodução. Segundo Hall (1973), “as notícias que impactam
os indivíduos são uma articulação de sentidos não inocentes, carregados de
significado e simbolismo". Tais mensagens, transmitidas pelos meios de
comunicação, funcionam como matrizes que moldam a conduta e a identidade
cultural das pessoas.
Vamos analisar as alternativas:
A)
Errado.
Uma das funções do jornalismo é servir de vigilância, e não como braços,
dos poderes constituídos.
B)
Errado. A existência de
lapsos temporais na rede noticiosa não foi algo estudado por Hall, mas pela
Teoria Interacionista. De acordo com Traquina (2020), as empresas jornalísticas
precisam lidar com a ordem no tempo e a rede noticiosa também tem lapsos
temporais, ou seja, é esperado que os fatos com valor -notícia ocorram durante o
expediente normal das organizações jornalísticas.
C)
Errado. Para Hall (1984),
os valores - notícia assumem que a sociedade dá evidência ao consenso, e não ao
conflito.
D)
Certo. Para Hall (1981), os
valores -notícia são um mapa cultural e “configuram um dos mais 'opacos
arcabouços de sentido' da sociedade moderna; um tipo de 'estrutura profunda'
que não se faz transparente nem mesmo aos seus próprios operadores: os
jornalistas".
E)
Errado. Hall (1999) defende
que algumas fontes, como as fontes poderosas (definidores primários de tópicos
ou
primary definer) detêm posições privilegiadas, elevado status
social, e influenciam os jornalistas a construírem notícias para legitimar e
reproduzir as relações de poder presentes na sociedade. Essas fontes, no
entanto, não são o fator de destaque na produção de notícias.
Com base nessas explicações, podemos concluir que a
alternativa
certa é a D.
Gabarito do professor: Alternativa D.
Bibliografia:
- Hall, Stuart. Encoding and Decoding in the Television
Discourse. Birmingham: Universidade de Birmingham, 1973.
- Hall, Stuart. The determination of news photographs. In:
COHEN, Stanley e YOUNG, Jock (Orgs.). he manufacture of news: social problems,
deviance and the mass media. Bevery Hills: Sage, 1981.
- Hall S. The narrative construction of reality: an
interview with Stuart Hall. South Rev. 1984. Disponível em
https://www.academia.edu/34971009/Stuart_Hall_The_Narrative_Construction_of_Reality_1984_.
Acesso: Abril de 2021.
- Hall, Stuart et al. A produção social das notícias: o
mugging nos media. In: TRAQUINA, Nelson (org.). Jornalismo: questões, teorias e
“estórias". 2. ed. Lisboa: Vega, 1999, p. 224-248.
- Traquina, Nelson. Porque as notícias são como são. Insular
Livros. 2020.