SóProvas


ID
3129484
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Serrana - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        Uma amiga me disse que em alguns cursos da Universidade de Princeton o celular e o iPad foram proibidos porque os estudantes filmavam e fotografavam as aulas, ou simplesmente brincavam com joguinhos eletrônicos. A proibição do uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula numa das maiores universidades dos Estados Unidos e do mundo não é nada desprezível. O celular na palma da mão desconcentra o estudante e abole uma prática antiga: a caligrafia.
      Dos milenares hieróglifos egípcios gravados em pedra e palavras escritas em pergaminho à mais recente prescrição médica, a caligrafia tem uma longa história. Mas essa história – que marca uma forte relação da palavra com o gesto da mão – parece fenecer com o advento do minúsculo teclado e sua tela.
        Lembro uma entrevista radiofônica com Roland Barthes, em que o grande crítico francês dizia que as correções das provas tipográficas dos romances de Balzac pareciam fogos de artifícios. É uma bela imagem do efeito estético da caligrafia no papel impresso, da relação do corpo com a escrita, as letras que vêm da mão, e não da máquina. Quando pude ver essas páginas numa exposição de manuscritos, fiquei impressionado com a metáfora precisa de Barthes, e admirado com a obsessão de Balzac em acrescentar, cortar e substituir palavras e frases, e alterar a pontuação, como se a respiração e o tempo da leitura fossem – como de fato são – importantes para o ritmo da escrita.
       Mas há beleza também na caligrafia torta e hesitante de uma criança, numa carta de amor escrita a lápis ou à tinta, na mensagem pintada à mão no para-choque de um caminhão, nas paredes de banheiros públicos, no muro grafitado da cidade poluída, nada impoluta.
       Na mão que move a escrita há um gesto corporal atávico, um desejo da nossa ancestralidade, que a maquininha subtrai, ou até mesmo anula. Ainda escrevo alguns textos à mão, antes de digitá-los no computador. No trabalho diário de um jornalista, isso é quase impossível, mas na escrita de uma crônica, pego a caneta e o papel e exercito minha pobre caligrafia.
(Milton Hatoum. “Linguagem da mão”. https://oglobo.globo.com, 11.08.2017. Adaptado)

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, encontra-se corretamente reescrito o trecho:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    A) É por meio da mão, instrumento da escrita, que se manifestam um gesto, já observado em nossos ancestrais e que é subtraída ou até mesmo anulada pelo celular. ? o quê se manifesta? Um gesto se manifesta e não "manifestam".

    B) Pode desconcentrar o estudante os aparelhos eletrônicos quando esses não são proibidos nas salas de aulas das escolas e universidades. ? sujeito posposto ao verbo, frase na ordem direta, colocando em ordem direta: Os aparelhos eletrônicos PODEM desconectar (sujeito simples com núcleo no plural).

    C) A longa história da caligrafia vai desde os milenares hieróglifos esculpido em pedra até um manuscrito mais moderno, como uma prescrição médico. ? o correto é "esculpidos", concordando com o substantivo a que se refere, o qual está no plural: hieróglifos.

    D) Para exercitar a caligrafia, pego uma folha e uma caneta e os uso para escrever crônicas. Já as notícias são escritas diretamente no computador. ? o pronome oblíquo se refere a dois substantivos que estão no feminino, logo o correto é "as" (as uso ? folha/caneta).

    E) É possível admirar-se com os manuscritos de Balzac, encontrados numa exposição dedicada especialmente a esse tipo de produção. ? correto, sujeito oracional, dessa forma, concordância é feita no singular (ISSO é possível).

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