Maria de Lourdes Monaco Janotti é professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, desde 1964. É livre docente e a sua linha de pesquisa é voltada para a História Politica.
A história política tradicional era vista e percebida pelos historiadores da Nova História como uma história factual e produzida para a exaltação da elite. As suas fontes históricas são basicamente os documentos com datas, biografias e narrativas de heróis aos moldes de modo similar a história oficial dos vencedores.
A Nova História pretende que outros grupos sociais sejam observados , os movimentos sociais analisados e o homem seja encarado como o objeto principal da história, como o agente de transformação do espaço social.
A História Política, a partir da década de 1970, começou o seu processo interdisciplinar. De acordo com Peter Burke, a história politica passou a se preocupar com o elemento social na política e com o elemento político na sociedade. Dessa forma, a Nova História Politica estará permeada de elementos sociais e permitirá a compreensão dos espaços que eram desconhecidos e compreender o cotidiano através da relação entre o poder e a sociedade.
Segundo Francisco Falcon, “O estudo político vai compreender a partir daí não mais apenas a política em seu sentido nacional, mas, em nível das representações sociais e coletivas, os imaginários sociais, a memória ou memórias coletivas, as mentalidades, bem como as diversas práticas discursivas associadas ao poder."
A resposta da questão depende do conhecimento acerca da diferença entre história política e Nova história política. As indicações bibliográficas pertinentes de serem sugeridas para a resolução dessa questão, são: o artigo exposto na questão, o artigo de Francisco Falcon no Livro Domínios da História e o livro “A Escrita da História" de Peter Burke
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A) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta, pois ela descreve o posicionamento da História Política antes da década de 1970. Os objetos dessa história política são as biografias, datas, documentos oficiais e narrativas de heróis. Esta história investia em uma análise factual e pertencente ao grupo dominante nas atividades políticas.
B) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta, pois a proposta atual da Nova História Política é englobar os elementos sociais e culturais e entender estas representações sociais e coletivas como práticas discursivas associadas ao poder político. Dessa forma, explica-se os grandes processos históricos.
C) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta, pois a descrição da questão está se referindo a História politica anterior a década de 70 quando a preocupação estava centrada no Estado e nas suas instâncias sendo que o elemento social não fazia parte da análise política. Esta história se preocupava com a instituição Estado e os indivíduos a ela pertencentes.
D) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta, porque esta proposta atual de História Política é dotada de interdisciplinaridade. A Antropologia e a Sociologia fornecem ferramentas de análise para a introdução do elemento social na História Política e, como as suas ações e representações constituem uma ação política. Portanto, parte integrante desta nova visão de sociedade e de indivíduos que compõe e explicam a origem do Estado.
E) CORRETA – Esta afirmativa está correta,. Para Braudel o tempo histórico deve ser compreendido em toda a sua pluralidade e totalidade. Dessa forma, a teoria braudeliana de pequena, média e longa duração permitiria a compreensão das estruturas e superestruturas presentes na história das instituições e de seus indivíduos. O tempo passado seria “desacelerado" e assim perderia o seu aspecto linear e monolítico fazendo com que se compreenda um ato isolado tal qual um golpe de Estado ou um regime político longevo.
Gabarito do Professor: Letra E.