SóProvas


ID
3106069
Banca
FCC
Órgão
SANASA Campinas
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

1.      A bela cidade de Praga é um monumento a Franz Kafka, o mais ilustre de seus escritores. Toma todo um dia visitar as esculturas a ele dedicadas, as casas onde viveu, os cafés que frequentava.

2.      Comove-me ver, no Museu Franz Kafka, sua Carta ao Pai, que nunca enviou. Essa longa carta foi a primeira coisa que li dele. Eu me dava muito mal com meu pai, de quem tinha medo, e me identifiquei com o texto desde as primeiras linhas, sobretudo quando Kafka acusa seu progenitor de ter feito dele um homem inseguro, desconfiado da sua própria vocação.

3.      Recém-formado, Kafka começa a trabalhar numa companhia de seguros, afirmando que esse trabalho matará sua vocação; como poderia chegar a ser um escritor alguém que dedica tantas horas a um afazer alimentício? Todos os escritores se fizeram perguntas parecidas. Mas este fez o que a maioria deles não faz: escrever em todos os momentos livres que tinha, e, embora tenha publicado pouco em vida, deixar uma obra de longuíssimo fôlego.

4.      Nada me parece mais triste que alguém que, como Kafka, foi capaz de escrever tantos livros jamais tenha sido reconhecido enquanto vivia, e só postumamente se notasse que foi um dos grandes. O pedido a seu amigo Max Brod para que queimasse seus inéditos revela que acreditava ter fracassado como escritor, embora talvez restasse alguma expectativa otimista, porque, do contrário, ele mesmo os teria queimado.

5.      A propósito de Max Brod, um dos poucos contemporâneos que acreditavam no talento de Kafka, há agora uma retomada dos ataques que já lhe fizeram no passado. Que injustiça! O mundo deveria estar grato a Max Brod, por ter, em vez de acatado a decisão do amigo a quem admirava, salvado para os leitores do futuro uma das obras mais originais da literatura.

6.       Hermann Kafka, o destinatário da carta que seu filho nunca lhe enviou, não teve contato nenhum com a literatura. Dedicou-se ao comércio, abrindo lojas que tiveram certo êxito e elevaram os níveis de vida da família.

7.       O melhor amigo de Kafta foi sem dúvida Max Brod, que, naqueles anos, já havia publicado alguns livros. Foi um dos primeiros a perceber o gênio do escritor e o estimulou sem trégua a acreditar em si mesmo, algo que efetivamente ocorreu, pois Kafka, quando escrevia, perdia a insegurança da qual sempre padeceu e se tornava um insólito inventor de pessoas e histórias.

       (Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. 19/5/19. Disponível em: brasil.elpais.com

Está correta a redação do livre comentário que se encontra em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    A) Ao esmiuçar sua insegurança, Kafka afirmou que nenhuma das coisas e pessoas que conhecia lhes inspiravam confiança, a não ser a terra em que pisava. ? o correto seria usar o "lhe", equivalendo "nele", retomando o termo "Kafka".

    B) A opção de escrever em todos os momentos disponíveis, como fizera Kafka, são poucos os escritores que adota. ? o pronome relativo "que" retoma um termo no plural "escritores", logo o correto seria o verbo estar flexionado no plural "adotam".

    C) Deve ter havido expectativas otimistas de Kafka em relação a sua obra, uma vez que não foi capaz de queimar seus escritos inéditos. ? correto.

    D) Na cidade de Praga, encontra-se, em diversos lugares, turistas que tiram fotos e compram livros e recordações de Kafka. ? temos uma voz passiva sintética (se) com o sujeito paciente no plural, logo o correto seria: encontram-se turistas...; turistas são encontrados.

    E) A indagação de que mais horas do dia deveriam ser dedicados à escrita costumam acompanhar os escritores. ? mais horas... dedicadas.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! Não importa o quão devagar você vá, desde que não pare.

  • A crase antes de pronomes possessivos femininos é facultativa????

  • ARLENA, SIM, É FACULTATIVA.

    CASOS FACULTATIVOS DA CRASE:

    -DEPOIS DA PREPOSIÇÃO ATÉ.

    -ANTES DE PRONOMES POSSESSIVOS FEMININOS NO SINGULAR.

    -ANTES DE NOMES PRÓPRIOS FEMININOS.

    OBS: ANTES DE PRONOMES POSSESSIVOS NO PLURAL, O USO DA CRASE É OBRIGATÓRIA.

    ESPERO TER AJUDADO!!

  • O verbo "Haver", quando indica existência ou acontecimento ou ocorrência, é impessoal, devendo permanecer sempre na terceira pessoa do singular:

     graves problemas financeiros no país.

    Havia graves problemas financeiros no país.

    Sempre houve graves problemas financeiros no país.

    Parece haver graves problemas financeiros no país.

    Deve ter havido graves problemas financeiros no país.

    Não se pode, no entanto, afirmar que o verbo “haver” nunca vai para o plural. Ele pode, por exemplo, desempenhar a função de verbo auxiliar (que indica pessoa, tempo e modo verbal; sinônimo de “ter” nos tempos compostos). Nesse caso, o verbo é conjugado no plural.

    Eles haviam chegado cedo.

    Eles tinham chegado cedo.

    Além disso, como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”, “considerar”, “lidar”, ainda que esses usos sejam menos recorrentes:

    Houveram (= “obter”)  do juiz a comutação da pena (sujeito: “comutação da pena”).

    Nós o havemos (= “considerar”) por honesto. (sujeito: “nós”)

    Os alunos houveram-se (= “lidar”) muito bem nos exames. (sujeito: “os alunos”)

  • Para responder a esta questão, é preciso atentar-se à concordância e regência para manter a coesão e a estrutura gramatical de acordo com as regras gramaticais.

    ALTERNATIVA (A) INCORRETA - Esta assertiva não corresponde à norma-padrão por haver desvio de concordância e regência. Vejamos:

    ·         O pronome pessoal oblíquo átono “lhes" está flexionado erradamente no plural, deveria estar no singular por se referir ao termo “Kafka". Coisas e pessoas que Kafka conhecia inspiravam confiança a ele, ou seja, ao Kafka. Se o referente está no singular, a referência (lhe) também deve estar.

    ·         Há desvio de regência com o verbo “pisar", segundo a norma-padrão, o verbo pisar é transitivo direto, dispensando a preposição “em". Não é “a terra em que pisava", mas “a terra que pisava".

    ALTERNATIVA (B) INCORRETA - O fato de o período estar em ordem inversa não compromete a redação, o que ocorreu neste período foi o desvio de concordância verbal. O verbo “adotar" não está concordando com o seu sujeito (os escritores), o qual está na oração principal. Passando para a ordem direta, teríamos: “Poucos são os escritores que adotam a opção de escrever em todos os momentos disponíveis, como fizera Kafka." Perceba que o sujeito da oração subordinada adjetiva (que adotam a opção de escrever em todos os momentos disponíveis) se encontra na oração anterior, e o pronome relativo “que" se refere ao substantivo anterior (os escritores) a fim de evitar sua repetição.

    ALTERNATIVA (C) CORRETA - A redação está gramaticalmente correta. O verbo “haver" no sentido de existir, acontecer, ocorrer é impessoal e não deve ser flexionado no plural, apenas na 3ª pessoa do singular, o mesmo ocorre quando ele é verbo principal de uma locução verbal tal como na assertiva.

    A expressão “em relação a sua obra" poderia vir ou não com o acento de crase, pois diante de pronomes possessivos devemos observar o seguinte: se o substantivo feminino estiver explícito na frase -  como ocorre nesta assertiva -, o acento de crase será facultativo, uma vez que o artigo definido também o será. No entanto, se o substantivo estiver oculto, o acento de crase será obrigatório.


    ALTERNATIVA (D) INCORRETA - Há desvio de concordância verbal em encontra-se, em diversos lugares, turistas..."


    Sempre que houver um verbo na 3ª pessoa + a partícula SE, verificar a predicação deste verbo. Se for transitivo direto, haverá um sujeito e o verbo deve concordar com ele, sendo a partícula SE apassivadora. Se o verbo for transitivo indireto ou intransitivo ou transitivo direto com objeto direto preposicionado ou for verbo de ligação, o sujeito será INDETERMINADO e o verbo fica na 3ª pessoa do singular, sendo a partícula SE índice de indeterminação do sujeito.


    Exemplos:

    Na cidade de Praga, encontram-se, em diversos lugares, turistas que tiram fotos e compram livros e recordações de Kafka. 


    Necessita-se de funcionários especialistas em Tecnologia da Informação.


    No primeiro caso, o verbo “encontrar" é transitivo direto concordando com o sujeito passivo “turistas que tiram fotos e compram livros e recordações de Kafka".


    No segundo caso, o verbo “necessitar" é transitivo indireto; e o sujeito, indeterminado. O verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular, mesmo que o núcleo do objeto indireto esteja no plural.


    ALTERNATIVA (E) INCORRETA - Há desvio de concordância com o verbo auxiliar “costumam". Fazendo-se a seguinte pergunta para achar o sujeito: “O que costuma acompanhar os escritores?", teremos a resposta: “A indagação de que mais horas do dia deveriam ser dedicados à escrita". Percebe-se que o núcleo do sujeito “indagação" está no singular, portanto o verbo auxiliar “costumar" deveria estar na 3ª pessoa do singular.


    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (C)